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EM JOÃO PESSOA

Rodovias são carentes de passarelas

publicado: 23/08/2024 09h43, última modificação: 23/08/2024 09h43
Além de novas estruturas, pedestres também pedem manutenção, segurança e iluminação para as que já existem
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Pedestres arriscam a vida ao atravessar as faixas das vias federais; em 11 delas, há registro de óbitos - Foto: Leonardo Ariel

por Samantha Pimentel*

Na Região Metropolitana de João Pessoa, em trechos urbanos localizados às margens das rodovias BR-230 e BR-101, é comum ver pedestres arriscando as suas vidas para atravessá-las. Em muitos casos, não há passarelas. Em outros, embora elas existam, as pessoas deixam de usá-las por causa da falta de manutenção, segurança e iluminação. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF-PB), na Região Metropolitana de João Pessoa, existem 22 passarelas, sendo nove na BR-230 e 13 na BR-101; em 11 delas há registro de óbito nas proximidades.

Perto do bairro Jardim Veneza, uma passarela sob a rodovia que liga João Pessoa a Bayeux registrou três óbitos, entre janeiro de 2020 e junho de 2023, segundo informações da PRF. No local, a passarela faz a ligação do Jardim Veneza com o bairro Oitizeiro. Os registros da PRF apontam que há “alto fluxo de pessoas que cruzam a rodovia sem utilizar a passarela, devido à distância da entrada do Jardim Veneza. Há acessos irregulares de veículos em ambos os sentidos”. No local, também é possível observar uma pequena brecha entre as barreiras que separam as suas vias de sentido dos veículos, o que acaba por estimular a travessia a pé.

Segundo um dos moradores da região, o comerciante Pedro Henrique Pessoa de Carvalho, que reside no local há cerca de dois anos, é comum ver as pessoas atravessando a rodovia. “Sempre acontece acidente. Somente aqui, na minha porta, já foram três. A passarela fica na entrada do Jardim Planalto, mas era para ser na entrada de lá e na entrada do bairro dos Novais, porque tem o ponto de ônibus, e quem desce ali tem que voltar para usar a passarela. Aí o pessoal se arrisca a passar, por causa da distância”, contou.

Ele disse ainda que há um colégio próximo ao local e que, no fim da tarde, os alunos atravessam a rodovia de um lado para o outro. “Muitas crianças fazem isso. Há um mês, uma idosa foi atropelada aqui perto, a uns 200 metros da passarela, e morreu. O pessoal da associação do bairro já tentou ver essa questão, mas não sei como ficou, até agora não teve mudança”, disse. Segundo Pedro Henrique, à noite, o local é muito escuro. “Tem virado ponto de prostituição, o que gera insegurança na população, que evita andar por lá”, afirmou.

Outra moradora do bairro, que não quis se identificar, disse que uma das vias da rodovia possui muitas indústrias, e que funcionários que trabalham na região e residem do outro lado se arriscam nessa travessia. “Nunca cheguei a ver acidente, mas vejo muitas pessoas fazendo esse tráfego incorreto e perigoso. Os motoristas reclamam também, porque a passarela fica mais distante”, contou.

Somente aqui, na minha porta, já houve três acidentes. O pessoal se arrisca porque a passarela é distante    --   Pedro Carvalho

Além desse trecho, outras regiões, como as proximidades do Ceasa, em João Pessoa, a comunidade Boa Esperança, na região de Bayeux, e o bairro Várzea Nova, em Santa Rita, também já registraram a ocorrência de óbitos nas proximidades de passarelas, segundo os registros da PRF.

Órgãos responsáveis

De acordo com José Antônio, chefe do serviço de planejamento e projetos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a necessidade de colocação de novas passarelas é definida de acordo com a demanda de pedestres nessas travessias. Além disso, outro fator influencia nessa definição, como as ocupações de polos geradores dessa demanda, a exemplo de pontos de ônibus, supermercados, lojas etc.

Quanto à ampliação dessas estruturas, ele disse que outras passarelas serão construídas, em paralelo com as obras de adequação de capacidade dos trechos das rodovias em que estão inseridas. “Na BR-230, entre o km 2,0 e o km 13,38, estão sendo planejadas sete novas passarelas”, adiantou. Ele disse ainda que há, também, passarelas feitas pelo Governo do Estado ou pelas prefeituras, com base nessa relação com os polos geradores da demanda de travessia de pedestres.

De acordo com Armando Marinho, diretor de Operações do Departamento de Estradas de Rodagem da Paraíba (DER-PB), a definição sobre a localização das passarelas cabe ao Dnit e às prefeituras. “Nas rodovias federais, quem define é o Dnit; na área urbana das cidades, é a prefeitura. O DER construiu três delas na BR-230, em João Pessoa, com a aquiescência do Dnit. Mas a responsabilidade do DER é somente nas rodovias estaduais”, reforçou. Marinho também disse não haver nenhuma passarela nas rodovias estaduais. “A primeira será construída no Arco Metropolitano, no distrito de Cicerolândia, em Santa Rita”, antecipou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de agosto de 2024.