por Ana Flávia Nóbrega*
O Brasil vive um aumento no número de novos casos de Covid-19 com leitos específicos para o tratamento da doença sendo reabertos. Na Paraíba, um aumento pôde ser notado entre abril e maio, além de uma crescente no início de junho e já projetada para os próximos meses. Apesar disso, a situação epidemiológica do estado não preocupa neste momento. Isto porque, com a vacinação avançada, a Paraíba vem regredindo no número de agravamento da doença e óbitos, sendo dois registros de mortes após 14 dias sem casos.
Para o secretário executivo de gestão de leitos da Paraíba, Jhony Bezerra, o aumento no número de novos casos mostra um maior aparecimento de casos leves, sem a necessidade de internação e com recuperação precoce. Ainda assim, o secretário alerta para um aumento de internações. Foram 1.021 casos em abril, 2.419 em maio e 1.160 nesta primeira quinzena de junho.
“Há uma perspectiva de um aumento do número de novos casos decorrente das festas juninas, principalmente nos meses de julho e agosto. Esse aumento do número de casos de agora é esperado diante da sazonalidade das doenças respiratórias, juntamente com a Covid-19, uma doença que continua em circulação. A SES alerta para um aumento no número de internações e de regulações na última semana, em torno de 80%. Apesar do percentual, em número absoluto, não é muito expressivo. Nossa ocupação de leitos ainda é muito baixa, menor que 8% em leitos de UTI”, afirmou o secretário.
A queda no número de casos graves e óbitos se deve, de forma direta, ao avanço da vacinação. Neste momento, a Paraíba tem 88,60% da população a partir de 5 anos com o ciclo primário de vacinação contra a Covid-19, considerando duas doses ou dose única. E 50,38% vacinada com a primeira dose de reforço.
“O que a gente precisa agora é reforçar essa campanha de vacinação. Com a dose de reforço, onde 1,3 milhão de paraibanos aguardam o primeiro reforço, e a segunda dose de reforço, que também está disponível para os profissionais de saúde e a população acima de 50 anos”, ressalta Jhony Bezerra.
No momento são 52 pacientes internados em toda a rede pública de saúde para o tratamento da Covid-19, sendo 30 de enfermarias e 22 de UTI. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) quatro pacientes foram hospitalizados entre segunda-feira e ontem.
A situação de avanço vacinal possibilita a não retomada de medidas restritivas para evitar uma maior transmissibilidade do vírus, mas não está descartada, caso exista, uma nova onda.
“O cenário epidemiológico é confortável, tanto na ocupação de leitos como no número de óbitos. Então não há nenhuma perspectiva de medidas restritivas. É fato que a Secretaria Estadual da Saúde e o governador João Azevêdo têm acompanhado isso de perto e em uma mudança de cenário, evidentemente que medidas podem ser tomadas, mas não há perspectiva diante da ampla cobertura vacinal que o estado possui”, declarou Jhony Bezerra.
No Rio, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) observaram que o aumento de casos no estado ocorre em função do avanço da cepa BA.2 da Ômicron. Em análise feita pelos pesquisadores, a cepa é dominante e em alguns municípios já está presente em 100% das amostras sequenciadas, o que vem possibilitando o aumento de internações. Já na Paraíba, que não teve colapso do sistema público de saúde em nenhum momento da pandemia, a SES planeja reabilitar leitos para a doença caso haja a necessidade.
“Evidentemente, se houver um aumento dessa demanda de ocupação hospitalar serão redirecionados novamente para a Covid-19. A Secretaria de Estado da Saúde tem acompanhado e monitorado esses números dia a dia e, caso haja uma eventual sobrecarga, esses leitos serão realocados para a patologia Covid-19”, finalizou o secretário.
Ontem, novos 50 casos de contaminação pela doença foram confirmados, além de dois falecimentos. As vítimas são dois homens acima de 50 a 59 anos, residentes em Esperança e Água Branca. Uma das vítimas era imunossuprimida. São 606.495 casos confirmados, sendo 447.682 considerados recuperados e 10.222 mortes.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 8 de junho de 2022