A elaboração do Plano de Implantação do Sistema Estadual de Museus da Paraíba e os debates em torno da criação do novo Plano Nacional Setorial de Museus foram o foco do Programa (re)Conexões, realizado durante todo o dia de ontem, na Fundação Casa de José Américo (FCJA). Promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura da Paraíba (Secult-PB), a iniciativa reuniu pesquisadores da área, gestores de museus e de coletivos paraibanos, professores e outras representações, em prol do fortalecimento do setor museológico estadual.
"Essa rede facilitará os trabalhos e, evidentemente, fortalecerá todos os envolvidos. Vamos efetivar um sonho"
- Janete Lins Rodriguez
Durante a abertura oficial do evento, o especialista em Gestão de Políticas Públicas de Cultura Átila Tolentino, representando o Ibram, destacou que a construção de um Plano Nacional Setorial de Museus é essencial para nortear as políticas locais referentes ao setor. “Já ouvimos muito a falácia de que na Paraíba não havia museus. Nós temos, sim, e temos museus muito importantes e potentes, apesar das fragilidades que enfrentamos, sobretudo, quanto a políticas públicas. Quando a gente trabalha o Plano Nacional, é importante expressar as nossas demandas e os nossos anseios, por isso, a relevância dessa discussão”, afirmou.
Sobre isso, o secretário de Cultura da Paraíba, Pedro Santos, destacou as ações já realizadas pelo governo para fortalecer o setor museológico e reforçou o compromisso da gestão em buscar melhorias para essa área. “Sempre faço questão de frisar a sensibilidade que o governador João Azevêdo tem tido quanto à política da memória. Nesses pouco mais de cinco anos, este governo entregou à população o Museu da Cidade de João Pessoa, o Museu do Artesanato Paraibano Janete Costa — e sua reforma —, o Memorial Abelardo da Hora, o Centro de Referência da Renda Renascença, em Monteiro, o Museu do Rádio Paraibano e o Museu da Polícia Militar, entre outros espaços”, enfatizou. Segundo ele, cerca de 15% das estruturas museais da Paraíba — que hoje somam mais de 100 — são de propriedade do Poder Público estadual.
Sonho
Maíra Dias, representante do Conselho Gestor da Rede de Educadores em Museus da Paraíba (REM-PB), destacou a importância do evento e disse que ele é fruto de discussões que vêm acontecendo entre representantes do setor, há alguns anos. A gerente do Museu Casa de José Américo, Janete Lins Rodriguez, reforçou essa preocupação. “A criação de um documento que norteie as ações e políticas públicas para os nossos museus e a implantação de um sistema paraibano integrado ao sistema brasileiro são ações muito necessárias. Essa rede facilitará os trabalhos e, evidentemente, fortalecerá todos os envolvidos. Nós vamos efetivar um sonho”, comemorou.
"Sempre faço questão de frisar a sensibilidade do governador João Azevêdo em relação à política da memória"
- Pedro Santos
Para Rui Leitão, diretor de Rádio e TV da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) e responsável pelo Museu do Rádio Paraibano, a iniciativa tem um papel essencial para a preservação da memória. “É uma troca de experiências e é, também, uma forma de todo mundo que trabalha no setor se conhecer e estabelecer essa conexão entre os equipamentos que tratam da memória e do patrimônio cultural da Paraíba”, observou.
A professora Luciana Costa, coordenadora da Rede de Pesquisa e Informação em Museologia, Memória e Patrimônio (Redemus), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), destacou que a participação no evento é significativa para que o estado integre os debates do Ibram quanto à elaboração do Plano Nacional Setorial de Museus. “A gente precisa que isso seja, de fato, estabelecido. O plano nacional é importante para o sistema de museus no âmbito do estado e para as políticas públicas voltadas a esse setor, tanto em nível federal quanto estadual e municipal”, destacou.
Fórum
Depois da abertura e da assinatura do Termo de Cooperação, entre o Ibram e o Governo do Estado, para a implementação do Sistema Estadual de Museus da Paraíba, que aconteceu no período da manhã, o evento seguiu durante a tarde, com a realização de debates a partir dos grupos temáticos: Produção Científica; Democratização, Participação Social e Institucionalização do Campo Museal; Identidade, Patrimônio, Memória e Educação; Diversidade Cultural e Transversalidades de Gênero, Raça e Acessibilidade; e Fomento, Sustentabilidade e Economia dos Museus.
O (re)Conexões foi lançado em janeiro deste ano, sendo uma retomada do Programa Conexões, criado pelo Ibram, em 2012. Nesta edição, a iniciativa busca promover uma ampla consulta para a construção do Plano Nacional Setorial de Museus, que deve nortear as ações do setor por 10 anos, de 2025 a 2035. As contribuições que surjam das discussões em nível estadual serão sistematizadas e encaminhadas para votação e aprovação no 8o Fórum Nacional de Museus, que será realizado no próximo mês, em Fortaleza, no Ceará.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 01 de outubro de 2024.