Mais de 14 mil pessoas de todo o país já assinaram um abaixo-assinado solicitando a proteção das tartarugas marinhas na praia de Intermares, em Cabedelo. O motivo da mobilização, organizada por paraibanos, é sobre o Projeto Orla, que pretende construir quiosques no trecho litorâneo do município. Os moradores da região afirmam que a praia de Intermares é um dos poucos locais onde as tartarugas marinhas colocam seus ovos na Paraíba e há o temor sobre o impacto da obra na vida desses animais.
A servidora pública federal aposentada Cintia Ferreira é a responsável pela elaboração do abaixo-assinado, intitulado “Proteja a Reserva Ecológica de Intermares e a Desova das Tartarugas Marinhas”. Ela disse que escolheu morar em Intermares por causa das características únicas: a vegetação nativa da orla e, principalmente, por ser o berçário das tartarugas marinhas. “O Projeto Orla ameaça essas características e, principalmente, pode comprometer a integridade do berçário de tartarugas marinhas”, explicou.
A principal reivindicação do documento é que o habitat natural dos animais seja preservado. “Para isso, é fundamental que a vegetação nativa não seja ameaçada e o ambiente seja adequado em relação ao barulho e iluminação. A propaganda do prefeito Vitor Hugo se baseia em quiosques que atraiam mais pessoas para consumo na praia e naturalmente noite adentro, com mais luz e barulho”.
Ela explicou todas as demandas do abaixo-assinado. “Reivindicamos a preservação da vegetação nativa e a readequação da iluminação pública para se ajustar ao processo de desova e nascimento das tartarugas”.
Segundo ela, a população ainda pede que os quiosques não sejam construídos sobre a área atual da calçada para que ela não seja desviada para cima da vegetação e que os pontos de comércio tenham restrição de horário de funcionamento.
O secretário de Planejamento Urbano e Habitação da Prefeitura de Cabedelo, Rodrigo Martines, comentou sobre o assunto. “A obra não dá nenhum conflito com a questão das tartarugas, até porque a área de intervenção da obra visa à reurbanização dos trechos já consolidados, com calçada e ciclovia nos trechos já urbanizados”, explicou. Ele acrescentou que o projeto prevê acessibilidade com passarelas ecológicas suspensas, que vão garantir melhor acesso e proteção da vegetação nas orlas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de maio de 2024.