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Julho Amarelo

Conscientização, testagem e prevenção são caminhos para o combate às hepatites virais

publicado: 12/07/2024 08h53, última modificação: 12/07/2024 08h53
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Hepatite pode causar sérios danos ao fígado, por isso a testagem é importante para descobrir | Foto: Divulgação/Huac/UFCG

por Marcella Alencar*

Uma das estratégias voltadas para o combate às hepatites virais é a campanha Julho Amarelo, cujo objetivo é alertar a população sobre prevenção, diagnóstico e tratamento das infecções decorrentes dos diferentes tipos dessa doença. Na Paraíba, entre os meses de janeiro e junho deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) contabilizou 50 casos de hepatites, dos quais 32 são do tipo C, 17 do tipo B e um do tipo A.

Muitas vezes silenciosa, a hepatite pode causar sérios danos ao fígado e à saúde em geral. Por isso, a testagem é tão importante para a descoberta da enfermidade. É por isso que, neste mês, os testes serão intensificados no Complexo de Doenças Infectocontagiosas Dr. Clementino Fraga, que é a referência para o diagnóstico e tratamento das hepatites virais.

Além de testar o público em geral, nos dias 22, 23 e 24 deste mês, profissionais do hospital incentivarão pacientes que estejam no ambulatório a realizarem o teste. Além disso, quem estiver na unidade nesses dias também poderá assistir a pequenas explanações sobre o assunto. Na manhã do dia 24, haverá uma encenação temática e, à tarde, uma palestra com um médico especialista no assunto.

Além do Clementino, o Hospital Universitário Lauro Wanderley também desenvolve ações voltadas a esse tema, durante este mês.  Segundo o hepatologista José Eymard Filho, diretor do HU, a unidade fará uma varredura, no intuito de identificar hepatites B e C, que evoluem para cirroses hepáticas, quando não tratadas e não curadas. “Ao longo do ano, o hospital atua na assistência de pacientes com hepatites virais, tanto no tratamento quanto nas complicações advindas dos casos que não foram tratados no tempo oportuno”, ressalta.

Diagnóstico

A pensionista R.S., de 50 anos, nunca imaginou que uma dor abdominal mudaria a vida dela de uma hora para outra. Depois de dar entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Campina Grande, ela foi diagnosticada com hepatite C, doença que afeta milhões de pessoas no mundo. “No começo, parecia uma virose. Quando saiu o resultado dos exames, foi uma surpresa. Eu não esperava”, relata.

A paciente, que preferiu não se identificar, está em tratamento médico no Hospital Alcides Carneiro (Huac), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). “Eu vejo que não é bom ignorar o que sentimos, pois pode ser sinal de um problema mais grave, como foi o meu caso. O ideal é procurar um médico”, diz.

Inflamação que atinge o fígado, a hepatite é causada por vírus, pelo uso de alguns medicamentos ou pelo consumo excessivo de bebida alcoólica e de outras drogas. As hepatites virais são classificadas como A, B, C, D e E. Por ser uma doença que, na maioria das vezes, não demonstra sintomas, ela pode acabar se tornando crônica. “Não é o mais comum, mas ela pode pode causar cirrose ou outros quadros graves, que levam à insuficiência hepática e culminam em óbito”, alerta o médico Erick Vilar.

Ele explicou que, apesar de a maior parte dos casos ser assintomática ou pouco sintomática, a hepatite pode ser confundida com uma virose qualquer. Mas há situações em que o paciente pode apresentar icterícia, dor, desconforto abdominal, fezes esbranquiçadas, urina escura, astenia e fadiga. “No caso específico do vírus B, existe o risco maior de câncer primário do fígado. Felizmente, muitos quadros são autolimitados e permitem a recuperação desse órgão”, acrescenta.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de julho de 2024.