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Três anos da chegada da Covid-19

publicado: 20/03/2023 12h59, última modificação: 20/03/2023 12h59
Após confirmação do primeiro caso, em 18 de março de 2020, foi necessária uma ação rápida para proteger a população
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Idoso de 60 anos com histórico de viagem para a Europa foi o 1o registro de Covid-19 confirmado na Paraíba, que hoje acumula 708.417 registros com10.542 óbitos. Fotos: Marcus Antonius
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Idoso de 60 anos com histórico de viagem para a Europa foi o 1o registro de Covid-19 confirmado na Paraíba, que hoje acumula 708.417 registros com10.542 óbitos. Fotos: Marcus Antonius
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por Juliana Cavalcanti e Ana Flávia Nóbrega *

Portador de enfisema pulmonar, o vendedor autônomo Edézio Araújo viu a sua vida mudar desde o dia 18 de março de 2020. Com a confirmação do primeiro caso de Covid-19 na Paraíba, a sua rotina de receber os produtos que comercializa na Feira Central de Campina Grande e distribuir aos clientes ganhou o acompanhamento diário de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

A rotina do vendedor era a mesma de milhões de paraibanos e de brasileiros. E, mesmo com cuidados intensos, também foram afetados pela doença. Ainda desconhecida da população e, inclusive, de autoridades de saúde, os cuidados para evitar o adoecimento da população foi tomado de forma rígida após a deflagração de pandemia, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 11 de março.

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Idoso de 60 anos com histórico de viagem para a Europa foi o 1o registro de Covid-19 confirmado na Paraíba, que hoje acumula 708.417 registros com10.542 óbitos. Fotos: Marcus Antonius

Dois dias depois, o Governo do Estado da Paraíba já havia colocado em prática as ações e decretos para o enfrentamento da doença. Protocolos sanitários, criação de leitos e cuidados com a população evitaram que o número de mortes fosse ainda maior do que os 3,8 mil mortos antes da aplicação da primeira dose das vacinas contra a doença, em 19 de janeiro de 2021.

As ações foram destaque em todo o Brasil, como explica Geraldo Medeiros, secretário de Estado da Saúde da Paraíba no período.
“Tivemos ações rápidas de ampliação de leitos de UTI. Foi um trabalho árduo que permitiu ao cidadão paraibano a segurança de quando necessitasse da internação hospitalar pela doença. Por isso, a Paraíba foi destaque nacional na condução da pandemia”, relembra.

Pacientes que se recuperaram ainda guardam memórias da doença

No Hospital de Clínicas de Campina Grande, Edézio Araújo passou 21 dias em tratamento e guarda as lembranças traumáticas até hoje. “Eu fiquei com muito medo quando me avisaram que eu iria para a UTI. Estava sendo levado para lá e ia passando pelos corredores onde as outras pessoas me olhavam como se tivessem a certeza que eu estava indo direto para a morte”, relembrou.

Já na UTI fazendo uso de Ventilação Não Invasiva (VNI) de alto fluxo, Seu Edézio era o único consciente, que não precisou passar pelo processo de intubação. Manter-se consciente o salvou, mas é o que ainda o assusta.

“Na UTI eu vi muita tristeza. Virava e tinha um paciente morto no saco preto, virava para o outro e tinha mais um. E só eu consciente, só via gente morrendo o tempo todo. É uma coisa que lembro até hoje, sonho até hoje. Minha vida mudou muito. Passar o que passei, o que vi, o sofrimento dos outros, muda a gente. Saído hospital com um sentimento de vitória, mas traumatizado até hoje”, finalizou.

Mesmo com sequelas graves, como a piora do enfisema e a fibrose pulmonar, a história de Seu Edézio é de celebração pela vida e de reflexão pelo momento pandêmico enfrentado por toda a sociedade.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 18 de março de 2023.