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centro de valorização da vida

PB é líder de atendimento no país

publicado: 17/10/2024 09h18, última modificação: 17/10/2024 09h18
Unidade estadual da entidade, que presta apoio emocional por telefone, tem o maior volume proporcional de ligações
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Em três horas semanais de serviço, atendentes do CVV oferecem amparo a usuários de todo o Brasil | Foto: Divulgação/CVV

por Marcelo Lima*

Na comparação com todos os outros Centros de Valorização da Vida (CVV) pelo Brasil, a unidade da Paraíba é, proporcionalmente, aquela que mais recebe ligações telefônicas. Segundo os dados mais recentes da associação filantrópica, dedicada a oferecer apoio emocional gratuito e prevenir suicídios, no mês de junho deste ano, o estado registrou 197 chamadas a cada 100 mil habitantes — seguido do Piauí (180 ligações), do Distrito Federal (177), de Rondônia (176) e de São Paulo (162).

No entanto, como explica a coordenadora do posto do CVV em João Pessoa, Vera Motta, isso ocorre por mérito da equipe de 35 voluntários locais da entidade, que atendem a ligações de diversos lugares do país, não apenas do estado. “Isso [o desempenho em junho] é muito bom e gratificante. Mostra que os voluntários estavam atentos [às chamadas]. As ligações são do Brasil todo, é raro receber ligações da própria Paraíba”, revela a representante da associação.

A alta taxa de telefonemas observada em junho não é um caso isolado; o CVV na Paraíba aparece frequentemente entre as unidades com os maiores volumes proporcionais de atendimento do Brasil. Em maio deste ano, o Centro paraibano ficou na sexta colocação do ranking nacional, tendo contabilizado 198 ligações por 100 mil habitantes. Já em junho de 2023, a unidade do estado ocupou a segunda posição, com 196 chamadas a cada 100 mil moradores.

O número total de atendimentos em junho de 2024 foi de 7.939. Contudo, é a taxa de ligações por 100 mil habitantes que permite uma comparação significativa com outros estados, de populações maiores ou menores. Para Motta, atender a chamadas de todo o território nacional é um ponto positivo para o serviço. “Dá mais credibilidade ao nosso trabalho, na questão do sigilo. Isso passa segurança para a outra pessoa”, pontua a coordenadora do CVV em João Pessoa.

 Escuta qualificada

Com o objetivo de prestar suporte emocional a pessoas em sofrimento psíquico e combater o suicídio, o CVV oferece, desde 1962, uma escuta qualificada — sem julgamentos ou opiniões — para todos aqueles que quiserem entrar em contato pelos diferentes meios de comunicação da associação.

O principal canal é o número de telefone 188, válido para qualquer parte do país. Mas o Centro também atende via e-mail (apoioemocional@cvv.org.br) e por meio de chat no site https://www.cvv.org.br. Vale lembrar que o atendimento do CVV não substitui a psicoterapia ou outros tipos de tratamento para a saúde mental, caso sejam necessários. Vera Motta esclarece, ainda, que a entidade não consiste em um serviço de aconselhamento, apesar de muitas pessoas a contatarem solicitando orientações sobre situações enfrentadas. “Com muita amorosidade, a gente fala: ‘Quantas vezes você pediu um conselho a uma pessoa e, chegando lá na frente, deu errado?’”, exemplifica a representante do CVV, acrescentando que, nesses casos, o usuário costuma encontrar possíveis soluções por conta própria, ao longo do atendimento. “Ele começa a perceber que tudo está lá, dentro dele”, conclui Motta.

Fundada em 1962, associação filantrópica de prevenção ao suicídio também opera via e-mail e chat

Voluntários passam por curso de capacitação

Mesmo com o desempenho de destaque nacional, a coordenadora do CVV em João Pessoa salienta que novos membros são sempre bem-vindos à associação. “Quanto mais voluntários tivermos, mais agilidade no atendimento”, diz Vera Motta. O objetivo é evitar que se formem filas de espera de usuários da principal linha telefônica de prevenção ao suicídio no Brasil.

Para lidar com questões envolvendo solidão, tristeza, depressão, ansiedade e todos os tipos de perdas, os voluntários do CVV passam por um curso de capacitação antes de dedicar três horas semanais ao serviço — sendo que aqueles que já atuam na entidade também se submetem a aperfeiçoamentos constantes.

Os interessados no trabalho voluntário precisam ter mais de 18 anos de idade e se inscrever no site do CVV. Assim que constata uma quantidade suficiente de candidatos para a formação de turmas em determinada localidade, a equipe do CVV entra em contato com eles.

Há, ainda, a possibilidade de realizar os atendimentos diretamente de casa. De acordo com Vera, porém, é necessário que o ambiente escolhido para o trabalho não sofra perturbações durante os telefonemas, nem haja vazamento do áudio das chamadas.

“Para falar sobre prevenção ao suicídio, a pessoa precisa saber realmente do que está falando. A informação e a acolhida têm que ser dentro das prerrogativas do CVV, com grande responsabilidade”, enfatiza a representante da associação.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de outubro de 2024.