por André Resende*
Dia de luta e memória. Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra vai levar movimentos sociais e entidades de classe às ruas de João Pessoa hoje e amanhã. Na pauta, a luta antirracista, a cobrança da verdadeira libertação para o povo negro e a valorização da cultura afro-brasileira. Entre atos de rua divulgados estão a Marcha da Negritude da Paraíba, marcada para as 14h de hoje com concentração no Teatro Santa Roza no Centro, e o Arrastão da Consciência Negra Maracastelo, marcado para amanhã (20), às 15h, com concentração na Praça da Amizade no Rangel.
“O terceiro ano da marcha traz o mote ‘O Povo Negro Resiste, Não Morreremos de Fome, Nem de Bala, Nem de Covid-19, Queremos Viver’. Estaremos na rua fazendo essa denúncia do racismo que mata, das políticas genocidas que matam, da violência contra as pessoas negras”, comentou Lourdes Teixeira, diretora de Gênero, Raça e Etnia do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (SintesPB).
De acordo com Lourdes Teixeira, o ato de hoje é unificado, com a participação de vários movimentos sociais e entidades sindicais como, AdufPB, SintefPB, além do apoio da Prefeitura de João Pessoa. “Saíremos em marchar no sentido Lagoa, onde encerraremos o nosso ato. Na dispersão, teremos falas dos movimentos sociais participantes, de sindicalistas, parlamentares e também estaremos congregando atividades artísticas e culturais, tanto na concentração, quanto na dispersão”, detalhou Lourdes.
Coletivo volta com tambores na rua
Por sua vez, o ato de sábado promovido pelo Coletivo Maracastelo, voltará a ser realizado desde 2019, tendo em vista que ano passado não foi realizado em decorrência da pandemia. A mestra e gestora do Ponto de Cultura Maracastelo, Angela Gaeta, comenta que vai colocar os tambores na rua não só para exaltar a cultura afro-brasileira, mas para batucar contra o racismo e a intolerância religiosa.
“Para este ano, nosso arrastão vai acontecer pela primeira vez na região dos bairros do Cristo e Rangel. Nos anos anteriores fizemos em outros locais da cidade, como o Castelo Branco e o Centro. Vai ser muito importante, porque o Cristo e o Rangel são nossos principais pontos de atuação cultural. Queremos levar às ruas a cultura popular e mostrar o valor da contribuição do povo negro para nossa sociedade”, comentou.
Ainda de acordo com Angela Gaeta, muito embora a data agregue uma mobilização de luta, o arrastão é um evento cultural. “É um evento tradicional dentro do trabalho do Coletivo Maracastelo e vem com a proposta de fazer uma reflexão da contribuição do negro para formação da sociedade brasileira, nosso papel dentro da luta antirracista enquanto brincantes da cultura popular brasileira e para mostrar que o maracatu não está somente ligado ao carnaval”, comentou.
O 7º Arrastão do Maracastelo prevê a concentração a partir das 15h na praça da amizade, no bairro do Rangel, localizada na Avenida Mourão Rangel, número 157. A partir da concentração, o batuque segue pelas ruas dos bairros vizinhos, até a Casa de Cultura Vó Mera, que também fica no bairro do Rangel.
“Como a gente vem de um processo de oficina, a nossa missão não é ensinar somente a parte mecânica do maracatu, a gente se preocupa em ensinar as questões históricas, culturais e religiosas que se relacionam diretamente com o maracatu. Queremos formar novos brincantes populares que tenham a consciência histórica e o compromisso com a luta antirracista, até porque é uma luta de todos os brasileiros e brasileiras”, ressaltou Angela Gaeta.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 19 de novembro de 2021