De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da Paraíba continuará crescendo até 2044, ano em que atingirá o seu máximo (4.344.308 habitantes). A partir de então, ela declinará progressivamente, chegando, em 2070, a 3.972.167 habitantes, patamar inferior ao estimado para a população estadual em 2017 (3.981.512 pessoas). Nos cenários regional e nacional, essa inflexão do crescimento populacional ocorrerá mais cedo, em 2038 e 2042, respectivamente.
Por sua vez, a taxa média geométrica anual de crescimento populacional, que recuou de 0,98%, em 2000, para 0,45%, em 2023, continuará caindo até 2044, quando chegará ao seu valor mínimo, no campo positivo (0,01%). Entre 2045 e 2070, seguirá em sua trajetória de declínio, agora no campo negativo, diminuindo de -0,01% a -0,66%, respectivamente.
Entre os estados brasileiros, Alagoas e Rio Grande do Sul devem ser os primeiros a registrar redução da população (em 2027), enquanto em Santa Catarina e Roraima esse processo iniciará bem mais tardiamente (2064). Por sua vez, Mato Grosso deve ser a última unidade da Federação a passar por tal inflexão, posteriormente a 2070 — ou seja, além do limite temporal das atuais projeções.
Essas informações são das “Projeções da População: Brasil e Unidades da Federação: Revisão 2024”, divulgadas ontem pelo IBGE. Esse estudo demográfico, cujos cálculos permitem acompanhar a evolução dos padrões demográficos do país, atualiza todo o conjunto de estimativas (2000 a 2022) e de projeções populacionais (2023 a 2070) do país, utilizando, pela primeira vez, dados do Censo Demográfico 2022, além de outras fontes: os censos demográficos de 2000 e 2010; a série histórica das Estatísticas do Registro Civil (iniciada em 1974); o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); e o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), ambos do Ministério da Saúde, entre outros.
Além de servirem de parâmetro para políticas públicas nas três esferas de governo, as Projeções de População permitem que o IBGE atualize as amostras de suas pesquisas domiciliares, como a Pnad Contínua, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Fecundidade
De acordo com as Projeções de População 2024, a taxa de fecundidade da Paraíba, que era de 2,51 filhos por mulher, em 2000, caiu para 1,86, em 2010, e depois para 1,62, em 2023. Nos próximos anos, essa taxa deverá continuar em queda, até atingir o seu menor nível em 2041, ano em que recuará para 1,43 filho por mulher. Esse decréscimo do indicador é consequência de uma série de transformações ocorridas na sociedade brasileira, desde meados do século 20.
A partir de 2046, entretanto, a taxa de fecundidade paraibana crescerá gradativamente até alcançar a marca de 1,49 filho por mulher, em 2068, nível no qual ainda estará em 2070. Essa inflexão da trajetória de recuo ocorrerá também nas taxas de fecundidade do Nordeste e do Brasil, só que um pouco mais tardiamente, a partir de 2048 e 2050, respectivamente. Além disso, em 2070, a taxa estadual será levemente inferior à média nacional (1,50) e igual à regional (1,49).
Outra informação das Projeções de População é a idade média da fecundidade, ou seja, a idade média em que as mulheres tinham seus filhos. Na Paraíba, esse indicador era de 24,9 anos, em 2000, e passou para 27,4 anos, em 2020, sendo menor que as médias do Brasil (25,3 anos e 27,7 anos, respectivamente) e maior que as do Nordeste (24,8 anos e 27,1 anos, respectivamente), nesses dois momentos. Para 2070, as projeções apontam que os indicadores desses três níveis territoriais convergirão para a idade de 31,3 anos.
Natalidade
Com a queda da taxa de fecundidade, houve, igualmente, uma diminuição do número de nascimentos ocorridos a cada ano, ao longo do período analisado pelas Projeções de População. Na Paraíba, esse número, que, em 2000, havia sido de 76.117 nascimentos, caiu para 61.148, em 2010, e depois para 50.928, em 2022. Para 2070, o número projetado é bem menor, de 29.227 nascimentos.
A taxa de natalidade, que representa o número de nascidos vivos por mil habitantes em um dado ano, segue logicamente a mesma tendência de queda gradual, no período de 2000 a 2070. Na Paraíba, essa taxa era de 21,7 por mil habitantes, em 2000, tendo caído para 16,0, em 2010, chegando a 12,4, em 2022. Em 2023, a taxa cresceu ligeiramente para 12,5, voltando imediatamente a cair em 2024, para 12,2, e seguirá em queda contínua até 2070, quando chegará a 7,4 nascidos vivos por mil habitantes. Nesse mesmo ano, nos cenários nacional e regional, a taxa de natalidade será de 7,5 e 7,2 por mil habitantes, respectivamente.
De 2000 a 2023, o número de nascimentos no Nordeste recuou de 1,1 milhão para 705,6 mil. No mesmo período, no Norte, esse indicador recuou de 377 mil para 285 mil. Ainda não se sabe dizer o que, nessa redução, era esperado e o que foi efeito da pandemia, principalmente a partir de 2021. O IBGE aguarda para ver se os dados observados dos próximos anos vão mostrar, ou não, uma recuperação do número de nascimentos para os níveis pré-pandemia.
Expectativa de vida irá para 83,9 anos e mortalidade infantil cairá
As Projeções de População também analisam os padrões de mortalidade do país, revelando que ela vem diminuindo nos grupos etários mais jovens — tendência essa que também é apontada pela análise dos padrões de mortalidade observados na Paraíba.
O estudo demográfico do IBGE mostra, por exemplo, um forte recuo da taxa estadual de mortalidade infantil, que abrange a mortalidade de crianças com até um ano de idade. Esse indicador estadual recuou de 47,6 óbitos por mil nascidos vivos, em 2000, para 13,2 óbitos por mil, em 2023. E, de acordo com as Projeções de População, essa taxa vai seguir caindo até 2070, ano em que chegará a 6,1 por mil, sendo igual à média nordestina, mas ficando acima da média nacional (5,8).
Estudo demográfico serve de parâmetro para políticas públicas e para atualizar amostras de pesquisas domiciliares
Esperança de vida
Na Paraíba, a esperança de vida ao nascer subiu de 70,7 anos, em 2000, para 76,6 anos, em 2023. Entre os homens, esse indicador foi de 67,3 para 73,1 anos, no período; entre as mulheres, foi de 74,1 para 80,1 anos.
Essa é a primeira Projeção de População a incorporar dados da pandemia, que causou um recuo na esperança de vida do país, de 76,2 anos, em 2019, para 72,8, em 2021. Mas os dados preliminares de 2023 mostram a esperança de vida subindo para 76,4 anos. A expectativa é que esse indicador continue a crescer como antes da pandemia.
Ainda na Paraíba, houve recuo na esperança de vida, entre 2019 e 2021, causado pela pandemia. Esse recuo foi de 76,2 anos para 73,4 anos, respectivamente, tendo sido inferior ao observado na média brasileira. E, do mesmo modo que no cenário nacional, o indicador alcançou, já em 2023 (76,6 anos), um patamar superior ao de 2019 (76,2 anos). Já para 2070, as projeções indicam que, no estado, a esperança de vida será de 83,9 anos, idêntica à média brasileira e levemente maior que a nordestina (83,8 anos), sendo de 81,7 anos para homens e 86,1 anos para mulheres.
Proporção de idosos
O estudo demográfico do IBGE mostra ainda que, entre 2023 e 2070, a proporção de pessoas idosas (60 anos ou mais de idade) na população paraibana mais do que duplicará, devendo passar de 15,3% para 38,2%, respectivamente. No período, em números absolutos, a população total de idosos no estado passará de 632,7 mil para cerca de 1,5 milhão de pessoas. Entre 2000 e 2022, essa proporção já havia aumentado de 10,4% (363,7 mil pessoas) para 14,9% (613,1 mil pessoas).
Já a proporção de crianças e jovens com idade abaixo de 15 anos, que em 2000 era de 30,2% (1,1 milhão) e em 2022 caiu para 21,1% (865,7 mil), seguirá em queda gradual até 2070, quando corresponderá a apenas 11,9% (472 mil) da população total do estado. O grupo de adolescentes e adultos (de 15 a 60 anos), por sua vez, cuja participação, em 2000, era de 58,4% (2 milhões), e de 64% (2,6 milhões), em 2022, caiu levemente para 63,9% (2,6 milhões) em 2023, iniciando uma trajetória de queda gradativa até 2070, quando chegará a 49,9% (2 milhões).
Essas mudanças na estrutura etária da população paraibana indicam um processo de envelhecimento populacional com impacto sobre a razão de dependência dessa população, ou seja, sobre a magnitude da parcela economicamente dependente dessa população, que, em tese, deveria ser sustentada pela parcela economicamente produtiva. Assim, se em 2022 a razão de dependência da população da Paraíba era de 56,3 pessoas com menos de 15 e mais de 60 anos (segmentos considerados economicamente dependentes), para cada grupo de 100 pessoas de 15 a 59 anos (segmento etário potencialmente produtivo), em 2070, segundo apontam as projeções, esse indicador estadual avançará para 100,3 crianças e idosos para cada grupo de 100 adolescentes e adultos.
Outro indicador que ilustra a mudança no padrão etário do estado é a idade média da população, que era de 28,5 anos, em 2000, e subiu para 34,8 anos, em 2023. Para 2070, a idade média projetada da população paraibana é 48,6 anos, ligeiramente maior que a média nacional (48,4), mas inferior à regional (49,2).
Há ainda o índice de envelhecimento, que representa a proporção de pessoas idosas (com 60 anos ou mais) em relação às crianças (até 14 anos): quanto maior for esse índice, mais envelhecida será a população. De acordo com as Projeções de População 2024, na Paraíba, entre 2022 e 2070, o indicador passará de 70,8 para 321,4 idosos para cada grupo de 100 crianças. No Brasil, respectivamente, os índices aumentarão de 74,1 para 316,2; no Nordeste, irá de 63,9 para 339,7.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de agosto de 2024.