Por mês, são realizados no Centro do Controle de Zoonoses em João Pessoa cerca de 150 exames de sangue em animais com suspeita de leishmaniose visceral, conhecido popularmente como calazar. Desses exames, cerca de 30% são diagnósticos positivos para doença, número considerado dentro da normalidade. “Infelizmente, 90% desses animais são encaminhados para eutanásia porque foram diagnosticados tardiamente, e muitas vezes o tutor não tem condições de fazer o acompanhamento adequado, por isso é importante o diagnóstico a partir dos primeiros sintomas. Mas é preciso deixar claro que não existe um aumento de casos em João Pessoa, o que se ampliou foi o acesso para realização de exames. A leishmaniose é uma doença endêmica, circula o ano todo com volume esperado de casos e óbitos, nada fora da normalidade”, finaliza a médica veterinária Raquel da Costa.
A leishmaniose visceral é uma doença grave, especialmente porque pode levar à morte 90% dos animais infectados. Mais comum em cachorros, o calazar é transmitido por um parasita da família Leishmaniainfantumchagasi, através da picada do mosquito-palha infectado, afetando órgãos como fígado, baço e sistema linfático. Por ser uma doença ‘silenciosa’, o calazar costuma ter um diagnóstico tardio, o que acaba impossibilitando um tratamento que possa garantir o bem-estar do animal e a morte precoce, já que não existe cura para a doença.
De acordo com a médica veterinária Raquel da Costa, é importante que os tutores estejam atentos aos primeiros sinais de contaminação. “Aumento do crescimento das unhas, quando o animal se alimenta bem e permanece magrinho e algumas lesões de pele”, afirma a profissional, lembrando que a orientação principal é levá-lo para que o profissional faça o diagnóstico correto.
“Aqui no Centro do Controle de Zoonoses, nos Bancários, o exame é feito gratuitamente e o resultado geralmente sai no outro dia. Caso dê positivo, nós encaminhamos para um teste específico só para leishmania. Se comprovando a doença, damos as coordenadas sobre o tratamento, acompanhamento e prevenção ao tutor”, disse a médica. Por ser uma doença sem cura, o acompanhamento é essencial para manter a qualidade de vida do animal e baixar sua carga viral para evitar o contágio em outros animais e nos humanos.
“O animal ele não é um vilão, é um vetor, e a única forma de contágio é pela picada do mosquito palha. Eu posso abraçar o meu cão, eu posso conviver perfeitamente com o meu cão se ele tiver leishmaniose, eu não vou me contaminar. De toda forma, ao contrário dos animais, a doença tem cura para os humanos, apesar de ser considerada uma doença grave e causar internação em alguns casos”. A médica reforça que os sintomas em humanos são: perda de apetite, aumento do abdômen, febre e lesões nas extremidades do rosto.
A veterinária lembra que coleiras antipulgas e repelentes protegem contra o mosquito transmissor da leishmaniose, mas é essencial manter o ambiente doméstico limpo, sem acúmulo de lixo, com troca constante de água e comida e se possível, manter o seu animal de estimação dentro de casa durante a noite, pois esse é o momento em que a presença do transmissor é maior. “No mercado veterinário existem coleiras e repelentes. É importante lembrar que o causador da doença é um mosquitinho pequeno e ele é mais presente em regiões de mata”, disse Raquel.
Serviço
O Centro do Controle de Zoonoses fica localizado na Rua Walfredo Macedo Brandão, 100, no bairro dos Bancários. Não é preciso pré- agendar ou marcar a visita, é só chegar com o animal e preencher uma ficha. Além do exame para detectar leishmaniose, no local também funciona posto de vacinação e serviço de castração para cães e gatos. No caso de castração, o agendamento deve ser feito de forma presencial, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 05 de outubro de 2023.