Até as 17h de ontem, foram registradas 307 ocorrências pela Polícia Militar da Paraíba (PMPB), com 38 pessoas presas em flagrante delito e conduzidas a delegacias de polícia e mais de R$ 50 mil apreendidos, segundo informações da Operação Voto Seguro 2024, realizada pelas forças militares do Governo do Estado. No geral, os principais colégios eleitorais, João Pessoa e Campina Grande, tiveram pleitos tranquilos, sendo os municípios do interior do estado os que mais registraram crimes eleitorais.
Em Pombal, o prefeito Abmael de Sousa Lacerda, conhecido como Dr. Verissinho, foi preso por desacato, depois da intervenção da polícia em uma aglomeração em local de votação, provocada pelo gestor. Na cidade de Monteiro, o vereador candidato à reeleição e presidente da Câmara Municipal, Idervaldo Campos Beliz, foi detido por portar material de campanha e dinheiro, além de transportar eleitores de forma ilegal. Já em São José da Lagoa Tapada, quatro familiares de um candidato a prefeito foram detidos com mais de R$ 17 mil, que seriam utilizados para a compra de votos. Foi realizada uma ação de busca e apreensão na casa do candidato.
Houve sete candidatos presos por crimes — tanto eleitorais quanto comuns — nas cidades de Campina Grande, Cuitegi, Araruna, Caaporã, Lucena, Pombal e Bonito de Santa Fé, além de mais nove envolvidos em diversas ocorrências. Fora os candidatos, oito pessoas foram presas por crimes eleitorais. A natureza das ocorrências se distribuíram entre compra ou venda de voto, promoção de concentração de eleitores, propaganda eleitoral irregular, calúnia eleitoral e desordem prejudicial à eleição.
“Consideramos a eleição bastante sossegada, em que pese o número de ocorrências ter sido maior que na última eleição. Os maiores problemas aconteceram no interior do estado, nas cidades menores, onde o clima de acirramento político era maior”, disse o coordenador da operação, coronel Ronildo Sousa.
Miscelânea
Na capital paraibana, um homem agrediu eleitores e foi contido pela PMPB. Em Santa Rita, outro foi conduzido por portar fantasia de jacaré e fazer boca de urna. Em Bayeux, Cajazeiras, Coremas e Bonito de Santa Fé, eleitores foram presos por fotografar ou filmar o voto com o celular, o que é proibido. Em Conceição, um candidato a vereador foi detido pela polícia, por distribuir santinhos próximo a um local de votação. Em Sousa, um homem foi preso com adesivos, santinhos e cerca de R$ 2 mil em dinheiro. Em Sapé, foram pegos um grupo de eleitores, por “derrame” de santinhos em rua com seção eleitoral, e um homem que fazia transporte irregular de eleitores. Em Água Branca, um homem foi detido com R$ 3,4 mil em espécie, perto de um ponto de votação. Em Santa Luzia e em Princesa Isabel, uma mulher e um homem foram presos, respectivamente, por fazer boca de urna. Em Marizópolis, dois homens — um deles candidato a vereador — foram conduzidos à delegacia por entregar santinhos. Em Patos, uma mulher foi detida por propaganda em local de votação.
Operação
A Operação Voto Seguro 2024 contou com mais de nove mil policiais militares, com reforço da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros Militar e do efetivo do sistema prisional, atuando em mais de 1,8 mil locais de votação, além do policiamento ostensivo e preventivo. O efetivo também atuou em apoio à Justiça Eleitoral, assegurando a ordem pública e a proteção da população durante o pleito.
Ainda ontem, em visita ao Centro Integrado de Comando e Controle (Cicc) de João Pessoa, que atuou com os centros integrados de Campina Grande e de Patos, o governador João Azevêdo reforçou a atuação da operação. “Todo o nosso sistema esteve à disposição desse momento especial da nossa democracia. Tivemos o controle de todos os locais de seção, com o acompanhamento de ocorrências em tempo real. Contamos com a participação do Exército, da Polícia Rodoviária Federal e de vários outros órgãos. Pela primeira vez, tivemos um sistema integrado ao TRE [Tribunal Regional Eleitoral], o que representou um grande avanço na qualidade da prestação de serviço e na resolutividade dos problemas”, disse.
Para o secretário de Segurança e da Defesa Social, Jean Francisco Nunes, a implementação dos três centros integrados durante o pleito foi um feito histórico. “Essa estrutura nos permitiu acompanhar cada ocorrência de forma imediata, garantindo que as forças de segurança possam responder de maneira ágil e eficaz”, observou.
Além do estado, o Exército, por meio de 750 militares das tropas nacionais, esteve presente entre as forças de segurança que garantiram a tranquilidade e a ordem nos pleitos eleitorais dos municípios de Bayeux, Cabedelo, Fagundes, Itabaiana, Pombal, São Bento e Paulista. “O balanço da atuação do Exército Brasileiro nas operações realizadas nos municípios paraibanos é bastante positivo, tendo tudo ocorrido dentro da normalidade, sem a necessidade de ações mais ostensivas”, destacou o comandante do 1o Grupamento de Engenharia, o general de brigada Alessandro da Silva.
Pardal
As denúncias de propaganda eleitoral no dia da eleição também puderam ser feitas durante o dia de votação, por meio do aplicativo Pardal, disponibilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com as estatísticas do programa, a Paraíba recebeu 1.074 denúncias do tipo. Os cinco municípios com maior número de registros foram Campina Grande (141), João Pessoa (98), Santa Rita (45), Bayeux (43) e Borborema (37). Entre as denúncias, 144 envolveram amplificador de som ou alto-falante; 103, internet; 92, uso de bem público; e 90, outdoors.
Houve 38 pessoas presas em flagrante delito e conduzidas a delegacias; também foram apreendidos mais de R$ 50 mil
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 07 de outubro de 2024.