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NA UFPB

Greve de técnicos completará 90 dias

publicado: 10/06/2024 08h40, última modificação: 10/06/2024 08h46
Servidores paralisaram atividades no dia 11 de março; reunião com o Governo Federal acontece na terça que vem
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Na semana passada, os professores da UFPB também deflagraram greve da categoria | Foto: Roberto Guedes

por Samantha Pimentel*

A greve dos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) completa 90 dias na próxima terça-feira (11) — e ainda não tem previsão de encerramento. As reivindicações do movimento vão de reajuste salarial a melhorias no Plano de Cargos e Carreiras dos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE), com adesão em trajetória crescente, segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (Sintesp-PB).

Depois de quase três meses de paralisação, a tendência seria arrefecer, segundo a servidora Eurídice Ferreira de Almeida, uma das coordenadoras do Sintesp-PB. “Mas a greve vem tendo mais engajamento, por incrível que pareça. No começo, alguns ainda permaneceram trabalhando, indo aos seus setores; agora, no entanto, estão realmente abraçando o movimento grevista. Seguimos numa ascendente”, disse.

Ela também enfatizou que as reivindicações da greve não envolvem apenas questões salariais, mas melhores condições de trabalho. “Nossa greve não é apenas remuneratória, embora o dinheiro seja importante para a nossa sobrevivência — como também para a do estado, já que nós somos o segundo maior orçamento da Paraíba. Na verdade, na maioria dos estados brasileiros, nós somos maioria na área do orçamento, então, é importante levar isso em consideração”, explicou.

Eurídice também destacou os demais pontos da pauta grevista: “Estamos pedindo reestruturação de carreira, porque a nossa vem de mais de 20 anos, então, precisa ser reestruturada. Queremos ainda que o governo valorize essa carreira, importante para todo o processo de aprendizado dentro da universidade, pois não é somente na época de campanha que devemos reconhecer o mérito da educação; ela é um valor na Constituição Federal”, disse.

 Docentes

Na semana passada, os professores da UFPB também deflagraram greve da categoria, em acordo com dezenas de outras instituições da rede federal de ensino, em todo o Brasil. Segundo o tesoureiro da Associação dos Docentes da UFPB (AdufPB), Edson Franco, os professores tentam negociar com o governo há cerca de um ano — e a última saída foi a greve.

De acordo com ele, as reivindicações da categoria, embora também englobem outras pautas, focam nas perdas salariais. “Quando houve a mudança de governo, de 2022 para 2023, a categoria já assinalava uma perda de 27,7%, calculada pelo Dieese [Departamento Intersindical Estudo Socioeconômico]. O governo deu 9% linear, mas 18% ficaram de fora. A proposta que o governo apresenta não está atingindo os 27,7% de 2023 — isso, sem levar em consideração os cálculos de inflação de 2024”, analisou.

Alguns setores seguem ativos, mesmo com a greve

Mesmo com a greve dos servidores técnico-administrativos e dos professores da UFPB, alguns setores ligados a atividades essenciais, pesquisas e laboratórios seguem funcionando, ainda que com um número reduzido de pessoas.

Segundo a coordenadora do Sintesp-PB e o tesoureiro da AdufPB, as duas entidades sempre cumpriram o compromisso de não prejudicar a universidade e a população que dela necessita. Por uma questão de responsabilidade, uma e outra categoria mantêm a cota de serviços essenciais em funcionamento (como laboratórios, hospital e TI). “Não queremos causar prejuízo nem físico nem financeiro à entidade”, destacou Eurídice.

De acordo com Renata Tomaz, professora de Fisioterapia, as pesquisas têm prazos para acontecer; não podem, portanto, ser interrompidas. “Temos uma atividade voltada para crianças que precisam de avaliação e exames para iniciar tratamento. Se pararmos, vamos prejudicar o tratamento delas”, disse.

A mãe de uma dessas crianças, Maria do Socorro Gonçalves, foi ao Departamento de Fisioterapia da UFPB para acompanhar o filho em um exame solicitado pelo médico da criança — que tem fibrose cística, uma doença rara. “O médico fez o encaminhamento para cá, e ainda bem que não haverá atraso, porque esse exame é muito importante para saber como está a função pulmonar do meu filho”, contou, aliviada.

Renata Guimarães, outra professora da UFPB — mas de Gastronomia —, disse que algumas atividades administrativas realizadas pelos professores também seguem funcionando, apesar de as aulas estarem paralisadas. “Se temos uma pesquisa em andamento, não podemos parar e abandonar a amostra de algo que está sendo desenvolvido, por exemplo. Então, é preciso fazer essa avaliação, porque os prazos da universidade correm”.

A aluna de Engenharia Civil Lara Camilly dos Santos contou que o seu estágio não parou, mesmo com a greve. A sua colega de universidade, Natália Borges, que faz pós-graduação em Fisioterapia, também informou que o projeto do qual ela faz parte segue em atividade — oferece, inclusive, alguns serviços à população.

Sobre a greve

Segundo informações da AdufPB e do Sintesp-PB, na semana que vem, devem acontecer reuniões entre representantes da executiva nacional e o Governo Federal. No dia 11 de junho, será a vez dos servidores técnico-administrativos; no dia 14, dos docentes. Ambas as categorias esperam que, dessas reuniões, surja algum acordo que atenda as suas demandas.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de junho de 2024.