O trânsito de João Pessoa não estava para brincadeira ontem. O início do ano letivo na maioria das escolas e na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) já seria motivo suficiente para deixar o tráfego de veículos mais lento na cidade. Mas, como se não bastasse, as chuvas intensas, registradas na madrugada de domingo (26) e no início da manhã de ontem, causaram ainda mais transtornos, com alagamentos em alguns pontos da cidade e queda de árvore registrada no bairro do Roger.
Quem precisou se deslocar pela BR-230, no início da manhã, também enfrentou um trânsito mais lento, por causa do deslizamento de terra nas obras da barreira do Castelo Branco, no km 19, logo após o acesso que liga a UFPB à rodovia– no sentido João Pessoa–Cabedelo. Após as fortes chuvas, no domingo, o barro da barreira escorreu para o acostamento e para parte da pista de rolamento, o que exigiu o isolamento da faixa da direita, com passagem restrita, apenas, à faixa da esquerda. A pista foi totalmente liberada por volta das 9h, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Pontos de alagamento também foram registrados nos bairros do Altiplano, Cuiá, Centro, Cristo, Grotão, Manaíra e Tambauzinho, sendo o maior volume de precipitação registrado no Centro, com 82,8 mm; seguido do Cristo, com 78,2 mm, e do Grotão, onde choveu 64,8 mm.
De acordo com a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec-JP), nenhuma ocorrência grave foi registrada pela cidade. “Fizemos visitas aos locais com possíveis alagamentos e detectamos nos bairros da Torre e do Centro, nas proximidades do Distrito Mecânico, ambas ocasionadas pelo lançamento irregular de resíduos sólidos nas vias”, destacou o coordenador do órgão, Kelson Chaves, ao informar, ainda, que o trabalho de monitoramento das áreas de risco foi reforçado para prevenir acidentes e atender a possíveis demandas.
Alagamento
No Centro da cidade, o alagamento chegou a invadir os comércios locais, assustando os comerciantes que chegavam para trabalhar e as pessoas que passavam com veículos. Adriano Galdino, proprietário de uma oficina mecânica, precisou da ajuda dos funcionários para limpar o local e tirar o lixo que foi arrastado pela água. “A gente também desentupiu o bueiro, senão a água não iria diminuir nunca. Aí, como a gente ia trabalhar?”, indagou Adriano.
Ele afirmou, ainda, que os funcionários da oficina precisaram alertar os motoristas que trafegavam pela rua, para evitar que entrasse água no motor. “Um carro que passava aqui na frente apagou na hora. Precisou ser rebocado. Tudo por causa de lixo no lugar errado”, complementou, aproveitando para alertar sobre os prejuízos do lançamento irregular de resíduos. “As pessoas saem colocando lixo por todo canto, e depois reclamam quando tem alagamento. A cidade fica feia, poluída e ainda prejudica quem faz tudo certinho”, concluiu.
Emlur
Por nota, a Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) informou que a coleta de resíduos é feita continuamente durante todo o ano, para prevenir alagamentos decorrentes de descarte irregular de resíduos. O serviço, em apoio à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, é feito em canais, calhas, canaletas, valas e galerias. A atividade consiste na retirada de excesso de vegetação e de resíduos diversos descartados irregularmente para possibilitar a vazão da água das chuvas.
Conforme o superintendente da Emlur, Ricardo Veloso, a água da chuva pode levar os resíduos para os sistemas de drenagem, causando obstrução e aumentando o risco de alagamentos. “Os resíduos podem conter materiais tóxicos ou poluentes, contaminando a água e prejudicando a fauna e a flora. Vale registrar que as equipes encontram plástico, pneus, isopor, roupas e até eletrodomésticos”, pontuou.
O descarte de resíduos em vias ou terrenos de João Pessoa é uma conduta ilícita e punível com aplicação de multa, conforme o Código de Posturas do Município de João Pessoa (Lei Complementar nº 7/ 1995). A punição para a prática é a aplicação de multa de até 400 Unidades Fiscais de Referência (Ufir), o que corresponde ao valor de R$ 19.896, no mês de janeiro.
Contatos
A Defesa Civil funciona 24 horas por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados e, em caso de necessidade, deve ser acionada pelo número 98831-6885 (WhatsApp), pelo telefone 199, ou pelo aplicativo João Pessoa na Palma da Mão, que pode ser baixado gratuitamente nas plataformas Play Store e App Store.
Dnit
Sobre o deslizamento de terra na obra do Castelo Branco, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) garantiu que não havia risco de desmoronamento total da barreira. Em nota, o órgão informou que: “Tais serviços são os últimos a serem executados, pois estão sendo utilizados como caminho de serviço para acesso dos equipamentos e não trazem nenhum risco para estabilidade do equipamento projetado e executado”. Comunicou ainda que a empresa contratada para o serviço realizou a limpeza da via logo após o ocorrido.
Saiba Mais
A Prefeitura de João Pessoa informou que a capital registrou uma média de 67,2 milímetros (mm) de chuvas nas últimas 24 horas — contando do domingo (26) até as 6h de ontem. Mesmo sem ocorrências graves, a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec-JP) reforçou o monitoramento das áreas de risco para verificar possíveis demandas. De acordo com os dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o maior volume de precipitação foi registrado no Centro, com 82,8 mm; seguido do Cristo, com 78,2 mm, e do Grotão, onde choveu 64, 8 mm. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Kelson Chaves, o Cemaden emitiu um alerta sobre Risco de Movimento de Massa Moderado, mas não houve registro. “Continuaremos atentos e, em caso de maiores riscos, informaremos à população”, disse.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de janeiro de 2025.