Nomeada ontem, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a professora Terezinha Domiciano se prepara para assumir o cargo de reitora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em um dos momentos mais significativos da história recente da instituição. O decreto, publicado no Diário Oficial da União (DOU), confirma o início do mandato no dia 12 de novembro deste ano. Com ele, a retomada de uma tradição que havia sido interrompida: a nomeação do candidato mais votado pela comunidade universitária.
Na consulta pública realizada em abril deste ano, Terezinha Domiciano conquistou 67,95% dos votos, superando o professor Lucídio Cabral (25,37%) e o atual reitor, Valdiney Gouveia (6,67%), que tentava a reeleição. Com a vitória garantida nas urnas, restava apenas a confirmação de Brasília para que ela assumisse o comando da UFPB pelos próximos quatro anos. Agora, com tudo oficializado, Terezinha e a sua companheira de chapa, a vice-reitora Mônica Nóbrega, entram em cena, prometendo uma nova fase para a universidade, focada nas demandas reais da comunidade acadêmica.
Titular do Departamento de Ciência Animal no Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA), em Bananeiras, Terezinha traz, na bagagem, experiências acadêmicas e administrativas significativas. Dentro da UFPB, atuou nas áreas de pesquisa, extensão e gestão, em cargos de chefia, assessoria de pesquisa e coordenação de projetos institucionais. Na diretoria do CCHSA, foi vice-diretora e diretora por dois mandatos.
“Simbolicamente, estamos muito alegres, não somente eu e a professora Mônica, mas toda a comunidade, tanto interna quanto externa à universidade. Temos recebido votos de sucesso de várias instituições pelo Brasil afora, pelo tamanho da UFPB, pelo que ela representa e pelo que ela passou, em 2020”, observou a futura reitora.
A professora Mônica Nóbrega tem experiência em Linguística Aplicada e em Psicanálise Lacaniana, com forte atuação no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), em João Pessoa, do qual já foi diretora.
Democracia
Com o decreto assinado por Lula e pelo ministro da Educação, Camilo Santana, a universidade volta a ver o candidato mais votado ser nomeado reitor, em consonância com a vontade expressa pela maioria. Algo que não aconteceu em 2020, quando a gestão de Jair Bolsonaro oficializou Valdiney Gouveia como reitor, mesmo sendo o menos votado entre os três concorrentes. Vale lembrar que, naquele ano, a dupla de professoras havia sido eleita pela comunidade universitária. “Foi a primeira vez que isso aconteceu na UFPB e nós esperamos que seja a última”, ressaltou a professora.
Futuro
As expectativas sobre a nova gestão são altas. Terezinha já deixou claro que está pronta para enfrentar os desafios que vêm pela frente, especialmente, no que se refere à “situação de abandono em que se encontra a universidade”. Sobre esse ponto, a professora destacou quatro eixos nos quais a sua gestão se concentrará: “Vamos focar na melhoria da qualidade acadêmica, um eixo fundamental, com atenção aos indicadores na área do ensino, na pesquisa, na extensão e na internacionalização. Também daremos atenção à inclusão, em aspectos que vão da acessibilidade até as condições de permanência dos alunos dentro da instituição. Outro eixo mira na infraestrutura — de laboratórios, salas de aula, setores administrativos, restaurante universitário, residência universitária e espaços de convivência. E, por fim, mas não menos importante, a sustentabilidade da universidade, tanto ambiental e social quanto financeira”, ressaltou.
Para a professora, há muito a ser feito para colocar a UFPB de volta ao rumo certo, com autonomia e respeito ao processo democrático interno. Sua missão será equilibrar a urgência por inovação acadêmica com a preservação da qualidade de ensino e de pesquisa. A comunidade acadêmica, por sua vez, espera uma reitora que ouça e mantenha o diálogo aberto, com inclusão e empatia. “Os estudantes, professores e servidores podem esperar muito diálogo, escuta e acolhimento, pois é isso que vamos oferecer. Sempre respeitando as decisões coletivas, o estatuto da universidade e, sobretudo, as opiniões divergentes da nossa”, concluiu.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de outubro de 2024.