Após considerarem que a proposta do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) apresentada pelo Banco do Brasil (BB) é insuficiente e não atende às necessidades e reivindicações da categoria, os bancários da instituição entraram em greve. Em João Pessoa e região, funcionários do BB suspenderam as suas atividades à 0h de ontem, por tempo indeterminado. Já em Campina Grande e região, a greve começa na próxima segunda-feira (16). Ao todo, no estado, mais de 40 agências ficarão com os serviços paralisados.
"Como representantes da categoria, vamos encaminhar e organizar a greve, conforme determinação da assembleia"
- Lindonjhonson Almeida
Durante a greve, todas as unidades devem ficar fechadas para o atendimento presencial, funcionando apenas o autoatendimento (caixas eletrônicos), o internet banking e a compensação de cheques, realizados por uma parcela de funcionários que deve continuar trabalhando para garantir a execução desse serviço.
A decisão pela greve, tomada depois de uma assembleia do Sindicato dos Bancários da Paraíba (Seeb-PB), contempla o objetivo da categoria, que é pressionar a instituição a oferecer melhores condições salariais e de trabalho — amplamente discutidas e negociadas, anteriormente, sem obter sucesso. “Cumprindo o nosso papel de representantes da categoria, vamos encaminhar e organizar a greve, conforme determinação da assembleia, de acordo com a vontade soberana dos bancários e das bancárias, cumprindo todos os trâmites legais”, afirma o presidente do Sindicato, Lindonjhonson Almeida.
Cerca de 650 funcionários aderiram ao movimento decidido na reunião do Seeb-PB, o que afetará o atendimento em agências do Banco do Brasil no município de João Pessoa e em mais 20 cidades: Bayeux, Cabedelo, Conde, Tavares, Princesa Isabel, Coremas, Paulista, Pombal, Monteiro, Sumé, Serra Branca, Bananeiras, Solânea, Caiçara, Pirpirituba, Guarabira, Barra de Santa Rosa, Picuí, Tacima e Araruna.
Em Campina
Como as representações sindicais são autônomas, o Sindicato dos Bancários de Campina Grande e Região (Seeb-CGR), que também rejeitou a proposta do ACT e aprovou a greve, começará o movimento paredista a partir da 0h de segunda-feira (16).
Entre as reivindicações dos bancários, estão: aumento real de salário; garantia de emprego, saúde e segurança; mais contratações; melhorias para o atendimento à população; e fim das metas, das reestruturações e do assédio moral. No entanto, conforme o presidente do sindicato, Esdras Luciano Cabral Campelo, um dos pontos mais importantes, entre os que estão sendo questionados e rejeitados pelos bancários, é o da possibilidade de reestruturação do BB, o que incluiria o fechamento de agências, a redução de postos de trabalho e a extinção da função de caixa.
"Até o momento, não há nenhuma sinalização, por parte do Banco do Brasil, para reabrir as negociações"
- Esdras Campelo
“Isso vem sendo proposto desde 2021. De lá para cá, a gente conseguiu segurar e impedir essa medida, por meio de uma liminar que a suspendeu, em nível nacional. Essa liminar caiu em junho passado, mas a gente tinha a expectativa de que a negociação de agora tivesse avanços, no sentido de reverter essa situação — o que não aconteceu”, relata o presidente.
Ele destaca ainda que a extinção da função de caixa, com o atendimento sendo 100% por terminais de autoatendimento e canais digitais, ou mesmo correspondentes bancários, prejudicaria grande parte da população, que não tem habilidade com essas ferramentas. “A gente defende que o atendimento à população tem que ser feito por bancários, e dentro das agências, por uma questão de segurança. O autoatendimento torna a pessoa muito vulnerável, pois ainda há um público que não sabe usar essa tecnologia e pode ser manipulada por fraudadores, pode sofrer golpes”, destaca Esdras.
Outro problema enfrentado pela categoria, segundo ele, é o déficit de trabalhadores nas agências, o que provoca longas filas de espera. “A luta dos bancários por melhores condições de trabalho é também para que melhore as condições de atendimento à população”, diz.
Ele acrescenta que, nos próximos dias, o sindicato discutirá as estratégias de paralisação e organizará a categoria para o movimento paredista. “A ideia é estarmos nas portas das agências, dialogando com a população e explicando o porquê desse movimento paredista. Até o momento, não há nenhuma sinalização, por parte do Banco do Brasil, para reabrir as negociações”, acrescenta.
Além de Campina Grande, a greve também vai atingir outros 19 municípios da região: Umbuzeiro, Aroeiras, Queimadas, Boqueirão, Cabaceiras, Pocinhos, Puxinanã, Juazeirinho, Soledade, Taperoá, Cuité, Remígio, Areia, Lagoa de Roça, Lagoa Seca, Ingá, Esperança, Alagoa Nova e Fagundes.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de setembro de 2024.