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PICOS DE CALOR

Hora de redobrar cuidados com o sol

publicado: 15/10/2024 08h43, última modificação: 15/10/2024 08h43
Exposição excessiva é o principal fator de risco para o câncer de pele, tipo de tumor mais frequente no país
2024.10.11 Protetor solar na praia © Leonardo Ariel (32).JPG

Filtro solar deve ser aplicado meia hora antes da exposição e reaplicado a cada duas horas | Fotos: Leonardo Ariel

por Marcella Alencar*

A Paraíba tem enfrentado picos de calor acima da média histórica, para este período do ano, de acordo com a Agência Executiva de Gestão de Águas da Paraíba (Aesa-PB). Com a subida dos termômetros, vem a vontade de aproveitar os dias em lugares abertos e ventilados. Numa cidade litorânea, como João Pessoa, a praia é o refúgio natural — principalmente porque, na hora do calorão, um mergulho no mar garante o refresco esperado.

Com cerca de 24 quilômetros de praias e dias ensolarados na maior parte do ano, o litoral pessoense é um dos destinos mais procurados pelos paraibanos e turistas.  “Estou aqui pela primeira vez e estou adorando. Mas o sol é muito forte, nunca vi igual. A gente precisa se proteger, principalmente o rosto, que é o mais sensível”, diz Sueli Soares, que veio do interior do Brasil para aproveitar as praias da capital. Enquanto ela busca garantir um bronzeado, o seu marido, Délio Gonçalves, adota uma postura mais cautelosa. “Eu sinto que me queimo até na sombra. A minha pele é muito sensível, então, eu prefiro me esconder do sol”, afirma.

"Eu sinto que me queimo até na sombra. A minha pele é muito sensível, então, eu prefiro me esconder do sol "
- Délio Gonçalves

O relato de Délio tem fundamento. A exposição excessiva aos raios solares é o principal fator de risco para o câncer de pele, que é dividido em melanoma e não melanoma — sendo, este último, o mais frequente, responsável por cerca de 30% dos casos de tumores malignos no país. Na Paraíba, onde são esperados 11.690 novos casos de câncer, por ano, até 2025, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de três mil ocorrências serão de câncer não melanoma.

Para evitar a doença, a dermatologista Eloísa Câmara recomenda o uso diário de protetor solar, especialmente durante o horário de pico de radiação ultravioleta, ou seja, entre 10h e 16h. “Mesmo fora desse intervalo, a proteção ainda é necessária, pois os raios solares já são intensos a partir das 8h”, ressalta. Ela orienta que o filtro seja aplicado de 20 a 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicado a cada duas horas, ou depois do contato com água ou suor excessivo.

Além disso, Eloísa diz que o Fator de Proteção Solar (FPS) indicado depende da cor da pessoa e do tempo em que ela estará exposta aos raios solares. “De modo geral, a gente utiliza fatores mais altos para pessoas mais brancas, geralmente, o FPS 70. Para pessoas pardas, o protetor com FPS 50 já é suficiente. Já para negras o recomendado é o FPS 30”, orienta. Para o rosto, ela indica produtos com ação antioleosidade, especialmente para jovens que tenham a pele mais oleosa. “O importante é que as pessoas adaptem o uso do protetor às suas necessidades e ao seu tipo de pele”, explica.

 Roupas e acessórios

De acordo com Eloisa, para quem vai se expor ao sol por um período muito longo, como um dia na praia ou na piscina ou, ainda, um trabalho ao ar livre, o ideal é o uso de roupas com proteção. “De preferência, com, pelo menos, FPS 50. Já existem várias marcas disponíveis com esse fator. Não só roupa, mas chapéu e boné também”, destaca a dermatologista, que também chama a atenção para a necessidade de se tomar cuidado com as extremidades do corpo, como pés, mãos, cabeça e orelhas.

"O uso do protetor solar é muito importante, não só na praia, mas no dia a dia, até mesmo dentro de casa"
- Isabela Mendes

Alex Brasil, vendedor carioca que veio morar em João Pessoa, diz que prefere a blusa com proteção UV, pela praticidade. “Uso protetor solar somente no rosto. Para o corpo, acho melhor usar a blusa, porque tomo sol muitas vezes durante a semana”, diz. Já a brasiliense Isabela Mendes, além do protetor solar, optou pelo uso de óculos escuros e bonés. “O uso do protetor solar é muito importante, não só na praia, mas no dia a dia, até mesmo dentro de casa. Eu trabalho em home office, sempre em frente à luz da tela, então, vejo o quanto é necessário”, explica.

De acordo com Eloisa Câmara, a exposição excessiva ao sol causa vermelhidão na pele (eritema) e eleva a temperatura do corpo. “Os efeitos adversos imediatos são a insolação, a queimadura e o ressecamento”, explica. Já os efeitos adversos tardios causados pelo sol podem ser manchas, envelhecimento precoce e, o mais grave de todos, que é o câncer de pele.

Tipos

O câncer de pele é o tipo de tumor mais frequente no Brasil e no mundo, afetando especialmente pessoas com mais de 40 anos. Embora raro em crianças e pessoas negras, sua principal causa é a exposição excessiva ao sol. Existem dois principais tipos de câncer de pele. O não melanoma e o melanoma.

Apesar da baixa letalidade, principalmente em casos de detecção precoce, o carcinoma basocelular é o tipo de não melanoma mais recorrente. Ele surge nas células basais e aparece frequentemente em regiões com maior exposição, como rosto, orelhas, couro cabeludo, ombros e costas.

O tipo menos frequente de câncer de pele é o melanoma, com maior índice de mortalidade. Normalmente, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos, que podem mudar de cor, formato ou tamanho e causar sangramento, conforme indicado no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Em casos suspeitos, deve-se logo procurar um médico, pois a chance de cura, com a detecção precoce, é de mais de 90%.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de outubro de 2024.