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Via exclusiva para bicicletas está abandonada há anos; espaço dos ciclistas passará para o canteiro central

Ciclovia da Tancredo Neves: depósito de lixo e estacionamento

publicado: 31/05/2022 09h14, última modificação: 31/05/2022 09h14
Ciclovia na Tranquedo Neves_F. Evandro (9).JPG

Foto: Evandro Pereira

por José Alves*

Mesmo a cidade de João Pessoa tendo atualmente cerca de 90 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, o número não é suficiente para atender aos que se utilizam diariamente de bicicletas como meio de transporte ou lazer. As pessoas que utilizam bicicletas como meio de locomoção correm risco de morte diariamente nas principais avenidas da capital. Na Avenida Tancredo Neves, por exemplo, a ciclovia, que há anos está desativada, sem manutenção e vem servido de depósito de lixo e estacionamento, obriga as pessoas que usam bicicletas a dividir os espaços da avenida com motos, carros e ônibus. A ciclovia da Avenida Tancredo Neves possui 1,6 quilômetro de extensão.

Os trabalhadores que utilizam bicicletas e precisam pedalar pela Avenida Tancredo Neves em direção à orla se dizem prejudicados porque a ciclovia, embora exista, não pode ser utilizada por eles. O ciclista Agrinaldo dos Santos, que trabalha como pedreiro em uma obra na orla, disse estar ciente do perigo que está passando todos os dias, mas não pode simplesmente ficar em casa ou pegar ônibus todos os dias para trabalhar sem comprometer o sustento da família. “Com tanta lama, lixo e carros estacionados na ciclovia, o jeito é pedalar no acostamento da pista com muito cuidado e pedindo a Deus para não ser atropelado”, disse o pedreiro.

Outro trabalhador que reside no Vairro dos Ipês e utiliza sua bicicleta todos os dias para trabalhar, Fernando Alves, disse que já está acostumado e afirmou que a ciclovia da Tancredo Neves há anos apresenta uma série de problemas. “Já vi acidentes acontecerem nessa avenida envolvendo ciclistas porque estavam pedalando na estrada. Mas, mesmo com todo o risco que corremos, não podemos parar. O problema aqui é antigo. Sai prefeito e entra prefeito e ninguém resolve a situação”, desabafou Fernando.

Alguns comerciantes da avenida reconhecem que os ciclistas arriscam suas vidas dividindo o espaço com motos e veículos de um modo geral, mas afirmam que a culpa é da Prefeitura de João Pessoa, que não disciplina nem faz um trabalho de manutenção para que a ciclovia volte a ser realmente uma ciclovia. Um dos comerciantes que não quis se identificar disse que no local deveria haver câmeras, para que todos os condutores que estacionassem seus veículos na ciclovia fossem multados. “O que existe por aqui é muita falta de respeito com o trânsito”, resumiu o comerciante.

O ciclista João Antunes, que utiliza a avenida para ir à praia pelo menos duas vezes na semana, afirmou que a prefeitura deveria reativar a ciclovia da Avenida Tancredo Neves. “As ciclovias nos dão conforto e segurança, mas o que vem acontecendo é um descaso e um desrespeito para quem utiliza bicicleta todos os dias”, desabafou.

A falta de ciclovias na cidade também é reclamada por moradores de Cruz das Armas, Epitácio Pessoa e Avenida Sérgio Guerra (principal dos Bancários). Nesses locais já foram registrados diversos acidentes envolvendo bicicletas, motos, carros e ônibus.

Novo projeto

Segundo o superintendente da Semob-JP, Expedito Leite Filho, já existe um estudo em andamento para requalificação da Avenida Tancredo Neves. Estamos com um conceito pronto para essa área, que é a mudança da ciclovia para o canteiro central e a redução dele, que vai possibilitar a abertura de uma terceira faixa de rolamento para dar maior fluidez ao trânsito.

Neste ano, de janeiro a abril, já foram atendidas 241 pessoas vítimas de acidentes envolvendo bicicletas, de acordo com levantamento feito pelo Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. No ano passado, foram 721 atendimentos.

Além de econômicas, as bicicletas contribuem para a saúde e, também, para o meio ambiente. Para algumas pessoas que saem de casa para ir ao trabalho pedalando nas principais avenidas da capital, o perigo é constante por causa dos buracos existentes no asfalto e principalmente por causa do trânsito intenso de veículos e motos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 31 de maio de 2022