As famílias brasileiras produziram, só em 2021, 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Os dados, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), ainda apontam que 61% desses resíduos recebem a destinação correta, indo parar em cooperativas e associações que fazem a separação dos materiais e vendem para indústrias e empresas de reciclagem. Uma dessas entidades é a Associação Tribo de Judá, localizada no Bairro dos Estados, em João Pessoa.
Com o desemprego, muito mais pessoas passaram a trabalhar com a reciclagem. Mas, é importante que as pessoas tenham confiança no trabalho que fazemos. O que chega dos prédios é dividido para todos, o que cada catador traz é só dele - Givanildo Lima
Givanildo Lima, presidente da Associação, é um dos remanescentes do antigo Lixão do Roger, desativado em 2003. No local, que possui uma prensa e balança, doados pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), são recolhidos papel, plástico, garrafas pet, caixas de papelão, e uma infinidade de objetos que vão desde quadros, mesas e cadeiras, até roupas e sapatos em bom estado.
Uma vez por semana, a associação recebe materiais recolhidos em quatro prédios da região. “Toda terça-feira, o caminhão baú passa recolhendo esses materiais, e os moradores já deixam tudo separado”, informa Givanildo, reforçando a importância da separação dos resíduos.
Além do caminhão, fruto de uma parceria com a UEPB, a associação também recebe a coleta dos sete catadores cadastrados. Um deles, Carlos Antônio Galdino, de 63 anos, sai todos os dias de Santa Rita, na Região Metropolitana da capital. “Também trabalhava no Lixão do Roger, e, quando fechou, comecei com a coleta de recicláveis. Por semana, dá para tirar R$ 100, juntando com outros trabalhos, dá para sustentar a família”, disse Carlos Antônio, enquanto fazia a pesagem da coleta do dia.
Segundo Givanildo Lima, o número de catadores aumentou muito, e isso acabou diminuindo os resultados no trabalho da coleta. “Uns anos atrás, dava para tirar uma renda até boa, às vezes mais de um salário. Com o desemprego, muito mais pessoas passaram a trabalhar com a reciclagem. Mas, é importante que as pessoas tenham confiança no trabalho que fazemos aqui. O que chega dos prédios é dividido para todos, o que cada catador traz é só dele”, afirma.
Outros Projetos
Desde 2013, a “Mobilização, inclusão e formação de catadores/as de materiais recicláveis da cidade de João Pessoa: uma experiência necessária”, atua diretamente com os catadores de materiais recicláveis. Esse é um projeto de extensão desenvolvido pelo Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campus V, em João Pessoa.
São mais de 700 trabalhadores da capital cadastrados na iniciativa, sendo que, destes, cerca de 400 permanecem atuando nas atividades. Eles participam de oficinas, palestras e recebem assessoramento dos alunos extensionistas na coleta seletiva, realizada nos bairros e, principalmente, nos eventos realizados em João Pessoa.
Os trabalhos envolveram identificação, sensibilização, mobilização, formação e inclusão em associações e cooperativas de catadores.
Além da Associação Tribo de Judá, outras associações e cooperativas da capital são beneficiadas pela Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur), com o programa de capacitação, construção e revitalização de galpões. As associações também recebem alimentação, equipamentos de proteção individual e veículos para coleta dos materiais. Esse apoio foi possível graças ao cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Federal em 2021.
Saiba Mais
O presidente da associação, Givanildo Lima, ainda ressalta que prédios residenciais e comercias que queiram ter seu resíduo sólido coletado, pode entrar em contato por meio do número 83 99134 2975, que também funciona como whatsapp. “Nós vamos fazer o agendamento certinho, para que o caminhão passe fazendo a coleta, que serve não só para aquele material de descarte. Objetos, móveis, roupas, sapatos, nós também coletamos”, disse Givanildo, lembrando que, independentemente da coleta oficial, as famílias sempre separam o resíduo sólido. “Isso ajuda todo mundo”, finalizou.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 06 de dezembro de 2023.