As academias de musculação, aeróbica, treinamento funcional dentre outros locais voltados às atividades físicas tiveram um aumento do número de matrículas devido à proximidade do verão, período do ano em que mais pessoas chegam a esses estabelecimentos pensando nos benefícios estéticos para a estação mais quente do ano.
“Todos os anos, em agosto, já sentimos um aumento do número de matrículas pensando no verão. Durante todo o ano, muitas pessoas procuram as academias, mas quando o verão está chegando ainda mais pessoas buscam melhorar a aparência física, mas também a saúde. Estes espaços ficam lotados o dia inteiro”, afirma Thiago Mendonça, educador físico e gestor de uma academia localizada no bairro do Cristo, em João Pessoa.
Segundo o gerente, as mulheres estão entre as pessoas que mais procuram as academias, mas a quantidade de homens vem aumentando consideravelmente. Ele explica que assim que alguém se matricula na sua academia, o primeiro procedimento é descrever todas as orientações ao aluno antes de iniciar o treino. “Fazemos primeiro uma avaliação física neste aluno para saber se ele tem algum problema de saúde e se tudo estiver adequado, podemos orientá-lo quanto ao treino”, elencou.
Durante todo o ano, muitas pessoas procuram as academias, mas quando o verão está chegando ainda mais pessoas buscam melhorar a aparência física, mas também a saúde - Thiago Mendonça
Para Thiago Mendonça, é possível obter bons resultados no corpo, mesmo buscando as academias em um período tão próximo da chamada alta temporada. Tudo vai depender da disciplina das pessoas com a frequência dos exercícios e através de uma alimentação adequada. Tais orientações devem ser estabelecidas pelo profissional da educação física e o nutricionista, respectivamente.
Giuliana Gomes, por sua vez, é educadora física e proprietária de uma academia no bairro de Manaíra, voltada especialmente a hidroginástica e natação, para todas as idades, mas que também possui ambiente para musculação. Ao se matricular, o aluno deve indicar que está apto para fazer a atividade (por meio de documentação fornecida pelo médico) e é realizada a avaliação pelo profissional do próprio espaço. Depois, o aluno é encaminhado para o educador físico que vai montar o treino de acordo com a necessidade da pessoa.
“A academia recebe muitas pessoas da terceira idade para hidroginástica e essa atividade tem uma grande procura no verão. Mas, para a musculação, estamos recebendo muitos alunos de outras faixas etárias, inclusive indicados pelos médicos, mas, principalmente, pensando nos benefícios estéticos”.
Há cerca de um ano, Fernanda Sousa, de 22 anos, buscou fazer atividade física e até hoje frequenta a academia todos os dias. Ela conta que antigamente não pensava muito no assunto, mas no ano passado chegou à conclusão de que deveria procurar esse tipo de espaço pensando tanto na estética como na qualidade de vida. “Meu objetivo inicial era ganhar massa muscular, mas depois vi outras vantagens como o bem-estar e as melhoras na minha saúde”.
Para Fernanda, uma das principais diferenças proporcionadas pela atividade física foi o aumento da disposição para o cotidiano. Sobre as pessoas que procuram as academias pensando exclusivamente na chegada do verão, ela acredita que os resultados dependem principalmente da determinação e do organismo de cada pessoa.
“Muitas pessoas estão correndo para as academias tentando recuperar o tempo perdido do ano todo. Mas, isso varia de acordo com a pessoa e o tempo também porque não é possível obter um resultado imediatamente. É necessário certo período de tempo se exercitando, focado nessa busca pela mudança”, opinou.
Raphaela Martinelli tem 22 anos e faz musculação há um ano como forma de melhorar a saúde mental. Hoje, se sente mais disposta e sociável. “Eu sei que a atividade física faz bem para a saúde, mas diante de alguns problemas de imagem corporal, achei que a solução seria vir para a academia. E isso acabou me ajudando bastante não só na minha percepção de imagem, mas na questão social e eu vejo melhoras no meu condicionamento físico”.
Para ela, procurar as academias no período do verão, dependendo da disciplina, pode fazer a pessoa se sentir motivado a ficar no local durante o ano inteiro. “Acho que é sempre benéfico”, opinou.
Motivação aumenta de outubro a novembro
Simone Duarte e Rosemberg Duarte são administradores de uma academia no bairro Jardim Cidade Universitária e contam que o espaço é frequentado por pessoas de todas as idades, muitas inclusive trazem toda a família, tanto para a natação, como para a hidroginástica, aeróbica, yoga, musculação, aula de dança, dentre outras atividades. “O nosso público é bem diferenciado, desde os jovens que iniciam a musculação até o público da terceira idade que é um dos mais animados. Por isso, trabalhamos muito a questão do acolhimento, das pessoas quererem estar no ambiente da academia”, conta Rosemberg.
Ele ressalta que é comum as academias passarem por períodos de sazonalidade onde as matrículas aumentam em determinados períodos, incluindo os meses anteriores ao verão. Com isso, lembra que setembro e outubro são os meses em que as pessoas começam a focar nas atividades físicas, o que é bom não apenas para a saúde, mas também para a autoestima, pois é comum os alunos se sentirem mais motivados. “No inverno há uma queda brusca da procura pelas atividades na piscina, por exemplo, e algumas pessoas migram para a musculação. E aquelas que não se identificam com a musculação, podem passar um tempo sem treinar. E quando chega o verão, é normal as pessoas que já cuidam do corpo intensificarem os treinos e quem estava ausente por algum motivo, voltam. Em setembro muitos já reativam as matrículas”, afirmou.
Segundo Rosemberg, grande parte dos alunos que se matriculam, procuram a academia com objetivos bem diversos e que vão além de apenas obter o “corpo perfeito”, mas sim cuidar da saúde mental. Esse fato se tornou mais presente após a pandemia da Covid-19, iniciada em 2020, período no qual muitas pessoas precisaram deixar o espaço e agora se esforçam tanto para abandonar o sedentarismo, mas combater a depressão e a solidão.
Por isso, ele reforça que a atuação da sua academia teve que passar por algumas adaptações, como o aumento de 35% da sua equipe para atender a demanda. O administrador reforça que o espaço foca no atendimento personalizado, independente do personal, pois todos os profissionais responsáveis pelo treino devem acompanhar e orientar nas atividades executadas. Sobre isso, Simone conta que a academia para além das melhorias estéticas é hoje um ambiente de terapia e conforto diante de uma rotina agitada.
De acordo com os administradores, ao fazer a matrícula na academia, o aluno preenche uma anamnese (questionário com histórico de saúde do indivíduo) e antes de começar a treinar pode fazer uma avaliação física no próprio espaço ou levar um atestado médico comprovando a aptidão do aluno para a atividade física. Eles reforçam que o treino precisa ser personalizado a partir da necessidade e objetivos do aluno, diante de suas possíveis limitações.
Sônia Araújo, 74 anos, e a filha Cristiane Araújo, frequentam juntas a academia e relatam que a musculação é essencial, trabalhando a parte emocional e física. “Já fiz atividade física e parei na pandemia. Depois voltei porque além da fisioterapia, a academia me ajuda muito. Quero fortalecer meus músculos e a musculação é uma forma de cuidar do corpo praticamente sem remédios”, disse Sônia.
Estabelecimentos devem ser credenciados
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Educação Física da 10ª Região (CREF10/PB), Paulo Ferreira, as orientações da entidade visam dar segurança para a população. Assim, a primeira obrigação do novo aluno é verificar se a academia está devidamente credenciada no CREF10/PB. Da mesma forma, é necessário confirmar se o seu quadro técnico é composto por profissionais de educação física registrados no conselho.
“É preciso constatar se a academia está com o credenciamento no CREF. Ou seja, tem o registro da Pessoa Jurídica (da academia) e tem o registro da Pessoa Física (do profissional). Então, o ideal é sempre pedir a carteirinha do profissional, vendo se essa pessoa que vai lhe atender na academia é um profissional de educação física registrado no Conselho para ter a segurança de ser atendido por alguém capacitado para essa atividade”, aconselhou.
Tanto a academia quanto o profissional possuem um número de registro que confirma a sua regularidade com o Conselho. “Esse registro pode ser visto pelo aluno assim que chega à academia que possui um responsável técnico e os chamados ‘profissionais de salão’, que são os que ficam no setor de musculação, por exemplo. Essas pessoas que estão fazendo atendimento também são registradas e com o nome do profissional ou da academia, é possível ainda consultar o CREF para tirar alguma dúvida sobre esse registro”, explicou o presidente.
Além da obrigação de regularidade de registro do profissional e da academia, Paulo Ferreira citou ainda a obrigatoriedade do educador físico da academia ser um profissional de educação física com bacharelado e não apenas a licenciatura. E na carteira do profissional no CREF10/PB vai estar escrito se a pessoa é apenas bacharel ou bacharel e com licenciatura.
“Só quem pode atender em academia é o bacharel e aquele apenas com licenciatura está exercendo ilegalmente a profissão. Mas, quem tem a licenciatura pode fazer o bacharelado para ocupar essa função”, recomenda.
Conselho realiza 10 interdições por mês
Segundo Paulo Ferreira, as irregularidades mais comuns verificadas durante fiscalizações nas academias paraibanas estão relacionadas ao exercício ilegal da profissão, isto é, normalmente esses estabelecimentos estão funcionando sem um profissional devidamente registrado. Entre 2022 e 2023, o CREF10/PB vem realizado aproximadamente 10 interdições de estabelecimentos por mês na Paraíba. Para o representante do conselho, ainda é comum encontrar tanto estagiários atuando de forma irregular como a presença de pessoas de outras áreas (ex: fisioterapeutas) orientando alunos nas academias, no lugar do profissional de educação física.
“Isso ainda acontece, mas já vem ocorrendo uma redução desse problema.”, destacou. Conforme Paulo Ferreira, a fiscalização e orientação do exercício profissional fazem parte de uma importante missão do CREF10 para a valorização do profissional de educação física perante a sociedade, garantindo os benefícios à saúde pública e cumprimento da legislação profissional.
Baseados na Lei Federal nº 9.696/1998; a Resolução Confef nº 023/2000 e a Lei Federal nº 6.839/1980, a Diretoria de Orientação e Fiscalização do Conselho Regional de Educação Física da 10ª Região tem a responsabilidade de assegurar a legalidade da intervenção profissional em educação física, identificando e apurando desobediências às normas que regulamentam a atividade profissional visando especialmente um serviço de qualidade orientado por profissionais habilitados.
As fiscalizações do CREF10/PB são realizadas tanto durante atividades de rotina como após denúncias. Inclusive, no último dia 4, a entidade alcançou pela segunda vez em 2023, 100% das cidades paraibanas fiscalizadas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 22 de outubro de 2023.