O atual diretor do Hospital Padre Zé, Padre George Batista, declarou, ontem, que desde que assumiu a gestão do hospital tem tomado várias providências no sentido de facilitar as investigações em relação ao caso do padre Egídio, bem como, dar transparência a todas as atividades desenvolvidas pela instituição. Ele revelou ainda que tinham diretores do instituto recebendo supersalários, com valores aproximados de R$ 30 mil.
O padre fez um forte apelo por doações, especialmente, de insumos. “Estamos promovendo demissões no hospital, trabalhando o enxugamento da máquina, porque encontramos salários incompatíveis com uma instituição filantrópica, com pessoas da diretoria ganhando quase R$ 30 mil. Isso é inadmissível”, apontou o padre, que não revelou quais os cargos e profissionais que estavam recebendo esses supersalários.
Hoje, o hospital está mendigando medicamentos. Eu estou estendendo minha mão. Precisamos de insumos, peço aqui a sensibilidade dos médicos, dos profissionais da área de saúde, para que doem amostra grátis - Padre George Batista
Ele destacou que nos próximos dias deverá ser realizada uma reforma no Estatuto da instituição que irá modificar a forma de ingresso de membros do Conselho Fiscal, que é responsável por fiscalizar as contas do local. “Vamos agora em dezembro promover uma mudança no Conselho Fiscal introduzindo pessoas que não fazem parte da fundação, que não frequentam a minha comunidade, para ficar uma coisa bem transparente.” Atualmente, os membros do Conselho Fiscal trabalham no hospital, o que gera uma incompatibilidade com o cargo, pois eles fiscalizam a si próprios.
Dentro da reforma estatutária estão previstas também mudanças nas funções desempenhadas pelo presidente. “Estamos descentralizando o poder do presidente da instituição na reformulação estatutária, que iremos apresentar à sociedade, em determinado momento,e, é claro, a Dom Delson, a quem devo obediência”.
Transparência
Como forma de gerar mais transparência, o gestor informou que está em fase de implantação um Portal da Transparência, para que possam ser registrados e divulgados tudo o que “entra e para onde vai”. A plataforma está sendo feita de forma gratuita e deverá ser utilizada também na Fundação Padre Pio. “É do nosso interesse que toda a sociedade tenha ciência de todo dinheiro que entra na instituição, e o que será feito desse dinheiro”, frisou.
Está faltando suprimentos
O padre George fez um apelo para que as pessoas continuem fazendo suas doações regularmente ao Padre Zé e destacou que é preciso somar forças para salvar o hospital. “Hoje, o hospital está mendigando medicamentos. Eu estou estendendo minha mão, nós estamos precisando de remédio porque o hospital foi literalmente roubado. Precisamos de insumos, peço aqui a sensibilidade dos médicos, dos profissionais da área de saúde, para que doem amostra grátis. Nós precisamos de remédio, de comida, o que você imaginar de insumos para o hospital nós estamos precisando”.
Quando assumiu a direção do hospital, o religioso informou que o padre Egídio havia feito dois empréstimos bancários que somam um valor de R$ 13 milhões, além de uma dívida com fornecedores que chega a quase R$ 3 milhões. No dia 10 de novembro, o hospital realizou a venda de uma caminhonete Chevrolet S10, que havia sido comprada pelo antigo diretor-presidente da unidade de saúde. O carro foi vendido por R$ 177.300,00 e deverá ser revertido para as despesas do hospital.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 15 de novembro de 2023.