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Cuscuz rompe barreiras e é tradição

publicado: 20/03/2023 00h00, última modificação: 20/03/2023 14h19
Alimento versátil que conquistou o coração e as mesas dos nordestinos é celebrado mundialmente
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Além de ser um símbolo da tradição nordestina, o prato beneficia a saúde por ser fonte de fibras, carboidratos, vitamina B6 e minerais. Foto:Reprodução/Pixabay.

por Taty Valéria*

Presente na mesa de milhões de brasileiros, o cuscuz é um dos principais pratos no mundo. Na mesa dos nordestinos, o clássico que também é um símbolo cultural da região, aparece em diversas apresentações, podendo ser servido com manteiga, ovo, leite, carne de charque ou de sol, bode e galinha guisada, banana amassada e tantas outras combinações.

Tão versátil quanto necessário, o cuscuz teve sua importância reconhecida em dezembro de 2020, quando o Comitê de Patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou o alimento como Patrimônio Imaterial da Humanidade, sendo o Dia Mundial do Cuscuz celebrado, anualmente, no dia 19 de março.

No Brasil, o cuscuz foi trazido pelas mãos dos colonizadores portugueses que, por sua vez, já haviam importado a iguaria dos países árabes. Uma vez em território nacional, o alimento foi adotado pelos povos indígenas. Durante o processo de colonização, o cuscuz era uma comida destinada aos pobres, escravos e bandeirantes por conta do fácil preparo e por render bem. O prato também era servido a animais.

Após a popularização, a região Nordeste tornou o prato como seu, onde foi elevado ao status de alimento mais tradicional da região.

Rui Galdino, que possui um restaurante no Mercado da Torre, em João Pessoa, serve aproximadamente 300 refeições por dia, entre café da manhã e almoço, tendo como carro-chefe, o cuscuz. “Os mais pedidos são o cuscuz com rabada ou cuscuz com bode. Começo a servir a partir das 5h da manhã e só paro depois das 3h da tarde. A comida que mais pedem é cuscuz”, afirma.

Gilmar Santos é um dos clientes fiéis do Mercado da Torre e é presença constante na praça de alimentação. “Não pode faltar cuscuz no meu café da manhã, se não for do mercado, vai ser em casa”, disse Gilmar enquanto terminava de saborear seu cuscuz com bode. Já Noberto de Paiva, conhecido como Zebrinha, de Cruz do Espírito Santo, parou para “forrar o estômago” em João Pessoa antes de cumprir seus compromissos em João Pessoa.

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As rotinas de Gilmar Santos e de Noberto de Paiva só se completam com um bom prato de cuscuz. Fotos: Evandro Pereira.

Gilmar e Noberto fazem parte do contingente de paraibanos que consideram o cuscuz como alimentação indispensável e diária. Mas será que consumir cuscuz diariamente traz algum risco para a saúde? Quem responde é o nutricionista Henrique Nóbrega, que ressaltou a versatilidade do alimento também no âmbito nutricional.

“Ao contrário do que muitos pensam, o cuscuz pode ser um grande aliado no emagrecimento, desde que sejam observadas as proporções e individualidades de cada pessoa. O cuscuz é um alimento do Oiapoque ao Chuí", enfatizou.

Além das fibras e carboidratos essenciais, o cuscuz também possui vitamina B6 e minerais como ferro, potássio, cálcio, magnésio, fósforo e zinco. Apesar de ser um alimento acessível, saboroso, que “aceita” todo tipo de combinação, o cuscuz possui algumas contra-indicações. “Pessoas com diabetes descompensada ou descontrolada precisam ter atenção. Em casos de gastrite ou problemas intestinais como a Síndrome do Intestino Irritável (SII), o consumo deve ser observado já que algumas pessoas podem apresentar sensibilidade ao alimento, e é preciso entender o contexto geral de alimentação e saúde de cada indivíduo”, afirmou Henrique Nóbrega, aoo ressaltar a necessidade do acompanhamento médico em cada caso.

“O cuscuz pode ser considerado um alimento fundamental no dia a dia do nordestino, além de ser extremamente versátil, conseguindo estar presente do café da manhã ao jantar. É um alimento que está na mesa de todas as classes sociais e faz parte da nossa história. Devendo ser preservado e valorizado na mesa”, disse o nutricionista.

*Matéria publicada originalmente da edição impressa de 19 de março de 2023.