A Justiça Federal da Paraíba (JFPB) confirmou, ontem (03), a autorização da Justiça argentina pelo pedido de extradição dos paraibanos Antonio Neto e Fabrícia Farias, casal sócio-proprietário da empresa Braiscompany, sediada em Campina Grande. Segundo o órgão, a decisão argentina foi proferida em 26 de novembro. O Tribunal Nacional Criminal e Correcional Federal nº 2 declarou procedentes os pedidos da autoridade brasileira, com base no Tratado de Extradição entre Brasil e Argentina e na legislação local.
“A decisão autoriza a extradição dos dois réus pelos fatos que motivaram a solicitação encaminhada pela Justiça Federal na Paraíba. A Justiça argentina registrou ainda que o período de detenção de Antonio Inácio da Silva Neto deverá ser computado no processo brasileiro. A decisão está sujeita a recurso”, informou, em nota, a JFPB. Ainda não há data definida para a extradição propriamente dita.
O casal fugiu do Brasil em 2023, sendo considerado foragido internacional, inclusive com os nomes na lista da Interpol, e foi capturado em 29 de fevereiro deste ano, na cidade argentina de Escobar. Ambos são acusados de desviar mais de R$ 1 bilhão e fazer mais de 20 mil vítimas pelo país, a partir de um esquema de crime financeiro. A condenação identificou que a Braiscompany era especializada em gestão de ativos digitais e soluções em tecnologia blockchain.
Atualmente, Antonio encontra-se em prisão domiciliar e a esposa responde em liberdade, tanto por colaborar com a Justiça como pelo fato de precisar cuidar dos filhos do casal, já que não dispõe do apoio de parentes no país vizinho.
A reportagem do jornal A União tentou contato com a defesa do casal, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.
Entenda
Como apurado pelas autoridades, investidores convertiam dinheiro em ativos digitais, que eram “alugados” para a Braiscompany e ficavam sob a gestão da empresa pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela locação dessas criptomoedas, com a promessa de um retorno financeiro de 8% ao mês.
No fim de 2022, a empresa deixou de pagar os rendimentos mensais e o caso ganhou repercussão com a denúncia que o ator Lucas Veloso, um de seus clientes, publicou nas redes sociais. Em fevereiro de 2023, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu inquérito contra a Braiscompany e a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Halving, que passou a investigar os donos e sócios da companhia, por crimes como pirâmide financeira, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 4 de dezembro de 2025.