As quedas representam a principal causa de atendimentos médicos no Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, e no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande. Juntos, eles registraram 30.546 entradas por queda, entre janeiro e outubro deste ano. Desse total, a população idosa respondeu por 8.756 ocorrências, ou 28,66% dos casos.
Segundo especialistas, os incidentes podem resultar em sérias complicações. Os riscos aumentam com a idade, devido a fatores como perda de força muscular, problemas de equilíbrio e efeitos de alguns medicamentos, que podem causar sonolência e comprometer os reflexos. No Brasil, estima-se que 70% das mortes acidentais entre pessoas acima de 75 anos estejam relacionadas a quedas, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
"Depois da primeira queda, a principal consequência é o medo de cair de novo, o que faz o idoso reduzir as suas atividades"
- Guilherme Brito
Dois casos recentes envolvendo pessoas públicas reacenderam a discussão sobre os cuidados necessários para evitar que idosos caiam. O cantor Agnaldo Rayol é um desses personagens. Ele faleceu na segunda-feira passada (4), aos 86 anos, depois de uma queda sofrida no seu apartamento, em São Paulo. O acidente ocorreu enquanto ele tomava banho, uma atividade que, para muitos idosos, pode representar riscos adicionais, devido à necessidade redobrada de equilíbrio, por ser um ambiente escorregadiço.
Em outro episódio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 78 anos, também sofreu uma queda no banheiro, no dia 18 do mês passado, resultando em um ferimento na parte posterior da cabeça. Devido ao incidente, ele precisou levar cinco pontos e foi orientado a evitar atividades físicas intensas.
Fragilidade
Em idosos, esse tipo de ocorrência é um problema de saúde pública, de acordo com o médico ortopedista Fábio Gondim, que também é fisioterapeuta. “Noventa por cento de todas as fraturas de fêmur acontecem em casa, principalmente em quedas da própria altura. As principais vítimas, cerca de 75%, são as mulheres, por causa da osteoporose e da falta de massa magra para proteger o corpo”, explicou.
O médico residente Guilherme Brito, do Hospital de Trauma de Campina Grande, destaca que o grupo formado pelos idosos é o mais vulnerável a esse tipo de acidente. A fragilidade muscular e o uso de certos medicamentos aumentam o risco de quedas. “A população mais idosa, especialmente aqueles com problemas musculares ou de equilíbrio e que fazem uso de medicações, é a mais vulnerável a quedas. Por isso, é fundamental atentar para a rede de apoio, os exercícios físicos e a segurança dentro de casa”, ressaltou.
Prevenção
As quedas representam a principal causa de atendimentos médicos no Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, e no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande. Juntos, eles registraram 30.546 entradas por queda, entre janeiro e outubro deste ano. Desse total, a população idosa respondeu por 8.756 ocorrências, ou 28,66% dos casos.
Segundo especialistas, os incidentes podem resultar em sérias complicações. Os riscos aumentam com a idade, devido a fatores como perda de força muscular, problemas de equilíbrio e efeitos de alguns medicamentos, que podem causar sonolência e comprometer os reflexos. No Brasil, estima-se que 70% das mortes acidentais entre pessoas acima de 75 anos estejam relacionadas a quedas, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
Dois casos recentes envolvendo pessoas públicas reacenderam a discussão sobre os cuidados necessários para evitar que idosos caiam. O cantor Agnaldo Rayol é um desses personagens. Ele faleceu na segunda-feira passada (4), aos 86 anos, depois de uma queda sofrida no seu apartamento, em São Paulo. O acidente ocorreu enquanto ele tomava banho, uma atividade que, para muitos idosos, pode representar riscos adicionais, devido à necessidade redobrada de equilíbrio, por ser um ambiente escorregadiço.
Em outro episódio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 78 anos, também sofreu uma queda no banheiro, no dia 18 do mês passado, resultando em um ferimento na parte posterior da cabeça. Devido ao incidente, ele precisou levar cinco pontos e foi orientado a evitar atividades físicas intensas.
Fragilidade
Em idosos, esse tipo de ocorrência é um problema de saúde pública, de acordo com o médico ortopedista Fábio Gondim, que também é fisioterapeuta. “Noventa por cento de todas as fraturas de fêmur acontecem em casa, principalmente em quedas da própria altura. As principais vítimas, cerca de 75%, são as mulheres, por causa da osteoporose e da falta de massa magra para proteger o corpo”, explicou.
O médico residente Guilherme Brito, do Hospital de Trauma de Campina Grande, destaca que o grupo formado pelos idosos é o mais vulnerável a esse tipo de acidente. A fragilidade muscular e o uso de certos medicamentos aumentam o risco de quedas. “A população mais idosa, especialmente aqueles com problemas musculares ou de equilíbrio e que fazem uso de medicações, é a mais vulnerável a quedas. Por isso, é fundamental atentar para a rede de apoio, os exercícios físicos e a segurança dentro de casa”, ressaltou.
Prevenção
Entre as medidas de prevenção, há algumas ações recomendadas para reduzir o risco de quedas em casa, ambiente onde esses acidentes mais acontecem. Fábio relembrou uma importante campanha realizada pela Sociedade Brasileira de Traumatologia e Ortopedia (Sbot), chamada “A Casa Segura”, com uma lista de pequenas modificações que evitam vários tipos de fraturas — como deixar a luz do banheiro acesa, para a pessoa idosa não ficar desorientada, ao despertar durante a noite, e retirar, de dentro de casa, tapetes e pequenos móveis que possam levar a uma queda, caso a pessoa tenha labirintite. “O índice de mortalidade devido a quedas é altíssimo”, alertou.
"As principais vítimas são as mulheres, por causa da osteoporose e da falta de massa magra para proteger o corpo"
- Fábio Gondim
Guilherme acrescentou que também é importante instalar barras de apoio em banheiros e lugares molhados, onde o risco é maior, e ter pessoas sempre próximas à pessoa idosa, para prestar assistência. “A rede de apoio é fundamental para cuidar desse paciente e evitar a queda. Depois da primeira queda, a principal consequência é o medo de cair de novo. E esse medo leva o paciente a reduzir as suas atividades e, consequentemente, a sua mobilidade e independência. A prevenção, portanto, é essencial para manter a autonomia e o bem-estar dos mais velhos”, observou.
A prática de atividades físicas específicas, como exercícios de fortalecimento muscular e equilíbrio, é fundamental para ajudar o idoso a se sentir mais seguro ao se locomover. “Se a causa é falta de musculatura, ou seja, sarcopenia, tem de colocar esse idoso para fazer exercício físico e parar de perder músculo”, orienta Guilherme. Em relação aos medicamentos, ele enfatiza a importância da Atenção Primária de saúde, necessária para ajustar as doses e evitar que os idosos se machuquem.
Como Prevenir
De janeiro a outubro deste ano, no Trauma de Campina Grande, houve aumento de 14% no atendimento a vítimas de quedas, em comparação ao mesmo período de 2023. Para reduzir essas taxas, o ortopedista Wagner Luiz Egito recomendou adaptações ambientais e uso de dispositivos de segurança:
- Ter boa iluminação;
- Instalar piso antiderrapante;
- Evitar produtos de limpeza que deixem o piso escorregadio;
- Evitar tapetes pela casa;
- Usar rampas, em vez de degraus, se houver desníveis;
- Instalar barras de apoio em banheiros, escadas e rampas;
- Assegurar que os artigos de primeira necessidade estejam sempre no mesmo lugar;
- Colocar tapetes antiderrapantes nos banheiros;
- Trocar, se possível, o assento sanitário por um mais alto;
- Conversar sempre com o idoso sobre a importância de relatar sintomas como dores e desconfortos, pois isso pode ser fundamental na prevenção de futuros incidentes.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 06 de novembro de 2024.