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Estudo da ANA

Chuvas reduzem área de estiagem na Paraíba

publicado: 25/03/2024 09h09, última modificação: 25/03/2024 09h09
Mudança está relacionada ao abrandamento do fenômeno El Niño, que poderá terminar já em abril

por Andréa Meireles*

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Professor Camilo Farias diz que eventos de seca são previsíveis, sendo possível mitigar efeitos | Foto: Ortilo Antônio

A Paraíba apresentou, no mês passado, 79% do seu território em situação de seca. O índice é alto, mas representa uma redução no comparativo com janeiro, quando o fenômeno alcançou 83% do estado. Os dados são do Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). As chuvas registradas em fevereiro, porém,  mudaram o cenário visto no primeiro mês do ano, quando a situação em parte do estado era de “seca grave”. As precipitações também reduziram as áreas que apresentaram um estágio de “seca moderada”, que passou de 61% para 20%. A condição de fevereiro é a melhor na Paraíba desde setembro de 2023.

O professor de climatologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Ranyere Nóbrega, explica que a redução da área seca no estado está relacionada ao abrandamento do El Niño, uma anomalia na temperatura da superfície do Oceano Pacífico, que afeta a distribuição de altas e baixas pressões em todo o globo terrestre e, consequentemente, afeta os padrões de chuva. “Em alguns locais, como no Nordeste do país, há uma tendência para a diminuição de chuvas devido ao El Niño, o que resultou no agravamento em janeiro. O fenômeno está enfraquecendo e deve terminar no mês de abril”, afirma o doutor em meteorologia.

Cíclicos

De acordo com o professor e pesquisador na área de recursos hídricos da UFCG, Camilo Farias, os eventos de seca são cíclicos e previsíveis, então é possível se precaver para mitigar os efeitos da seca. “Existem duas medidas possíveis, a primeira é com base na ampliação da oferta de água, como a construção de açudes, poços e adutoras. A segunda consiste na gestão da demanda, ou seja, diminuir o consumo do usuário final. As políticas públicas são imprescindíveis para executá-las”, conclui o doutor em Engenharia.

Nordeste

O Monitor das Secas identificou que, entre janeiro e fevereiro de 2024, o Nordeste teve uma redução da área total com seca e passou de 92% para 83%. Segundo o relatório da ANA, esta é a menor área com seca no Nordeste desde agosto de 2023, quando o fenômeno foi registrado em 72% da região.

A situação está mais preocupante em Sergipe, onde a área de seca está em 100% do território. No entanto, devido às chuvas acima da média, houve redução da seca moderada, que passou de 59% para 19%. Segundo o relatório, os impactos são de curto prazo.

Outros dois estados também apresentaram índices elevados na região. A área com seca da Bahia reduziu de 99% para 91%. As chuvas possibilitaram um abrandamento da seca em grande parte do estado, onde não há mais registro de seca grave. Já no Maranhão, a área seca caiu de 97% para 92%. Na unidade federativa, houve o recuo das secas moderada e fraca.

Com relação à severidade da seca, ela está menos intensa nos nove estados do Nordeste. O menor índice de área seca da região foi em Alagoas (58%), com o desaparecimento da seca grave no local e redução da seca moderada, que passou de 31% para 5%.

Saiba Mais

Atualmente, São João do Cariri é o único município paraibano em situação de emergência em decorrência do fenômeno, de acordo com o relatório gerencial de reconhecimento do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. O estado de emergência foi decretado em 25 de janeiro de 2024, no Diário Oficial da União.

* Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 24 de março de 2024.