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Mulheres enfrentam barreiras e se destacam em efetivo da polícia da PB

publicado: 08/03/2017 00h05, última modificação: 08/03/2017 13h52
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A capitã Carla Marques ingressou na Polícia Militar há quase 15 anos e comandou a Força Tática do 1º Batalhão da PMPB - Foto: Arquivo Pessoal

tags: polícia militar da paraíba , governo do paraíba , dia da mulher , mulheres


Cardoso Filho

Os órgãos de segurança pública da Paraíba possuem um grande número de mulheres nas suas fileiras. A Polícia Militar já tem mais de 700, na Polícia Civil do Estado o número se aproxima de 650 e o Corpo de Bombeiros tem mais de 110 militares mulheres. Muitas delas ocupam cargos de confiança e comandam seções importantes.

Algumas dessas mulheres se destacam pelas funções que exercem. Allyenn Menezes é motorista do caminhão plataforma e também do Auto Bomba Tanque (ABT). Suana Melo é presidente da Associação dos Policiais Civis da Paraíba, entidade que congrega pouco mais de mil associados, enquanto que a capitã Carla Marques é uma das responsáveis pela interação entre Polícia Militar e a imprensa. Denise Brito, agente penitenciária, integra o Grupo de Operações.

Cada uma dessas mulheres, somadas a outras que fazem parte da força de segurança da Paraíba realizam suas funções com um importante objetivo: oferecer à sociedade a sensação de segurança e a proteção que merece.

A capitã Carla Marques ingressou na Polícia Militar em agosto de 2002, após ser aprovada no Curso de Formação de Soldado, passando a trabalhar na Coordenadoria de Inteligência do Comando Geral. Dois anos depois, ingressou no Curso de Formação de Oficiais e desde então passou por várias unidades, inclusive comandou a Força Tática do 1º Batalhão.

Para a oficial da PM paraibana, que completa 15 anos na corporação, a instituição viveu alguns avanços quanto à absorção do público feminino em suas fileiras. Segundo ela, por integrar uma sociedade permeada de conceitos machistas e patriarcais, a mulher acaba também enfrentando isso dentro da instituição. “Embora as mulheres tenham conquistado um espaço valioso dentro da PMPB, alguns colegas de farda ainda têm perspectivas equivocadas a respeito das mulheres, como se não fôssemos capazes de desempenhar os diversos papéis requeridos dentro da corporação”, enfatiza.

Carla lembra que as mulheres têm ocupado cada vez mais espaço na atividade fim, ou seja na “rua”, no policiamento ordinário ou mesmo em tropas especializadas. Nas ações policiais nas ruas, a presença das mulheres tem sido cada vez mais constante. Três já chegaram ao posto mais alto da corporação. São elas, as coronéis Socorro Cristiane, Iris Oliveira e Christiane Wildt.

Ainda segundo a capitã, a maior dificuldade para uma mulher que tenta se afirmar em um universo predominantemente masculino, caso de uma corporação militar, é justamente lidar com os preconceitos e barreiras surgidos em torno da ideia que descreve a mulher como frágil e incapaz de atuar plenamente em profissões como a de policial militar, contudo, no ano em que a PMPB completa 30 anos do ingresso das primeiras mulheres, verificam-se muitas conquistas, iniciadas por estas pioneiras que foram preparando caminho e abrindo portas “para que eu e outras pudéssemos exercer papéis importantes hoje na corporação”.

Exemplos de profissionalismo e qualificação 

A escrivã e escritora Suana Guarani ingressou na Polícia Militar em 2003 e já integrou a equipe de diversas delegacias

A escrivã Suana Guarani de Melo ingressou na Polícia Civil paraibana em 2003, através de concurso público. Já passou por várias delegacias. Para ela, o trabalho da mulher contemporânea, que quer espaço no mercado de trabalho, que disputa intelectualmente ocupar patamares elevados, e principalmente se impor, requer sempre esforço triplo. Isto porque a mulher não é apenas trabalhadora fora de casa, mas também dentro da própria casa, onde cuida de sua família, seja ela tradicional ou não.

Além de organizar os afazeres domésticos, a mulher, diz Suana, tem que educar os filhos, cuidar do relacionamento com o/a companheiro/a. Afora as atividades, descansar é essencial. “Essa é minha rotina de trabalho’, comemora. Com 35 anos de idade, Suana se diz orgulhosa do que faz, mesmo não sendo a profissão que almejava desde criança, mas foi a que se identificou.

Na polícia, as mulheres trabalham em dobro para provarem que são capazes, e para impor respeito. Mesmo havendo muito respeito por parte da maioria dos colegas de trabalho, existem casos de machismo e de assédio moral com certeza, como existe em qualquer outra profissão.

Na instituição, existem mulheres ocupando cargos de chefia e cargos administrativos, obviamente por aptidão ou por qualificação. Outras gostam da investigação criminal, o ‘serviço de rua’, que é uma atividade apaixonante, e que faz com que muitas continuem exercendo esse trabalho, uma atividade complexa, de alto risco.

Mas as mulheres nas equipes policiais não são sempre protegidas, elas são muito bem recepcionadas, pois os policiais homens sabem que a mulher tem mais perspicácia e sensibilidade, e em vários momentos o trabalho delas na investigação criminal faz toda a diferença.

Suana é formada em Direito, possui especialização em Gestão e Tecnologias Educacionais, em Segurança Pública e Direitos humanos e é Mestre em Direitos Humanos também. Realizou pesquisas focando as organizações criminosas que atuam no tráfico de seres humanos. É autora do livro Direitos Humanos na Formação do Policial Civil.

A escrivã fez questão de frisar que já foi preciso se impor dentro do trabalho, pois alguns homens (policiais ou não) por não conhecerem ou por subestimarem a mulher policial, acabam passando dos limites em algumas posturas, e isso não pode ser admitido. "Nenhuma mulher deve aceitar ser humilhada dentro de sua casa, no trabalho, ou seja, ninguém merece humilhação em nenhum lugar. Qualquer tentativa de humilhar ou subjugar outro indivíduo deve ser repudiada e duramente combatida".

Momentos tensos A jovem Allyenn Duarte é soldado do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba e atua como motorista da Auto Plataforma Aérea e dos caminhões Auto Bomba Tanque

Allyenn Duarte Soares de Menezes, soldado do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, exerce uma função de muita responsabilidade na corporação. Ela é motorista da Auto Plataforma Aérea (APA) e também de caminhões Auto Bomba Tanque (ABT).

Filha de militar, a jovem disse que seu sonho era seguir a carreira do pai, começou a estudar e fez o concurso. “Estou muito feliz porque era o que eu queria. Minha família se orgulha de mim”, acrescentou.

Na corporação, revela Allyenn, chegou a sofrer preconceito por parte de alguns homens. “O tempo passou e eles entenderam”, comemora a militar. Na função de condutora da Auto Plataforma Aérea, a jovem disse que o momento mais tenso na sua profissão foi atender um caso de incêndio de grandes proporções na fábrica Brastex, localizada na região metropolitana de João Pessoa.

Ordem e segurança 

A agente penitenciária Denise Brito já atuou como diretora do presídio feminino de Cajazeiras

Denise de Brito Silva é agente penitenciária desde 2010, após aprovação em concurso público. Atualmente faz parte do Grupo Penitenciário de Operações Especiais (GPOE). Mesmo sendo mulher, num ambiente predominantemente masculino, ela garante que a igualdade de gênero é respeitada e apesar das oportunidades de ascensão serem escassas, elas estão conquistando espaço com maestria. A servidora faz parte do primeiro concurso público realizado para o sistema penitenciário da Paraíba, no ano de 2007, para preenchimento de 1.670 vagas para homens e 370 vagas para mulheres.

Ela adianta que mesmo com algumas atribuições diferentes do masculino, o intuito é executar o trabalho de forma harmoniosa, mantendo a ordem e a segurança das unidades prisionais. “Mesmo sendo a 2ª profissão de maior risco em todo o mundo, a mulher, como eu, não se amedronta, mas encara todos os desafios, mostrando que somos excelentes no que fazemos”, ressalta.

Denise iniciou suas atividades como agente penitenciária no presídio feminino de João Pessoa. Ela narra que no primeiro momento foi impactante, pois nunca havia estado frente a frente com pessoas que cometeram delitos. Também ficou impressionada com a frieza que algumas internas contavam. Sentiu-se surpresa por ter encontrado mãe, filha e avó recolhidas no mesmo presídio. Chegou a assumir a direção do presídio feminino de Cajazeiras, mas antes participou de um curso interno oferecido pela Secretaria de Administração Penitenciária para fazer parte de um grupo de escoltas de alto risco e intervenção nos presídios em situações de motins e rebeliões, trabalhando também de forma preventiva.