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Oferta de produtos destinados ao público adepto do veganismo também tem crescido em lojas e supermercados

Hábitos de consumo: capital tem cada vez mais veganos

publicado: 07/03/2022 09h11, última modificação: 07/03/2022 09h13
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Foto: Roberto Guedes

por José Alves

“O veganismo é um estilo de vida cada vez mais conhecido e difundido em João Pessoa e a tendência é que esse público aumente a cada ano. A estimativa é que sete milhões de brasileiros sejam veganos”. A informação é do presidente do Conselho Regional de Nutricionista 6a Região que representa os estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte, Samuel Paulino. Ele destacou que o vegano busca excluir na medida do possível, todas as formas de exploração e crueldade contra animais na alimentação, vestuário, cosméticos e qualquer outra finalidade.

Para Samuel, quem busca o veganismo deseja mudanças, não apenas na qualidade de vida, mas também contribuir para a redução do impacto ambiental causado pela indústria. Em João Pessoa já existem vários restaurantes veganos. “Eles são facilmente encontrados nas redes sociais e em sites de busca. Entre eles temos o Casa de Nara, Karranca, restaurante OCA e O Grão, entre outros. Também é possível encontrar produtos veganos nos supermercados da capital e também nos aplicativos de alimentos.

O nutricionista explicou que os hábitos de vida veganos são baseados em razões de saúde, éticas, ambientais, econômicas e até mesmo religiosas que contribuem para a preservação do meio ambiente. Afinal, os veganos não incentivam a crueldade animal (seja para consumo, seja em testes em animais e possíveis explorações animais por motivo de entretenimento). Eles buscam uma alimentação mais natural e menos industrializada, propondo um cardápio mais variado e equilibrado.

Nutrientes equilibrados

“Com uma alimentação isenta de produtos animais é possível obter todos os nutrientes, talvez à exceção da vitamina B12. Neste caso os veganos, para se certificarem de que ingerem a quantidade adequada de vitamina B12, devem consumir regularmente suplementos dessa vitamina, dar preferência às formas (metilcobalamina ou hidroxocobalamina) ou alimentos enriquecidos com ela (leite de soja, cereais e levedura de cerveja).

De acordo com o nutricionista, o cardápio vegano deve considerar as necessidades do indivíduo, seu estado nutricional, seus hábitos alimentares e o seu acesso aos alimentos. Por isso deve ser feito junto com um profissional nutricionista, para, juntos, definirem um cardápio nutricionalmente completo e equilibrado.

A jornalista Katiana Ramos, é vegana de ‘carteirinha’. Ela ressaltou que encontrar alimentos veganos em João Pessoa já está bem mais fácil atualmente. Mas sempre tem alguns alimentos como carnes e queijos vegetais que são mais difíceis de achar. “Como gosto de cozinhar, costumo fazer meus próprios alimentos em casa, a exemplo do feijão, lentilha e queijos vegetais. Mas na cidade os supermercados e restaurantes já estão se adaptando com a venda de alimentos e pratos veganos. Também já temos lanchonetes servindo cardápio vegano, inclusive amburguer vegano”, observou.

Dois mil anos

Samuel revelou que apesar de parecer recente, a ideia de veganismo existe há muito. Evidências de pessoas optando por evitar produtos de origem animal podem ser rastreadas ao longo de dois mil anos. No ano 500 a.C., o filósofo e matemático grego Pitágoras promoveu a benevolência entre todas as espécies e seguiu o que poderia ser descrito como uma dieta vegetariana. Na mesma época, Siddhārtha Gautama (Buda) discutia dietas vegetarianas com seus seguidores.

Em 1806 surgiram os primeiros conceitos de veganismo com o doutor William Lambe e Percy Bysshe Shelle, primeiros europeus a se opor publicamente a ovos e laticínios por razões éticas.

Porém, foi apenas em 1944 que o termo veganismo foi criado por Donald Watson. Ele e mais alguns vegetarianos restritos (não consumiam ovos e leite) se uniram para organizar o movimento.

Comésticos especiais

Com o crescimento do movimento vegano as indústrias de cosméticos e vestuários mudaram suas linhas de produção para se adequarem a este público. Elas passaram a desenvolver linhas de produtos veganos e têm investido cada vez mais nesse nicho.

Os cosméticos são considerados veganos quando sua formulação não contém nenhuma matéria-prima de origem animal. Por exemplo, cera de abelha, mel, lanolina. Por possuírem esta filosofia esses produtos não são testados em animais além de não conter ingredientes de origem animal. Atualmente, existem marcas certificadas e brasileiras, disponíveis no mercado e que estão começando a ganhar destaque no país.

Diversas empresas do mercado de cosméticos estão despertando para o veganismo e começaram a lançar suas primeiras linhas totalmente livres de ingredientes de origem animal. As marcas oferecem produtos tanto para as mulheres, como maquiagens e produtos para a pele, quanto para os homens, com shampus e cremes modeladores para o cabelo.

O consumidor vegano está cada vez mais consciente em relação ao meio ambiente e preocupado em produzir menos lixo.  Com isso, as marcas estão investindo cada vez mais em produtos veganos e naturais que não possuem aditivos químicos e sintéticos, a exemplo da amônia ou ingredientes geneticamente modificados.

 

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 06 de março de 2022