A partir de hoje até o dia 4 de fevereiro, o público poderá conferir todas as novidades da 37ª edição do Salão do Artesanato Paraibano, no bairro de Tambaú, em João Pessoa. O evento conta com mais de 500 expositores e a estimativa é que gere mais de R$ 3 milhões em vendas. A abertura oficial, prevista para as 18h, terá a presença do ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, do governador João Azevêdo, e do superintendente do Sebrae-PB, Luiz Alberto Amorim.
O Salão do Artesanato Paraibano homenageia a rica produção artesanal dos quilombolas e tem como tema “Quilombo, Arte à Flor da Pele”. Os portões já estarão abertos para visitação a partir das 15h e por volta das 20h está programada a apresentação da cantora paraibana Sandra Belê. A estimativa é que mais de 150 mil pessoas passem pelo local em 24 dias.
Com uma megaestrutura instalada no estacionamento do antigo Hotel Tambaú, o Salão conta com um espaço de 10 mil metros quadrados, sendo 5.400 metros quadrados de área construída, uma ampliação de 30% do espaço em relação às últimas edições. A mudança possibilita mais conforto aos visitantes.
O arquiteto Gustavo Vaz, um dos responsáveis pelo projeto estrutural, revelou que foi um grande desafio pensar nesse projeto. “Tivemos alguns desafios, mas tudo foi pensado para receber o maior número de pessoas, atendendo todos os critérios exigidos para a segurança do público, com saída de emergência, acessibilidade, áreas de depósito, stands dos artesãos e institucionais”.
A equipe da Três Comunicação foi responsável pelo projeto visual e de comunicação. Utilizando a Inteligência Artificial, a emprea transformou os artesãos em “reis e rainhas do artesanato”. “Queríamos inovar, porque eles são reis e rainhas do nosso artesanato, fazem parte da nossa cultura”, disse Dimas Roh, diretor de Criação da agência.
Seis quilombos são homenageados este ano
- 'Cada parceiro contribui bastante para que o Salão tenha o sucesso que sempre tem. Somos como irmãos, elos de uma corrente forte' Marielza Rodriguez - Foto: Evandro Pereira
Representantes de seis quilombos paraibanos serão homenageados nesta edição, sendo eles dos municípios de Dona Inês (Quilombo Cruz da Menina), Ingá (Quilombo Pedra D’Água), Riachão do Bacamarte (Quilombo Grilo), Santa Luzia (Talhado), Serra Branca (Lideito de Baixo) e Pombal (Os Rufinos). De acordo com a secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura, que realizou as visitas para fazer o levantamento dos quilombos, o Brasil possui cerca de um milhão de pessoas quilombolas. Desse total, mais de 16 mil vivem na Paraíba. E o Nordeste concentra 68% dessas comunidades.
“Na Paraíba, temos 49 comunidades já reconhecidas. Veja que esse volume é capaz de contar sua própria história. Então, os quilombos têm uma história de pertencimento e resistência, e tudo isso faz parte da história de uma população que se deslocava para sobreviver, mas que levava esse conhecimento ancestral adiante, por meio, muitas vezes, de sua cultura, da sua oralidade, da contação dessas histórias, mas também por meio do artesanato. Vocês terão a oportunidade de ver essas peças, que eu diria para vocês, são sagradas, e que contam essa história”, frisou Lídia.
Para Gileide Ferreira, presidente da Associação de Louceiras Negras da Serra do Talhado, será uma honra poder mostrar o artesanato que é feito nos quilombos, e que todos estão muito felizes com a chegada desse momento.
“A gente sempre foi esquecida. E hoje estamos aqui, para mostrar todos os quilombos que existem no estado. Cada quilombo tem sua originalidade, suas peças. Ser quilombola, ser mulher negra, é ter muita resistência e ter orgulho do que a gente é. Quem leva uma panela feita por nós, leva um pouquinho da nossa história.”
Mais de 900 artesãos se inscreveram no Salão
A gestora do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), Marielza Rodriguez, afirmou que mais de 900 artesãos se inscreveram para participar dessa edição e que, para não deixar ninguém de fora, foram feitas algumas adaptações no que tinha sido planejado inicialmente, para que todos pudessem expor seus produtos. “Como em produtos criativos, por exemplo, colocamos espaços coletivos, onde vai ter um rodízio de artesãos, administrado pelas associações inscritas.”
A gestora conta que além do artesanato quilombola, outras tipologias deverão marcam presença no Salão do Artesanato. Uns deles são a renda Renascença, brinquedos populares, arte em cerâmica, madeira e metal. O visitante ainda vai encontrar opções da gastronomia regional e várias apresentações culturais com artistas regionais.
“Nossa expectativa é a melhor possível, porque nós estamos no lugar mais estratégico, turisticamente falando, para receber esses visitantes que vêm a João Pessoa e vão ter a oportunidade de conhecer toda a produção dos artesãos quilombolas, de Cabedelo a Cajazeiras, do nosso mais genuíno artesanato paraibano”, destacou Marielza.
Evento conta com o apoio de colaboradores
Com a realização do Governo do Estado junto ao Sebrae-PB, o Salão do Artesanato Paraibano conta ainda com a colaboração de vários parceiros institucionais e sociais, que são responsáveis por tornar possível um evento de tamanha magnitude. Para Marielza Rodriguez, sem os parceiros não seria possível fazer um evento tão grande e com a qualidade que ele tem. “Cada parceiro contribui bastante para que o Salão tenha o sucesso que sempre tem. Somos como irmãos, elos de uma corrente forte, capitaneados pelo nosso governador João Azevêdo”, ressalta Marielza.
O gestor do artesanato do Sebrae e coordenador geral do Salão do Artesanato, Juciex Palmeira, destaca que essa é uma parceria que sempre deu certo. “É uma parceria maravilhosa, que deu certo e dará certo sempre, porque o Sebrae apoia esses pequenos empreendedores”. Ele conta que antes da abertura do Salão do Artesanato, o Sebrae prepara todos os artesãos, capacitando-os com ideias inovadoras, na parte de gestão e inovação, a partir de seu artesanato. “Então o Sebrae vem dando esse apoio junto ao Governo do estado e demais instituições, para que possa ter sucesso, e aqui estamos para isso”.
Fátima Ventura, secretária da Junta Comercial do Estado da Paraíba, parabeniza o governador João Azevêdo pela iniciativa de homenagear os povos quilombolas, levando o Salão do Artesanato para um dos maiores “cartões postais” da cidade, numa estrutura “incrível”. Ela afirma que essa edição vai ser recorde e sucesso em tudo. “Essa é uma parceria de muitos anos, a cada ano se supera. Parabéns ao governador João Azevêdo por essa iniciativa cada vez maior. A localização não podia ser melhor, e a estrutura ficou maravilhosa”.
Outro parceiro que tem uma grande importância na realização do Salão é a Fundação Espaço Cultural (Funesc), responsável por toda programação artístico-cultural do evento.
Segundo Bia Cagliani, presidente da Funesc, esse ano o evento deu prioridade aos artistas regionais, para que os turistas que visitem o Salão tenham um gostinho daquilo que se produz melhor na Paraíba.
“É com muito prazer que a Fundação Espaço Cultural mais uma vez é parceira do Salão do Artesanato, contribuindo com as atrações culturais e homenageando os quilombolas. Vamos ter shows maravilhosos, todos os dias, com atrações culturais da melhor qualidade e nomes como Nathalia Bellar.”
Rádio Tabajara e Livraria A União estão entre os parceiros
A Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) também é parceira do Salão do Artesanato Paraibano e vai estar durante os 24 dias de evento com um stand, onde os visitantes poderão conhecer um pouquinho do trabalho realizado pela empresa. Um estúdio foi montado no local e a Rádio Tabajara vai transmitir um programa diretamente da feira, o “Tabajara no Salão”, que vai ao ar todas as sextas-feiras, das 17h às 18h, com apresentação de Elisa Marinho e Beth Menezes.
De acordo com o gerente de conteúdo jornalístico da Rádio Tabajara, Marcos Thomas, o programa vai apresentar as novidades que têm no evento, com uma das apresentadoras circulando pelos estandes, ouvindo os parceiros e os visitantes. “É um mostruário radiofônico que o salão está apresentando. E esse ano, com a homenagem aos quilombolas, a gente vai fazer um mergulho também nessa história”, salientou Marcos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de janeiro de 2024.