Foram entregues, na manhã de ontem, as primeiras Cadernetas de Vacina em Braille, destinadas a pessoas cegas ou com deficiência visual. Lançado no último mês de agosto, o projeto é mais uma ação de inclusão realizada pelo Governo do Estado por meio da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde. A entrega ocorreu na Unidade de Saúde Siqueira Campos, no município de Cabedelo.
Foram entregues cinco Cadernetas de Vacinação em Braille para usuários que se dispuseram a participar do projeto. Para Hanna Pachu, coordenadora da Imprensa Braille do Jornal A União, a independência e autonomia vacinal para as pessoas com deficiência visual é o grande objetivo do projeto. “Como esse é o projeto-piloto, vamos avaliar o material a partir da experiência dos usuários e dos agentes de saúde e fazer as atualizações, ajustes e modificações que forem necessárias.”
Cadernetas de Vacina buscam dar mais autonomia para as pessoas cegas ou que têm baixa visão
William Costa, diretor de Mídia Impressa da EPC, afirmou, durante a entrega dos cartões, que o próximo passo é fazer os ajustes necessários a partir das considerações, tanto dos usuários, quanto dos técnicos e agentes de saúde que irão trabalhar diretamente com esse público. “Essa parceria é muito importante, porque as sugestões vindas dos usuários vão ajudar a aprimorar as cadernetas, para que elas sejam distribuídas de maneira que possam atender ao maior número de pessoas possível”, ressaltou o diretor.
De acordo com Milena Vitorino, técnica do Núcleo de Imunização da Secretaria de Estado da Saúde, a elaboração do Cartão em Braille foi uma ação conjunta entre as equipes de Imunização do estado com a Imprensa Braille da EPC. “Desde o início, estivemos juntos na construção desse cartão para o melhor acesso a essa população. Conseguimos implementar Cabedelo como o município piloto, por ser próximo e com um bom acesso”, afirmou.
Inclusão
Kaline Modesto Benvinda é psicopedagoga e uma das usuárias a receber a Caderneta de Vacinação em Braille. Para ela, essa é mais uma ferramenta de independência para pessoas cegas ou com deficiência visual. “Isso é muito importante porque a gente não se torna dependente. Porque, por exemplo, eu não tenho a visão, mas eu tenho o meu tato, eu estudei em Braille, então eu tenho toda a capacidade de ter as minhas informações da maneira que eu aprendi”, afirmou.
Outro usuário a receber a Caderneta de Vacinação em Braille, Jaderson Gomes já começou a atualizar o documento e considera a experiência enriquecedora. “Traz mais uma política de inclusão para a sociedade e faz com que as pessoas que não tenham deficiência, tenham ciência que nós estamos exercendo nossos direitos”, disse Jaderson, enfatizando a necessidade de ouvir as sugestões e apontamentos dos usuários. “Nesse projeto, somos nós, a população com deficiência visual, quem vai avaliar o que pode ser melhorado. Isso que vem sendo feito, essa escuta, é essencial”, finalizou.
A coordenadora de Imunização do Município de Cabedelo, Giuliana Fernandes Costa, explicou que esse projeto é um resgate, tanto dos usuários, quanto da credibilidade do processo de vacinação. “Estamos conseguindo resgatar usuários que estavam com algumas de suas vacinas atrasadas e essa é mais uma forma de ampliar nossa cobertura e incluir essa população nesse processo. Isso deve ser celebrado especialmente depois que fomos tão barrados pelo negacionismo. O resgate dessa credibilidade é extremamente importante, ainda mais por fazer essa inclusão”, concluiu.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 15 de dezembro de 2023.