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síndrome gripal em alta

JP decreta situação de emergência

publicado: 03/05/2024 09h12, última modificação: 03/05/2024 09h12
Registros da doença entre crianças aumentaram 200% na capital; em todo o estado, houve alta de 35% nos casos gerais
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Segundo a Secretaria de Saúde da capital paraibana, alta dos casos em crianças já era esperada porque é algo sazonal | Foto: Ivomar Gomes/Secom-JP

Os serviços de saúde que compõem a rede pública municipal registraram, nos primeiros meses do ano, um aumento nos índices de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças, que levou a um aumento na ocupação dos leitos hospitalares voltados ao público infantil. Diante dessa situação, a Prefeitura de João Pessoa decretou situação de emergência, que tem validade de 90 dias, contados a partir da data de publicação do Decreto n° 10.619.  A Paraíba registrou 1.039 casos de SRAG entre 14 e 20 de abril, alta de 35,6% nas notificações em comparação ao boletim anterior.

Esse decreto não é teórico, ele realmente visa a preocupação da gestão em estar preparada para qualquer aumento substancial
- Luis Ferreira

Entre os meses de fevereiro e março, a cidade apresentou um aumento de mais de 200% nos casos de gripe em crianças. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro dos Bancários, em fevereiro, foram atendidas 224 crianças por Síndrome Respiratória Aguda Grave, enquanto em março foram 815. A unidade do bairro de Manaíra registrou 316 atendimentos de crianças por síndrome gripal em fevereiro e 855 em março. Já nas unidades localizadas nos bairros de Valentina e Cruz das Armas, o aumento foi ainda maior. Na UPA Valentina, a demanda aumentou de 440 casos atendidos em fevereiro para 1.185 em março. Na UPA Cruz das Armas, os casos cresceram de 324 (fevereiro) para 1.129 (março). 

Já no Hospital Municipal do Valentina (HMV), em fevereiro, foram registrados na urgência 1.589 casos de SRAG. Em março, o número de atendimentos saltou para 2.568. Também foi observado aumento no número de internações por síndrome respiratória em fevereiro, quando foram internadas 59 crianças e, em março, 99.  “Nós estabelecemos, desde o início do ano, uma política de aumento de capacidade das nossas redes hospitalares e de pré-atendimento hospitalar. Então, novos leitos foram abertos no Hospital do Valentina, de enfermaria e de UTI; novos profissionais foram contratados, com isso aumentamos o número de médicos nos plantões; otimizamos também a nossa compra de insumos já visualizando esse aumento significativo que sempre temos entre os meses de janeiro e março”, destacou o secretário de Saúde de João Pessoa, Luis Ferreira. 

Ele acrescentou que todas essas ações foram feitas com o Tesouro Municipal. Para que as ações fossem implementadas e houvesse o custeio do Ministério da Saúde, a recomendação do órgão nacional é de que seria preciso o decreto de um estado de emergência. “Esse decreto não é só teórico, ele realmente visa a preocupação da gestão em estar preparada para qualquer aumento substancial do que o que nós já tivemos. Então, não é para causar alarde na população, isso é um preparo administrativo para suprir as necessidades em saúde que a população de João Pessoa possa ter”, complementou o secretário. 

Sazonal

O secretário declarou que já espera um aumento de casos de gripe durante esta época do ano, porque é algo sazonal. “Por isso, nossas ações preventivas iniciaram já no começo do ano, e os reflexos das medidas que adotamos podem ser percebidos aos poucos, nos números apresentados pelos serviços atualmente”, destaca Luis Ferreira. 

Já entre março e abril, nas UPAs houve uma queda de cerca de 30% dos casos atendidos. No hospital infantil do Valentina também houve uma queda nos atendimentos de urgência, onde em março foram registrados 2.568 casos e, em abril, 1.996. As internações por SRAG também caíram 12%. Ontem, a taxa de ocupação dos leitos do Hospital Municipal do Valentina (HMV), que em março foi de 91%, está em 76% (enfermaria) e 75% (UTI). 

 Referência no atendimento infantojuvenil, o HMV  presta assistência ambulatorial e hospitalar de média complexidade, 24 horas por dia, para casos de urgência e emergência em pacientes infantis até adolescentes de 17 anos, 11 meses e 29 dias de vida.  O hospital também oferece atendimento clínico pediátrico, cirúrgico e de saúde mental para dependentes químicos, tentativas de suicídio e vítimas de abuso sexual. 

Hospital da Criança e do Adolescente realiza quase nove mil atendimentos 

Unidade de saúde registrou 8.964 atendimentos em 30 dias; maioria dos casos de urgência e emergência foi de síndromes respiratórias | Foto: Codecom/PMCG
O Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) atingiu um recorde histórico de atendimentos no mês de abril. A unidade hospitalar realizou 8.964 procedimentos nos 30 dias, o que representa uma média de quase 300 atendimentos por dia. No mesmo mês no ano passado, foram 6.543 procedimentos, o que significa um aumento de 36%.

O número de procedimentos representa mais que o dobro dos meses anteriores. O mês de março já havia sido o período com mais atendimentos historicamente, quando foram realizados mais de sete mil. A maior parte dos casos de urgência e emergência é de síndromes respiratórias ocasionadas pelo Vírus Sincicial Respiratório.

 Por causa disso, a Prefeitura de Campina Grande lançou no início do mês passado o projeto Campina Cuida das Crianças, que consiste na descentralização dos atendimentos pediátricos e na distribuição de dispositivos de lavagem nasal infantil na Atenção Primária à Saúde.

Atenção primária

O atendimento com pediatra nas policlínicas é voltado a casos de leves a moderados. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, nas policlínicas das Malvinas, Liberdade, Catolé e Bela Vista. No Centro de Saúde Francisco Pinto, no Centro, o horário é estendido até as 21h.

O município também disponibilizou 10 mil garrafinhas de lavagem nasal para serem distribuídas no HCA, bem como nas policlínicas que fazem o atendimento pediátrico e nos distritos de São José da Mata e Galante. O lavador nasal evita que a congestão nasal nas vias respiratórias superiores atinja os brônquios e os pulmões, o que pode causar bronquiolite e pneumonia.

O HCA tem mais de 50 leitos, entre enfermaria e UTI, e também tem 25 ambulatórios de atendimentos eletivos com tratamentos contínuos. Um deles, inclusive, é voltado a crianças com Síndrome de Down. O hospital atende pacientes de mais de 70 municípios pactuados da segunda macrorregião de saúde.

Paraíba amplia oferta de vacina contra gripe e reforça público-alvo

O Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), está ofertando, desde ontem, a vacina contra a gripe para toda a população a partir de seis meses de idade. A recomendação feita pelo Ministério da Saúde reforça o avanço na estratégia de imunização contra a Influenza, que é uma das síndromes respiratórias mais comuns e potencialmente graves.

A imunização é nossa principal aliada para a proteção contra a gripe e outras doenças
- Jhony Bezerra

De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Jhony Bezerra, a Paraíba apresenta uma cobertura vacinal de Influenza insuficiente, considerando a meta que é de 90%. “A imunização é nossa principal aliada para a proteção da população contra a gripe e muitas outras doenças. E temos avançado quanto à oferta e adesão vacinal, porém o percentual de cobertura da vacina contra a gripe na Paraíba na campanha de 2024 ainda corresponde a 32,50%. Por isso, precisamos aumentar a imunização dos grupos prioritários e de toda a população”, explicou.

Até a semana epidemiológica 16, de 14 a 20 de abril, a Paraíba registrou 1.039 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), havendo um aumento de 35,6% nas notificações quando comparado com o boletim anterior. A maior circulação viral no estado é da Influenza A. O estado já distribuiu 1.150.560 doses e possui mais de mil salas de vacinação espalhadas por todo o território.

Para a coordenadora do Núcleo de Imunizações da SES, Márcia Mayara, a ampliação é uma estratégia importante para a redução nas complicações e internações causadas pela gripe no estado, porém os municípios precisam aumentar a cobertura entre os grupos prioritários. “Mesmo com a ampliação, a gente reforça que os esforços e a atenção maior deve se manter para os grupos prioritários, principalmente crianças menores de cinco anos de idade e idosos com mais de 60 anos”, pontuou.

A SES reforça a necessidade dos cuidados de rotina, bem como a importância de adesão da vacinação, sendo uma maneira eficaz para evitar agravamento dos casos e óbitos. E destaca que no dia 18 de maio será realizado um novo dia D de vacinação, com a finalidade de facilitar a oferta do imunizante contra a Influenza para a população.

Público

O público-alvo da campanha contra Influenza é formado por: crianças de seis meses a menores de seis anos de idade; trabalhador da saúde; gestantes e puérperas; professores do ensino básico e superior; povos indígenas; quilombolas; idosos; pessoas em situação de rua; profissionais das forças de segurança e salvamento; profissionais das Forças Armadas; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, entre outros.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de maio de 2024.