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Caminhos da Fé

Igrejas coloniais vão contar história da capital paraibana

publicado: 02/08/2024 09h33, última modificação: 02/08/2024 09h33
Obras de restauração devem durar seis anos, mas o circuito de visitação já será estruturado em 2025
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Cruzeiro e adro do Convento Santo Antônio estão em processo adiantado de restauração | Foto: Leonardo Ariel

por Samantha Pimentel*

Contar a história da cidade a partir das edificações religiosas. Esse é o principal objetivo do Projeto Caminhos da Fé, de iniciativa da Arquidiocese da Paraíba. Embora a previsão de conclusão das obras de recuperação das igrejas históricas de João Pessoa, por onde se realizará o percurso, seja de até seis anos, o circuito de visitação deve começar a ser estruturado já a partir do próximo ano. É o que garante o diretor-geral do Centro Cultural São Francisco, o padre Marcondes Meneses.

“É um trabalho minucioso, que requer mais tempo para a sua execução”, disse ele, em relação ao processo de restauro e conservação dos monumentos e edifícios que compõem o projeto. Em áreas do Convento Santo Antônio, os trabalhos já estão bem adiantados, com a limpeza do cruzeiro, a intervenção na azulejaria portuguesa dos muros do adro e a restauração dos azulejos figurativos. As obras acontecem por meio de projeto elaborado com a orientação e a supervisão dos institutos do Patrimônio Histórico Nacional e Estadual (Iphan e Iphan-PB) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep).

“Queremos realizar o circuito pelas igrejas coloniais, contando a história da cidade de João Pessoa. Para fazer esse circuito a contento, já estamos fazendo ensaios com alguns grupos, mas o restauro e a recuperação são necessários, pois algumas igrejas precisam de uma intervenção mais demorada. O Projeto Caminhos da Fé será uma forma de promover a educação patrimonial”, destacou Marcondes. Segundo ele, na região do muro do adro, onde antes havia rebocos, está sendo feita a substituição por azulejos novos, além da limpeza da cantaria. “Também foram retirados os azulejos figurativos que ficavam em seis nichos, para serem restaurados. Depois, eles voltarão ao local”, explicou.

"Foram retirados os azulejos figurativos que ficavam em seis nichos, para serem restaurados. Depois, eles voltarão ao local"
- Marcondes Meneses

A arquiteta Cíntia Guedes, que trabalha nos serviços de recuperação dos azulejos do adro, disse que, nos locais onde havia sido feito um preenchimento com reboco — em partes cujas peças haviam se perdido —, esse rejunte foi retirado, para a colocação de novas peças, feitas com material o mais próximo possível das originais. “Já nas áreas onde ainda existem os azulejos, estamos fazendo a estabilização, para que o dano não piore. Houve muita perda, então, estamos fazendo conservação do que ainda existe, processo que demanda manutenção, de tempos em tempos. Tudo isso segundo as orientações do Iphan”, destacou.

Nesse processo de estabilização, segundo ela, é feito um tratamento específico para evitar o progresso do desgaste do material e impedir o acúmulo de água, que gera infiltrações. Cíntia explicou também que, no caso do cruzeiro, já está sendo realizada a manutenção da limpeza que foi feita inicialmente, e que esse processo deve ser constante, para manter e preservar o monumento histórico.

Depois dessa fase, conforme o padre Marcondes, serão feitas a limpeza e a recuperação da fachada da igreja. “Também haverá intervenção nos azulejos dessa parte, com limpeza, refixação e reintegração de algumas peças que estão caindo. Será a próxima fase”, adiantou. Ele disse ainda que o mesmo processo será realizado em outras igrejas da capital paraibana — a próxima da lista deve ser a Igreja e Mosteiro de São Bento.

Igrejas

A ideia do Projeto Caminhos da Fé é oferecer uma visitação com guias e monitores que possam contar a história do município a partir das edificações religiosas, recebendo grupos de escolas, turistas ou mesmo moradores que queiram conhecer melhor a história da capital paraibana. Devem integrar esse circuito, além do Centro Cultural São Francisco, a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, a Igreja e Mosteiro de São Bento, a Igreja da Misericórdia e a Igreja do Carmo, além da possibilidade de integração da Igreja de São Frei Pedro Gonçalves.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 02 de agosto de 2024.