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INSTITUTO DOS CEGOS da pb

Centro é referência em reabilitação

publicado: 06/05/2024 09h33, última modificação: 06/05/2024 09h33
Além de pacientes com deficiência visual, o ICPac atende pessoas com deficiência intelectual e apoia os familiares
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Instituição da sociedade civil é habilitada pelo Ministério da Saúde e recebe recursos públicos | Fotos: Leonardo Ariel
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Presidente do ICPac, Valéria Carvalho: "Quando você trabalha a família, as perspectivas de avanço desse usuário são muito maiores"
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Ana Maria: "Além de pensarem nos serviços de saúde, eles também cuidam das mães"
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Instituição da sociedade civil é habilitada pelo Ministério da Saúde e recebe recursos públicos |Fotos: Leonardo Ariel
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Instituto disponibiliza acompanhamento multidisciplinar e atividades motoras
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por Daniel Abath*

O Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha (ICPac) completa 80 anos de fundação neste mês. Apesar do que sugere o nome, a organização filantrópica de referência no estado não se limita aos atendimentos a pessoas com deficiência visual. A unidade também oferta serviços para crianças com microcefalia e para pessoas com deficiência intelectual,  a exemplo do transtorno do espectro autista.

A presidente do ICPac, Valéria Carvalho, explica que a organização se mantém por meio de parcerias junto ao Poder Público. “Essa é a única Instituição da Sociedade Civil habilitada pelo Ministério da Saúde como Centro Especializado em Reabilitação, um CER”, afirma. Segundo a presidente, recursos do Governo Federal são enviados à administração municipal de João Pessoa, que repassa para a instituição.

  “O Instituto trabalha com cinco pilares: atendimento educacional especializado na área visual; reabilitação visual; reabilitação intelectual; paradesporto; e empregabilidade”, esclarece Valéria Carvalho.

O último pilar mencionado, a empregabilidade, é possível a partir de convênios específicos, como o firmado com o Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran-PB), que emprega 99 pessoas com deficiência encaminhadas pela ICPac. “Também contamos com emendas parlamentares, projetos e convênios com as redes estadual e municipal. É assim que a gente vem crescendo e buscando cada vez mais garantir um atendimento de qualidade à pessoa com deficiência”,  expõe.

Quando você trabalha a família, as perspectivas de avanço desse usuário são muito maiores   --  Valéria Carvalho

Atendimentos

Aproximadamente 230 crianças com deficiência intelectual - na maior parte, crianças com transtorno do espectro autista - são acompanhadas no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha e esperam novas demandas de atendimentos.

Já a média de pacientes com deficiência visual da instituição é de 360 em atendimentos constantes. Além disso, há usuários que são acompanhados a cada 15 dias ou uma vez por mês, a depender da necessidade  individual de passar por consulta com oftalmologista, por exemplo.

A presidente reforça que o atendimento ofertado na unidade é plural. “Atendemos não só às crianças, mas também às famílias. A gente entende que a família é uma extensão desse usuário. Quando você trabalha a família, as perspectivas de avanço desse usuário são muito maiores”, avalia.

Qualidade

Todas as manhãs, é comum encontrar no pátio de atendimento várias mulheres acompanhando os filhos ou filhas em tratamento. É o caso da agricultora Isabel Cristina. Para ela, os serviços prestados pelo instituto foram determinantes para melhorar a qualidade de vida do filho. “Ele faz estimulação visual e terapia ocupacional há sete anos. De lá para cá, meu filho já melhorou muito, e eu gosto muito do atendimento”, conta.

Thais Gama é cuidadora e faz o acompanhamento de uma criança com microcefalia e paralisia cerebral atendida na unidade. Para ela, que vivencia de perto o dia a dia na instituição, a unidade desempenha um papel fundamental para os avanços da criança. “Acho muito importante o serviço que é prestado. Para ele, que tem microcefalia, é necessário. Ele faz terapia com fono [audiólogo], faz estimulação visual e terapia de música”, relata.

A dona de casa Ana Maria é moradora de Lagoa de Dentro. O filho dela tem glaucoma e, desde os três meses, faz acompanhamento na unidade, com estimulação visual.  Para ela, a infraestrutura do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha, faz diferença. “Tudo aqui é maravilhoso. O atendimento, conforto, alimentação. Aqui eles dão lanche, almoço para quem for passar o dia todo. Como sou do interior, muitas vezes eu chego umas seis horas da manhã e não dá tempo de tomar café em casa, e aqui eles disponibilizam. Além de pensarem no serviço de saúde, eles cuidam das mães”, diz.

Além de pensarem nos serviços de saúde, eles também cuidam das mães   --   Ana Maria

Centro incentiva o paradesporto aos pacientes com habilidades

São vários setores envolvidos com a reabilitação: setor de triagem e diagnóstico, com equipe multidisciplinar envolvendo psiquiatras, fonoaudiólogos, psicólogos, assistente social, neuro-oftalmo, especialista em glaucoma. Essa equipe é responsável pelo diagnóstico, ou seja, a afirmativa ou não de que a pessoa possui uma deficiência. O fechamento desse diagnóstico é multidisciplinar e só depois o paciente vai para a reabilitação.

O instituto também disponibiliza aulas de música e atividades motoras, com uma equipe para atender às áreas visual e intelectual. Além de tudo isso, temos o paradesporto, que vai da iniciação, trabalhando a atividade física, até o atendimento a adolescentes e jovens que já se apresentam com habilidades em alguma modalidade de paradesporto.

“Não há limite de idade. Tenho bebezinho com menos de um ano de idade. Na área intelectual não temos atendimento para pessoas mais velhas; o limite é de até 15 anos”, acrescentou Valéria.

Auditório e ginásio

Convênio com o Governo do Estado garantiu um repasse de R$ 584,2 mil e  viabilizou a construção do espaço usado para diversas atividades

A construção do auditório, que tem capacidade para acomodar 100 pessoas, foi viabilizada por recursos repassados pelo Governo do Estado, com um convênio de R$ 584,2 mil. O espaço foi inaugurado em 16 de maio do ano passado e é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de atividades, tanto em nível de planejamento, com reuniões técnicas, reuniões com as famílias ou rodas de conversa.

Já o ginásio do instituto foi inaugurado em 16 de maio de 2021. André Barbosa, diretor administrativo do ICPac, contou que a seleção brasileira vem utilizando o ginásio como espaço de treinamento para as paraolimpíadas de Paris: “A equipe resolveu ficar permanentemente por aqui e está treinando frequentemente no ginásio”, contou.

Segundo a presidente,  Valéria Carvalho, a acessibilidade no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha está garantida. “Hoje nós estamos com um espaço acessível, com piso tátil, placas em braile. O instituto todo está acessível, e tudo isso é recurso de emendas parlamentares”, concluiu.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 05 de maio de 2024.