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SAÚDE FELINA

Doenças não são sentença de morte

publicado: 18/07/2024 08h37, última modificação: 18/07/2024 08h37
FIV e FeLV são incuráveis, mas podem ser tratadas e controladas, o que garante qualidade de vida ao gato infectado

por Marcella Alencar*

Rosa se desdobrou para cuidar do gato Flávio Dino, até descobrir o que ele tinha
Rosa se desdobrou para cuidar do gato Flávio Dino, até descobrir o que ele tinha | Foto: Rosa Aguiar/Arquivo pessoal

Quando a jornalista Rosa Aguiar pegou o gatinho Flávio Dino para criar, não imaginava os problemas de saúde que o bichano enfrentaria. “Fiquei uns três meses tratando de Flavinho. Botava despertador para me acordar de madrugada, para não deixar passar o horário do remédio. Mas, graças a Deus, ele agora está bem”, comemora. O diagnóstico apresentado ao gato de nome ministerial foi o de FIV, uma infecção causada pelo vírus da imunodeficiência felina, popularmente conhecida como a “Aids dos gatos”. 

Assim como a FIV, a FeLV — causada pelo vírus da leucemia felina — também pode levar a uma série de doenças associadas. Apesar de serem incuráveis e provocarem muitos problemas, ambas têm tratamento e podem ser controladas. Também é importante ressaltar que nenhuma das duas doenças é transmissível para os humanos. O prognóstico, para os bichanos e seus tutores, depende do diagnóstico e dos cuidados que deverão ser dispensados ao animal, durante a sua vida. “Eu estou sempre vigilante. Na semana que vem, ele vai fazer tratamento dentário, porque está com dentes ruins. A veterinária disse que isso pode aumentar as chances de problemas no futuro”, acrescenta Rosa, que também é protetora de animais.

De acordo com a veterinária Dalila Araújo, especializada em felinos, a FIV e a FeLV são doenças virais de extrema importância no mundo felino, devido à sua gravidade. “Elas têm aspectos diferentes, principalmente em relação à forma de transmissão e aos sintomas”, diz. Dalila, que atende a região de Campina Grande e Boa Vista, no interior da Paraíba, ressaltou a importância de um diagnóstico precoce, para poder elaborar um tratamento mais assertivo.

“Miou, testou”

Segundo a veterinária, o teste é rápido e fácil de fazer — e precisa ser realizado assim que o gatinho for recebido em casa, principalmente, se o tutor já tiver outro animal no ambiente. O exame é feito tanto em clínica quanto na própria residência, por meio da coleta domiciliar de sangue. “Todo veterinário já ouviu essa frase: ‘miou, testou’. Ou seja, todo gato deve ser testado pra FIV e pra FeLV”, enfatiza.

O vírus da FIV se espalha pela saliva e pode ser passado para outros gatos por meio de lambeduras, arranhões e tigelas de comida e água compartilhadas. Pode acontecer, ainda, durante o parto, na amamentação, no acasalamento e pelo contato com sangue e urina. Se o animal tiver acesso à rua e começar a brigar, seja por território, seja por fêmeas, vai acabar ficando exposto. “É importante prestar atenção aos passeios do bichano e evitar o seu contato com os gatos de rua”, acrescenta.

De acordo com Dalila, os sintomas de FIV são inespecíficos, mas é bom ficar atento a febres ou falta de apetite. “O vírus diminui a resposta do sistema imunológico”, explica. Ao enfraquecer o sistema imunológico, ele abre portas para que o gato seja infectado por outras doenças. Daí, vêm os sintomas secundários. Uma simples gripe, por exemplo, pode ser grave para gatos FIV positivos.

Já a FeLV pode ser transmitida por meio de secreções como saliva, fezes, leite e urina de gatos infectados, além de ser passada de mãe para filhote, por meio da gestação e da amamentação. Em relação aos sintomas, segundo a veterinária, há tanto os próprios quanto os secundários, a depender das doenças que o gato contrair ao longo da vida. “No caso de o animal ser FeLV positivo, a imunidade baixa também é um problema, que se soma ao risco de desenvolver tumores. O prognóstico não é tão positivo”, diz Dalila.

Cuidados necessários

De acordo com a veterinária, é importante manter sempre os exames e vacinas em dia, para evitar a proliferação da doença, além de tratar bem as possíveis doenças secundárias, fornecer alimentação rica em nutrientes e vitaminas, manter a boa higiene do gato e dos seus acessórios e, por fim, oferecer acolhimento e segurança ao animal.

Já existe uma vacina contra a FeLV, a V5, que protege ainda contra outras doenças. Porém, ainda não há uma vacina contra FIV. Para prevenir, a melhor maneira é manter o peludo em casa. “O governo oferece a vacina antirrábica anual, que é obrigatória. Em relação a outras doenças, como as virais, eu desconheço. Mas é importante lembrar que a Paraíba já oferece um sistema de castração gratuita, que é outro cuidado necessário”, lembra.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de julho de 2024.