por Alexsandra Tavares*
Moradores da Praia de Carapibus, no município de Conde, estão preocupados com os deslizamentos da falésia existente na região, um problema de décadas que ainda não teve solução e que se intensifica no período chuvoso. Com as fortes chuvas dessa semana, a barreira voltou a registrar novos deslizamentos em vários trechos, arrastando grande volume de terra, um coqueiro, pedras e parte da cerca de madeira de um empreendimento do local.
O professor Carlos Cartaxo, que mora na parte de cima da barreira, distante cerca de 30 metros da borda da falésia, contou que vê essa cena se repetir há mais de 15 anos. “Estou aqui há 25 anos e o desmoronamento da falésia começou por volta de 2005”, destacou.
Segundo ele, outros moradores que têm residência na área da barreira estão receosos porque cada vez que a barreira desliza e há perda de terreno.
O morador frisou que a prefeitura justifica que a área pertence à União e que, por isso, é difícil fazer intervenção na falésia. “Por que em outras praias do país se faz intervenção e aqui não? Em Fortaleza, por exemplo, na Praia de Iracema, se ampliou a faixa de terra. Esse desmoronamento de terra em Carapibus traz riscos para os pedestres, moradores e afasta os turistas”, queixa-se.
Carlos Cartaxo declarou que os moradores já se mobilizaram e sugeriram à prefeitura de Conde fazer uma parceria público/privada. “Nós, moradores, ficaríamos responsáveis pelos recursos da obra e a prefeitura pelos profissionais, os técnicos. Depois, o dinheiro investido seria abatido, aos poucos, no IPTU. Porque ali é para colocar gabiões. Foi isso que foi feito em Cabedelo e na Praia de Manaíra, em João Pessoa”, disse.
Outro morador que se sente temeroso é o advogado Márcio Barreto, que também mora na parte alta da falésia. “É um problema causado pelo avanço do mar, vento e evolui no período de chuva. Na quarta-feira houve novo deslizamento. Já perdi cerca de 15 metros do meu terreno por conta dessa erosão”.
Márcio disse que há cerca de 20 moradores em um grupo de WhatsApp que discutem essa questão e já concordaram em fazer a parceria público/privada para conter o desmoronamento, mas até agora não houve sinalização do poder público sobre o que será feito no local.
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura de Conde informou que durante as últimas chuvas que ocorreram no estado recebeu diversos chamados em relação ao desabamento nas áreas de falésia das praias da região. A Secretaria de Infraestrutura e a Coordenadoria da Defesa Civil do Município estão realizando visitas técnicas nas áreas e instruindo a população, turistas e banhistas que evitem ficar próximos às falésias.
O secretário de infraestrutura, Tiago Silva, afirmou que as medidas estão sendo tomadas. “Estamos acompanhando tudo de perto, mas queremos destacar que a responsabilidade destas áreas litorâneas pertence à SPU (Secretaria do Patrimônio da União) e qualquer intervenção de conservação ou manutenção no local, por parte da prefeitura de Conde, necessita de autorização da própria SPU e da Sudema", reforçou.
O município de Conde possui em torno de 20 quilômetros de faixa litorânea e, em algumas praias, como em Gramame, Praia do Amor e Carapibus, há falésias e trilhas que as pessoas usam para descer até a faixa de areia.
A reportagem tentou entrar em contato com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), mas as ligações não foram atendidas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de maio de 2022