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trabalho colaborativo

Núcleo da UEPB desenvolve projetos em saúde desde 2006

publicado: 19/09/2024 08h57, última modificação: 19/09/2024 08h57
2024.09.18 Centro Universitário - NUTES-UEPB - o núcleo domina os processos desde a concepção até a ida para o mercado © Julio Cezar Peres (9).JPG

Nutes também atua com o desenvolvimento de softwares | Fotos: Julio Cezar Peres

por Maria Beatriz Oliveira*

Durante a pandemia, quando o país se preocupava com a superlotação dos hospitais e a grande demanda de ventiladores mecânicos, o Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), trabalhava para projetar, fabricar, testar e enviar esses aparelhos aos centros médicos de todo o Brasil.

"Temos plataformas web de gerenciamento hospitalar e monitoramento inteligente de idosos"
- Misael Morais

Criado em 2006, a partir de um convênio com o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Nutes nasceu de uma ideia de Misael Morais, professor e engenheiro eletrônico: unir as necessidades da área da saúde com as inovações tecnológicas que surgiam na época. Atual coordenador-geral do núcleo, Misael ressalta que é preciso trabalhar de forma multidisciplinar. “Temos engenheiros, médicos, cientistas da computação e da informática, fisioterapeutas e dentistas trabalhando juntos. Eu, como engenheiro, consigo projetar produtos, mas não sei que produtos precisam ser projetados. O médico, no dia a dia do hospital, é quem sabe o que precisa, mas ele não sabe produzir. Por isso, é importante o trabalho conjunto”, explicou.

A partir da colaboração entre pesquisadores e profissionais, o Nutes é, hoje, o único laboratório que está inserido em uma universidade e é capaz de realizar todas as etapas da concepção de um novo equipamento, desde o conceito até a disponibilização no mercado. Possui, inclusive, certificação da Anvisa, que é nacional, e o ISO 13485, que é um certificado internacional.

 Projetos

O principal setor de produção do núcleo é o de dispositivos médicos. Alguns dos aparelhos produzidos são os monitores paramétricos — usados para fazer a leitura dos sinais vitais dos pacientes —, os desfibriladores e os ventiladores mecânicos. Além disso, o Nutes também atua com o desenvolvimento de softwares focados na saúde. “Temos plataformas web de gerenciamento hospitalar e monitoramento inteligente de idosos. Este último é um equipamento semelhante a uma pulseira, com dados sobre a saúde do idoso, que podem ser acessados pelo médico ou por um familiar, em tempo real. Hoje, há cerca de dois mil idosos monitorados por esse aparelho no Brasil. Uma casa de idosos na Holanda também utiliza o nosso sistema nos residentes”, disse Misael.

Aplicações práticas

Por meio da tecnologia de impressão 3D, o Nutes é capaz de auxiliar o corpo médico do Hospital de Trauma de Campina Grande no planejamento de uma cirurgia, confeccionando biomodelos e guias cirúrgicos para a equipe ter previsibilidade no momento do procedimento. “Com essa tecnologia, diminuímos drasticamente o tempo de uma cirurgia. Há procedimentos que, antes, eram feitos em quatro horas, e agora só levam 40 minutos. Também diminuíram o tempo de recuperação do paciente e a chance de erros médicos”, detalhou Diego de Melo, analista de qualidade do Nutes. Com a tecnologia de impressão 3D, também é possível confeccionar próteses, mãos biônicas, máscaras faciais esportivas de proteção, dentre outros. 

A mais nova criação do Nutes é a palmilha inteligente, um dispositivo de monitoramento de dados de saúde voltado para atletas e idosos, capaz de detectar informações relevantes do bem-estar do usuário a partir da sua pisada. A palmilha, primeira do tipo criada no Brasil, foi toda desenvolvida nos laboratórios do núcleo. Atualmente, está em fase de análise pela Anvisa e pelo Inmetro para, posteriormente, ser lançada no mercado.

O núcleo atende, ainda, a solicitações do Governo da Paraíba, desenvolvendo soluções que melhorem a qualidade do atendimento e serviços de saúde pública no estado. A plataforma regNutes, utilizada para a realização de cirurgias do Opera Paraíba, por exemplo, foi um dos pedidos feitos ao centro de pesquisa, assim como a plataforma Vacina Paraíba, usada para cadastrar a vacinação dos paraibanos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 19 de setembro de 2024.