A previsão de chuva intensa acende o alerta em órgãos de proteção e, principalmente, nas pessoas que moram em áreas que apresentam risco para ocorrência de desastres naturais. Na Paraíba, 15 cidades são monitoradas durante 24h para evitar possíveis tragédias decorrentes de alagamentos, inundações e deslizamentos de terra.
João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Bayeux, Sousa, Patos, Alagoa Grande, Alagoinha, Caaporã, Coremas, Mataraca, Mulungu, Pitimbu, São Bento e Sapé são classificados como vulneráveis a desastres naturais. Nestas cidades há riscos de movimentos de massa, como deslizamentos de terra; e/ou hidrológicos, que são inundações, alagamentos, enxurradas.
O Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais monitora os municípios paraibanos por meio do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A diretora do Cemaden, Regina Célia dos Santos Alvalá, explicou que os alertas, quando emitidos, são encaminhados ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, que os retransmite para os órgãos estaduais e municipais de Defesa Civil.
Ela esclareceu ainda que informações providas por radar meteorológico, dados de descargas atmosféricas, previsões de chuvas providas por modelos meteorológicos e dados de chuvas estimados a partir de dados de satélites meteorológicos são considerados pelo Cemaden/MCTI para monitorar o município e emitir os alertas quando há probabilidade de ocorrência de desastres geo-hidrometeorológicos na cidade.
O Plano, que tem por base o Censo Demográfico de 2018, apontou que na Paraíba 36.395 pessoas vivem em áreas vulneráveis a ocorrência de desastres naturais. O maior número se concentra na capital, com 13.890 pessoas vivendo em áreas de risco. Em Sousa, no Sertão paraibano, são 4.561 pessoas na mesma situação. Em seguida aparece o município de Alagoa Grande, onde 3.589 moram em regiões consideradas de risco.
O quantitativo da população vivendo em áreas suscetíveis a desastres naturais no estado pode aumentar, já que os dados serão em breve atualizados com base no último Censo Demográfico de 2022. A partir da atualização, a expectativa é que o total da população brasileira vivendo em áreas de risco suba dos atuais 8,2 milhões para 10 milhões.
Na Paraíba, a Sala de Situação, Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), é o local destinado a monitorar as condições climáticas e emitir avisos quando são identificadas previsões para possíveis eventos extremos. A meteorologista Marle Bandeira explicou que nos casos de chuvas mais significativas os avisos são enviados para Defesa Civil e órgãos tomadores de decisão.
Uma pesquisa elaborada pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Geografia Física e Dinâmicas Socioambientais (Geofisa) e Laboratório de Climatologia Geográfica (Climageo) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) mostra que no estado 18 municípios apresentam maior índice de risco frente às inundações. O Atlas “Riscos, vulnerabilidades e desastres hidroclimáticos no Estado da Paraíba: subsídios ao planejamento e à gestão dos territórios” foi divulgado na última quarta-feira (15).
Para se obter a suscetibilidade à inundação, foram considerados os seguintes critérios: proximidade com a rede de drenagem, declividade igual ou inferior a 3% e as chuvas extremas. O estudo analisou a infraestrutura dos municípios, renda e situação social da população.
Cabedelo, Bayeux, Poço de José de Moura e Marizópolis representam 2% das cidades da Paraíba que estão inseridos na classe que representa, percentualmente, a maior área do município com a condição topográfica mais propícia à ocorrência de inundações.
O estudo concluiu que o Índice de Risco de Desastres de Inundações (IRDI) é maior em 8% dos municípios, sendo eles: Coremas, Santana de Mangueira, São José da Lagoa Tapada e Catingueira; Lastro e São Bento; São João do Tigre, São José dos Cordeiros e Assunção; São José dos Ramos, Pilar, Natuba, no Agreste; Alagoa Grande; e Cruz do Espírito Santo, Lucena, Alhandra, Caaporã e Cabedelo.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de março de 2023.