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greve geral

Campi do IFPB param atividades

publicado: 04/04/2024 08h12, última modificação: 04/04/2024 08h12
Entre as reivindicações da categoria estão reposição salarial e reestruturação do plano de cargos e carreiras
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Campus de Campina Grande foi um dos que aderiram ontem à greve. Sintef-PB informa que comando geral vai se reunir para definir pauta dos próximos dias | Foto: Júlio Cezar Peres

por Paulo Correia e Maria Beatriz Oliveira*

Professores e servidores técnico-administrativos do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) entraram em greve ontem. No estado, são 21 campi e entre as reivindicações estão reposição salarial  e reestruturação do plano de cargos e carreiras da categoria. A greve dos trabalhadores faz parte de uma campanha nacional deflagrada pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).

No campus de João Pessoa, a primeira assembleia geral de greve ocorreu ontem e, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica da Paraíba (Sintef-PB), mais de 200 servidores participaram.

Carlos David de Carvalho Lobão, coordenação-geral do Sintef-PB e membro da direção nacional da Sinasefe, destacou a grande adesão à greve no estado. “Hoje a adesão é muito forte, mas muito além daquilo que nós esperávamos para o primeiro dia de greve, nós estamos com mais de 250 campi parados. Aqui na Paraíba, temos 17 campi que estão paralisados”.

O campus de Campina Grande foi outro que suspendeu as atividades ontem. No início desta semana, professores e servidores do IFPB da Rainha da Borborema se reuniram em assembleia para decidir sobre a adesão à greve nacional das instituições federais e a decisão pela paralisação por tempo indeterminado ocorreu ontem.

Saiba Mais
O Sintef-PB publicou em sua rede social que todos os campi do IFPB estão se organizando em assembleias para formar a eleição dos comandos locais e debater a programação da greve, conforme informou o sindicato. O Sintef-PB divulgou ainda que hoje o comando geral do movimento se reunirá para definir o calendário da greve.

Desde o ano passado, a categoria vinha em negociações com o Governo Federal para alcançar as seguintes reivindicações: reestruturação do plano de cargos e carreiras, reajuste salarial de 34,32% para os servidores e 22,71% para os docentes, além da revogação das normas que prejudicaram a educação nacional e que foram aprovadas durante as gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

José Araújo, coordenador do Sintef-PB, afirmou que a greve está sendo o último recurso usado para alcançar o sucesso nas demandas solicitadas ao Executivo. 

“Tivemos que tomar a decisão porque o governo não atendeu às nossas reivindicações. Passamos todo o ano de 2023 negociando para que fossem recompostas as perdas salariais de mais de sete anos, que, para os técnico-administrativos, está em mais de 50% e, para os professores, mais de 30%. Fizemos tudo que foi possível para dialogar com o governo que se colocou à disposição, abrindo mesa de negociação, mas que, infelizmente, na prática, não chegou a tomar decisões que viessem a atender nossos pedidos. Por isso, estamos recorrendo à greve. Lamentamos porque é um instrumento que traz prejuízo para a comunidade. Não era isso que nós queríamos”, declarou o coordenador.

Bárbara dos Anjos é aluna do IFPB e está se formando em Engenharia da Computação. Ela conta que já enfrentou uma paralisação no Instituto Federal quando estudou o curso técnico de Informática e não esperava ter que passar por outra, agora no curso superior.

“Quando eu fiz técnico em Informática, teve uma paralisação no segundo ano, que afetou diretamente os alunos, porque paramos por um mês. Então, o conteúdo que a gente devia ver, nesse período, teve que ser reduzido drasticamente por conta do tempo. Agora, as aulas já foram paralisadas e não existe nenhuma prévia para voltar. Não falam nada sobre o fim da greve, estamos à mercê dos professores. Então, isso prejudica diretamente a aprendizagem dos alunos”, disse a estudante.

Quando perguntada sobre a sua impressão sobre a greve, Bárbara afirmou sentir frustração. “Eu me sinto frustrada porque, querendo ou não, isso afeta o desenvolvimento no curso. Acabamos terminando o curso mais tarde, com os professores correndo para poder terminar logo no tempo previsto. E, quando você olha pela perspectiva dos alunos, a maioria vota em não ter greve, sendo que isso não é ouvido pelo sindicato. É algo meio injusto, porque eles pensam apenas neles e não em nós, alunos”.

Valquíria da Silva, professora de Língua Portuguesa no IFPB de Campina, vê na greve um momento de buscar melhorias para o futuro. “Estamos reivindicando, além das recomposições salariais para professores e técnicos, reajuste do valor das bolsas estudantis, códigos de vagas para realização de concursos futuros, etc. Nós, docentes, acreditamos que o atendimento a essas solicitações vai impactar de forma positiva o dia a dia da comunidade acadêmica, melhorando as condições de trabalho e o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. E, independentemente do tempo de duração da greve, a comunidade acadêmica se reunirá para reorganizar o calendário para que não haja prejuízo no processo de ensino e aprendizagem para os alunos”, declarou a docente.

Em nota, a reitoria do Instituto Federal da Paraíba comunicou que respeita a greve e reconhece validade das reivindicações.

Professores da UFPB aprovam indicativo de greve

O Sindicato dos Professores da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa, (AdufPB) realizou assembleia geral com sua base, ontem, a partir das 10 horas, no campus da capital. A categoria aprovou o indicativo de greve, sem data prevista, e paralisação de 24 horas no dia 17. A proposta de indicativo de greve foi aprovada com 130 votos a favor e 84 contrários.

O secretário geral da AdufPB, Fernando Cunha, disse que as reivindicações são idênticas às da categoria nacional. “A gente apresentou uma proposta de divisão de 22% em três parcelas, 2024, 2025 e 2026, que daria 7,6% em cada ano. O governo apresentou uma proposta que é de 0% em 2024, 4,5% em 2025, 4,5% em 2026 e uma recomposição das gratificações de auxílio de saúde, auxílio creche e auxílio alimentação. Então, o impasse está nessa posição do governo”.

A paralisação prevista para o dia 17 faz parte do calendário de mobilização elaborado pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), que prevê três dias de atividades  (15, 16 e 17) e projeta a Marcha dos Servidores Públicos em Brasília, no dia 17 deste mês.

Servidores

Em greve desde o dia 11 de março, os servidores da UFPB realizaram uma mobilização ontem no campus de João Pessoa. Pela manhã, eles se concentraram em frente ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da universidade, com distribuição de panfletos à população, explicando os motivos da greve. Depois foram para a Reitoria e seguiram em caminhada pela instituição até o Centro de Vivências, onde estava sendo realizada a assembleia dos docentes, para a aprovação do indicativo de greve. Na ocasião, os servidores pediram o apoio dos professores.

Docentes realizaram assembleia na manhã de ontem e ainda definiram uma paralisação de 24 horas para o dia 17 | Foto: Renata Ferreira

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 04 de abril de 2024.