Uma criança de cinco anos de idade, natural de Cupissura, em Caaporã, que fica a cerca de uma hora de distância da capital, está internada no Complexo Pediátrico Arlinda Marques (CPAM), localizado no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa, há mais de 100 dias. Ela deu entrada na unidade hospitalar com um quadro grave de meningite por tuberculose e com tuberculose pulmonar, na ocasião, acompanhada pela mãe, mas ela deixou o hospital e não mais voltou. Nenhum outro parente ou responsável foi localizado. A criança saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e agora está na enfermaria para a sua total recuperação.
A coordenadora do Centro de Atendimento Integrado Infanto-juvenil, que atende crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violências, do Arlinda Marques, Risomar Firmino Dantas Leite, relatou que a criança chegou ao hospital em uma situação de vulnerabilidade social. “Precisamos ter cuidado para não fazermos nenhum julgamento, porque não só essa menina vivencia essa vulnerabilidade, mas a sua família também. Ela deu entrada com sinais de maus-tratos, além do caso clínico comprometido. Quando ela estava na UTI, as visitas da mãe eram esporádicas, mas depois as ausências aumentaram. Foi um caso que mobilizou toda a equipe, para que fosse efetivado o direito dessa criança, de assistência e proteção social, além do tratamento médico.”
A Assistente Social, Risomar Firmino explicou, ainda, que foi realizada uma busca ativa por outros familiares, para que esses pudessem participar e contribuir com o tratamento da menina, mas até o fechamento desta edição, ninguém foi localizado. “Sabemos que o contexto social dessa família não é favorável, a mãe tem outro filho, existem as dificuldades sociais, mas aí a gente aciona e tenta o contato com a rede de apoio, mas como não obtivemos retorno, acionamos os órgãos de proteção. Já foi providenciado uma pessoa para ajudar nos cuidados da criança”.
Com a ausência da mãe no acompanhamento clínico da sua filha, o hospital acionou o Conselho Tutelar de Caaporã, juntamente com o Ministério Público para cuidar do caso. Risomar Firmino Dantas Leite, ressaltou que é muito importante a participação da mãe ou de algum familiar nesse processo terapêutico que é a recuperação. “Quando a criança fica ausente da companhia familiar, sempre vai haver os cuidados da equipe clínica, mas, de toda forma, a menina chama pela mãe e pergunta por ela”.
O hospital declarou, por meio de nota, que a mãe estava com a criança no momento em que ela deu entrada na unidade do Arlinda Marques, mas não soube informar em que momento houve o abandono da menor de idade. Ainda ressaltou que a menina está em uma situação de vulnerabilidade social. Além disso, o quadro de enfermeiros precisou ser ampliado para garantir o devido cuidado. O diretor do hospital, Ariano Brilhante, explicou que a mãe se ausentou em momentos críticos do tratamento da filha, que foi justamente quando a criança foi transferida para a enfermaria, e era necessária a presença dela.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 01 de junho de 2024.