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Barbárie de Queimadas

Mentor é transferido para o PB1

publicado: 08/10/2024 08h41, última modificação: 08/10/2024 08h41
Eduardo dos Santos fugiu do presídio em novembro de 2020 e foi preso em março deste ano, no Rio de Janeiro
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Eduardo (detallhe) foi levado para o PB1 por agentes femininas das polícias Civil e Penal | Fotos: Divulgação/Seap
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João Alves disse ser importante a transferência do condenado | Foto: Leonardo Ariel
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2024.10.07 Coletiva barbárie de Queimadas João Alves © Leonardo Ariel (6).JPG

por Marcella Alencar*

O mentor da Barbárie de Queimadas, Eduardo Pereira dos Santos, está de volta à Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes (PB1), em João Pessoa, para onde foi levado no último sábado (5), após ser preso na Cidade de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro.

 Na manhã de ontem, o secretário de Administração Penitenciária da Paraíba (Seap-PB), João Alves de Albuquerque, explicou em uma coletiva de imprensa na sede da Seap, no bairro de Jaguaribe, como o processo ocorreu ao longo dos últimos tempos.

 João Alves de Albuquerque esclareceu ser do interesse do Estado que Eduardo retornasse ao sistema penitenciário paraibano para cumprir a pena devida em território paraibano, “garantindo a segurança e justiça que a sociedade merece”, afirmou o secretário.

A transferência de Eduardo foi fruto de uma longa batalha judicial, que envolveu a análise de diversos pedidos e recursos. A juíza Andrea Arcoverde foi a responsável por conduzir o processo de recambiamento e, após analisar o caso, decidiu pelo retorno do condenado à Paraíba, atendendo ao pedido da Secretaria de Administração Penitenciária do estado.

Eduardo dos Santos Pereira, que havia sido preso em março deste ano no município de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, estava detido no Presídio Inspetor José Antônio da Costa Barros, em Gericinó, Zona Oeste do Rio. Sua transferência para João Pessoa foi autorizada pela desembargadora Suely Lopes Magalhães, no dia 19 do mês passado. A operação de escolta contou com o apoio das polícias Penal e Civil, e Eduardo foi transportado do Aeroporto Castro Pinto até o PB1 sob a escolta de oito policiais.

A decisão judicial levou em consideração os pedidos anteriores da Justiça da Paraíba para que o condenado retornasse ao estado. A defesa de Eduardo solicitou que ele cumprisse a pena no Rio de Janeiro, argumentando que ele é natural do estado e tem vínculos familiares e comerciais na região. No entanto, a Justiça decidiu pelo retorno, e Eduardo desembarcou no Aeroporto Castro Pinto, no início da noite do último sábado, sob rígido esquema de segurança, de acordo com João Alves.

“Para lembrar a Eduardo do evento que ele organizou e praticou o crime, nós colocamos na escolta mulheres da Polícia Civil e da Polícia Penal, responsáveis pela transferência dele. É preciso que ele lembre que há policiais que trabalham com profissionalismo no nosso estado”, comentou ainda o secretário. Ele acrescentou também que Eduardo está preso em uma cela separada para evitar qualquer acesso e possíveis articulações.

 Relembre o caso

Conhecido como a Barbárie de Queimadas, o crime ocorreu na noite de 12 de fevereiro de 2012, na cidade de Queimadas, Agreste da Paraíba, e chocou o país pelo nível de crueldade envolvido. Durante uma festa de aniversário, as vítimas foram feitas reféns, estupradas e posteriormente duas delas, a professora Izabella Pajuçara e a recepcionista Michele Domingos, foram assassinadas a mando do mentor, Eduardo dos Santos Pereira.

O crime resultou na prisão de 10 homens envolvidos, incluindo Eduardo, que foi condenado em 2012 a 108 anos e dois meses de prisão por homicídios, estupros, cárcere privado, corrupção de menores e outros crimes. Além de Eduardo, outros sete adultos e três adolescentes também foram condenados. Os adultos receberam penas que variavam de 26 a 44 anos de prisão, enquanto os adolescentes cumpriram medidas socioeducativas. O crime foi elucidado após uma das vítimas, que sobreviveu, conseguir reconhecer os agressores e colaborar com a polícia.

Eduardo dos Santos Pereira estava cumprindo sua pena na Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes (PB1), em João Pessoa, quando, em novembro de 2020, conseguiu escapar. A fuga ocorreu após um policial penal esquecer um molho de chaves na cozinha do presídio, local onde Eduardo trabalhava. Com as chaves, ele teve acesso ao almoxarifado e conseguiu fugir pela porta lateral da penitenciária.

Após mais de três anos foragido, Eduardo foi localizado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil da Paraíba, em uma operação que se encerrou em março deste ano, em Rio das Ostras, Rio de Janeiro.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de outubro de 2024.