Após a queda de 82 árvores na capital paraibana na última sexta-feira, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Seman-JP) vai abrir uma licitação para selecionar uma empresa terceirizada para acelerar o processo de manutenção das árvores. Já a Defesa Civil de João Pessoa continua realizando um trabalho preventivo para mitigação de danos nas áreas de risco. Em breve, o órgão realizará a instalação de sensores e outras tecnologias capazes de identificar a ocorrência do movimento de massa ou elevação dos níveis dos rios.
Semam- JP
O diretor de Controle Ambiental (DCA) da Semam-JP, Anderson Fontes, informou que a Seman realizou o projeto da licitação, apresentando os objetivos e justificativa para o trabalho de manutenção das árvores, mas a Secretaria de Administração está fazendo os trâmites legais.
Anderson explicou que a iniciativa da licitação não é recente, porém, com o evento do vendaval da semana passada está se tentando acelerar os trâmites. A ideia é que a empresa vencedora do certame trabalhe com tecnologia avançada no monitoramente do comportamento das árvores, apoiando o trabalho já realizado pela prefeitura. “Então, essa empresa deverá trabalhar com tomografia computadorizada, ultrassonografia, verificação de raízes em relação à batimetria com o solo, enfim, todo esse trabalho com relação ao monitoramento”, contou Anderson.
Ele acrescentou que, essa empresa também dará apoio à Prefeitura na remoção de árvores tombadas, dando mais celeridade a esse trabalho. “A gente já faz esse trabalho com a Sedurb, Corpo de Bombeiros, mas com a empresa a gente já vai poder tirar aquela cepa grande, limpando a área em tempo mais ágil, para a gente fazer o replantio”.
Número
Essas tecnologias vão auxiliar ainda mais as ações de prevenção e evacuação de trechos que estejam em risco geológico e hidrológico iminente --- Kelson Chaves
O número de árvores tombadas na semana passada foi o mais expressivo nos últimos 20 anos, considerando um curto período de tempo. Das 82 árvores registradas, 50% foram de grande porte (acima de 10 metros), 40% de média estrutura e outros 10% de pequeno porte. Segundo informações da Seman, 56 árvores foram da espécie exótica Ficus e 12 da espécie Leucena. As outras foram do tipo Oliveira, Eucalipto, Ipê, Ingazeiros, Casseas, entre outros. Na avaliação de Anderson Fontes, o número expressivo de árvores tombadas tem relação com diversos fatores: vento atípico, arquitetura das copas descaracterizadas, raízes compactadas no solo e plantio incorreto pela população.
“Boa parte das árvores que caíram não tinha 30 anos, exceto a das reservas florestais da Mata do Buraquinho. No caso da reserva, as árvores caem devido à sucessão ecológica. Já as árvores urbanas têm vários fatores como arquitetura da copa descaracterizada, alvenaria em cima do sistema radicular acabou atrapalhando o desenvolvimento da raiz, entre outros fatores. No Parque Parahyba, algumas árvores jovens caíram, pois o solo era raso. Quando fizeram a cova, a raiz não desenvolveu bem, levando ao tombamento. A população também acaba plantando de forma incorreta”, disse.
Defesa Civil vai usar sensores para detectar elevação de nível de rio
Segundo o coronel Kelson Chaves, coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, as áreas mais preocupantes que o órgão monitora são as comunidades ribeirinha, principalmente aquelas situadas nas margeiam o Rio Jaguaribe, encostas e barreiras, com destaque para o bairro São José, Cabo Branco, Alto do Mateus e Saturnino de Brito, pontos onde já ocorreram eventos de movimento de massa. “Esses locais, são periodicamente visitados e vistoriados por nossas equipes técnicas. Embora processem uma análise incipiente (a olho nu), até o momento a equipe não registrou novos casos, os locais se mantêm estáveis.”
De acordo com o coronel Kelson, a instalação de sensores e outras tecnologias são capazes de identificar a ocorrência do movimento de massa, como também a elevação dos níveis dos rios. “Essas tecnologias vão auxiliar ainda mais as ações de prevenção e evacuação de trechos que estejam em risco geológico e hidrológico iminente”, analisou.
Vendaval
Os ventos fortes, em média 74 km/h na madrugada da última sexta-feira, causaram alguns transtornos como várias ocorrências de quedas de árvores e galhos; danificação de cobertas, janelas e vidraças mas, sem nenhuma perda de vida. Por fim, o coronel Kelson ressalta a importância da colaboração da população durante as ações preventivas. “A população tem respondido de forma muito confiante aos esforços da gestão, compreendendo a necessidade de contribuir igualmente na construção de uma cidade melhor para se viver”, frisou.
Saiba Mais
Para minimizar o impacto das chuvas, a Secretaria de Infraestrutura de João Pessoa ( Seinfra) informou que realiza ações diárias de manutenção como o trabalho na rede de drenagem e a operação Tapa-Buraco. Também foram feitas ações em vias que registraram alagamentos constantes, como ao lado do viaduto do Forrock, na Rua Francisco Leocádio Coutinho (próximo ao Bessa Shopping). Esse investimento na rede de drenagem tem ajudado a minimizar os alagamentos em alguns pontos da cidade.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de fevereiro de 2024.