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NA PARAÍBA

Número de infartos tem alta de 82%

publicado: 18/03/2024 08h51, última modificação: 18/03/2024 08h51
Registro de atendimentos hospitalares foi de 1.518 em 2022 e deu um salto para 2.767 no ano passado

por Alexandra Tavares*

Estresse, sedentarismo, hipertensão arterial, diabetes, má alimentação. Que prejuízos esses fatores trazem ao nosso coração? A pergunta é apropriada ao analisarmos o ritmo de vida da população e o aumento de infartos agudos do miocárdio registrados na Paraíba. Dados do Ministério da Saúde (MS) mostram que, no ano passado, o estado registrou 2.767 atendimentos hospitalares referentes a essa demanda. O número é 82,27% maior do que o ano anterior, quando foram atendidos 1.518 pacientes.

Na análise por idade, o MS apontou que a incidência de casos teve maior alta na faixa etária entre 41 e 60 anos. Foram 435 atendimentos em 2022 e 838 em 2023, um crescimento de 92,64%. Em segundo lugar vêm os pacientes entre 18 e 40 anos, cujos atendimentos hospitalares chegaram a 58 em 2022 e 111 no ano passado, um acréscimo de 91,37%. (Veja dados completos no infográfico).

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“A vida estressante, o tabagismo, etilismo em excesso e o sedentarismo predispõem ao aparecimento de doenças como hipertensão, obesidade e o diabetes. E essas doenças aumentam a chance de infarto”, afirmou o cardiologista Glauco de Gusmão, presidente da Sociedade Paraibana de Cardiologia.

Segundo ele, a correria da sociedade atual, sem tempo para o autocuidado, forma uma conjuntura favorável ao adoecimento. O paraibano que não deseja fazer parte das estatísticas de doenças coronárias precisa adotar um estilo de vida saudável, evitando a inatividade física, cuidando da alimentação e se afastando do cigarro, seja eletrônico ou de qualquer outro tipo.

“O tabagismo aumenta muito a chance de ter infarto porque deixa todo o endotélio, que é a capinha de células que cobrem as artérias, inflamada. Essa inflamação predispõe ao surgimento de placas de ateromatose (gordura), que com o passar do tempo, pode levar a uma obstrução das vias coronárias”, comentou Glauco.

O excesso de peso é outro fator de risco. O cardiologista explicou que a obesidade deixa o corpo em um estado inflamatório e aumenta a possibilidade de desenvolver quadro de hipertensão arterial sistêmica e diabetes. “Quem já é hipertenso e diabético deve manter o controle rigoroso dos níveis pressóricos.”

O cidadão que não faz atividade física deve repensar urgentemente sua postura, pois essa prática é vista por especialistas como uma espécie de “remédio” para o organismo, trazendo apenas vantagens para o corpo e a mente. Glauco de Gusmão afirmou que já há estudos abordando a importância do exercício físico para tratar depressão, ansiedade e doenças coronárias, inclusive Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A manutenção de uma postura positiva diante dos desafios da vida e a atenção à saúde mental também estão ligadas ao bem-estar geral do ser humano. “Todas as doenças têm a ver com o estado emocional de cada pessoa. De um modo geral, começam nos estados emocionais desequilibrados que baixam nossa imunidade e predispõem ao surgimento de doenças”, declarou.

Sobre o maior número de infartos no estado, o cardiologista disse que os registros também estão relacionados à melhoria do serviço especializado na Paraíba, pois com um maior volume de pacientes se tratando, há maior notificação da demanda. Nesse aspecto, ele citou dois importantes centros de atendimentos voltados para esses pacientes: o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade estadual situada em Santa Rita, e o Hospital Santa Isabel, administrado pela Prefeitura de João Pessoa. “A gente começou a acompanhar muito mais pessoas que antes não tinham esse serviço. Acho que o grande diferencial da Paraíba é isso, passamos a ter um acompanhamento melhor com essas unidades”, enfocou Glauco.

A vida estressante, o tabagismo, etilismo em excesso e o sedentarismo predispõem ao aparecimento de doenças como hipertensão, obesidade e o diabetes. E essas doenças aumentam a chance de infarto.   -   Glauco de Gusmão

Saiba mais

Quando se fala em doenças coronárias, é comum se ver no universo digital fake news associando esses registros à vacina de Covid-19. Para desmistificar o assunto, o presidente da Sociedade Paraibana de Cardiologia, Glauco de Gusmão, é enfático. “Vacina só faz bem e quem divulga essa informação está prestando um desserviço”. Segundo ele, “não há qualquer instituição séria que comprove essa informação”, pois o mundo todo foi vacinado e os países só saíram da pandemia por conta dos imunizantes. “As provas estão aí, mas para quem quer ver. Não só a vacina de Covid-19, mas todas as vacinas salvam vidas.”

*Matéria publicada originalmente na versão impressa do dia 19 de março de 2024.