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Cães de rua são mapeados no Centro

publicado: 08/10/2024 08h33, última modificação: 08/10/2024 08h33
Depois da reclamação de “ataques” de uma matilha, Centro de Zoonoses faz busca por animais que vivem no local
Cachorros © Ortilo Antonio_Arquivo A Uniao.JPG

Cachorros de rua são identificados como “comunitários” (que são cuidados por várias pessoas) e “errantes” (sem guarda definida) | Foto: Ortilo Antonio/Arquivo A Uniao

por Emerson da Cunha*

Nos últimos dias, vídeos com uma série de registros de possíveis “ataques” de uma matilha de cerca de 10 cães na Lagoa do Parque Solon de Lucena viralizaram entre os pessoenses e chamaram a atenção da população. Na sexta-feira passada (4), o Centro de Zoonoses da capital iniciou uma ação para identificar o que ocorria. Segundo o órgão, tratava-se de uma fêmea em período fértil que atraía cachorros de um raio de até 1 km — ou seja, não apenas da Lagoa, mas de áreas próximas, como Ponto de Cem Réis, Mercado Central e Terminal Rodoviário. A operação identificou a cadela, que, no mesmo momento da ação, ficou sob a responsabilidade de uma adotante interessada, que garantiu a vacinação e a castração do animal.

Na sequência da operação, os cães machos passam, agora, por mapeamento para serem identificados como “comunitários” — aqueles que, mesmo morando na rua ou em feiras, são cuidados por comerciantes, ambulantes ou pessoas em situação de rua — e “errantes”, aqueles que não têm guarda definida e vivem transitando entre as ruas, sem fixação em algum local. Nesse caso, identificados os comunitários, é feito o contato com a tutoria comunitária, que pode ser de até mais de uma pessoa, para vacinação e castração, com retorno posterior para o local onde vivem, a partir do qual serão monitorados pelo órgão. No caso dos errantes, o caminho é o resgate ao Centro de Zoonoses, para vacinação e castração, caso necessário — e, posteriormente, a disponibilização para adoção responsável.

De acordo com Pollyana Dantas, diretora do Zoonoses, o incidente na Lagoa foi pontual e inesperado, uma vez que o órgão já acompanha a situação dos animais no local, atuando com os comerciantes e a coordenação do espaço — assim como de outros pontos, como a orla e os mercados públicos. “Naquele caso, nem todos os cães vivem na Lagoa. São animais que migram, também. Não é que eles se juntaram para agredir alguém; eles estavam lá por causa da cadela no cio. Qualquer reação pode acontecer se alguém, por alguma razão, tentar se aproximar da cadela. Essa reação é muito mais para proteger a cadela e se proteger. E, na verdade, não houve nenhuma denúncia”, explicou.

A diretora disse ainda que o mapeamento dos machos levará de quatro a cinco dias, no mínimo, pois é preciso mapear não apenas a Lagoa, mas todas as áreas ao redor, já que muitos cachorros também migram e passeiam por esses espaços. “Vamos ao Ponto de Cem Réis, ao Mercado Central, ao Terminal de Integração e à Rua Santo Elias. Ali, há muitas pessoas em situação de rua. Aonde eles vão, os animais vão também. Para não corrermos o risco de recolher um animal que tem tutor e causar algum mal-estar, precisamos fazer um trabalho minucioso e conhecer bem o ambiente”, observou.

Serviços

O Centro de Zoonoses também recebe outros casos, como o de animais com adoecimento extremo de leishmaniose e esporotricose, além de casos judicializados, como o que ocorreu em setembro deste ano, com o fechamento de um canil clandestino onde havia mais de 40 animais. “Os judicializados não vão diretamente para a adoção. Primeiro, passam por quarentena, enquanto o processo transcorre em juízo. Só depois da liberação judicial, eles podem ser adotados”, esclareceu Pollyana. Segundo ela, no caso desse canil, os animais encontrados — muitos deles ainda filhotes — estão em tratamento e reabilitação, pois estavam com muitos fungos e problemas graves na pele. Em seguida, eles passarão por castração.

Pollyana acrescentou que, em casos assim, a reversão de guarda (ou seja, o retorno ao local em que os animais viviam antes) não é comum. Na maioria das vezes, o centro ganha a tutela. Quando isso ocorre, o animal é imediatamente disponibilizado para adoção, por meio de um banco de dados de pessoas que querem adotar. “Também nos esforçamos para inserir o animal numa família mais compatível com o seu comportamento. Por exemplo, um que é mais ativo vai para famílias cheias de atividades; o que é mais quietinho vai para quem é mais calmo e tranquilo, e assim por diante”, finalizou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de outubro de 2024.