A alta das chuvas, nos últimos meses, e o aumento no volume dos reservatórios de água contribuíram para a redução das áreas de seca na Paraíba. De acordo com o último boletim do Monitor de Secas, referente a março deste ano, 25,2% do território paraibano estão em condição de seca fraca, o que abrange 94 municípios. A mudança é em relação a fevereiro, quando uma área maior, equivalente a 79,18% do estado, enfrentava estágios de seca fraca (abrangendo 127 municípios) a moderada (52 municípios).
Nesse intervalo, notou-se um recuo da seca fraca no centro-norte do Cariri e Curimataú bem como no norte do Sertão, enquanto, no oeste do Sertão e no sul do Cariri, a situação de seca moderada foi atenuada, passando à categoria de seca fraca. Os dados de precipitação pluviométrica, levantados pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), ajudam a explicar essa redução. Entre janeiro e março de 2024, as regiões observadas apresentaram alta nos índices de chuva, se comparados à média projetada para esse período. No Cariri e no Curimataú, monitorados em conjunto, choveu 56,1% a mais que o esperado, enquanto, no Sertão, as precipitações superaram a expectativa em 34,8%.
A meteorologista da Aesa, Marle Bandeira, esclarece que a elaboração dos dados do Monitor de Secas leva em conta a realidade específica de cada região. “Como existem regimes de chuvas diferentes, você não pode fazer essa média comparando todo o estado, porque vai mascarar. No ano todo, por exemplo, chove quase dois mil milímetros no Litoral, já no Cariri chove de 300 a 400 milímetros”, afirma. Ela também ressalta que o impacto dos efeitos da seca no estado, como déficits hídricos e diminuição nos plantios, são de curto prazo, podendo-se notar modificações gradativas nos próximos levantamentos.
Outros fatores
Outro fator que colabora para a redução das áreas de seca é a melhora na condição dos reservatórios de água no estado. Ainda segundo a Aesa, havia, em março, 10 açudes sangrando e 85 em situação de normalidade, o que representa uma parcela de 70,4% dos reservatórios paraibanos. Já o volume de água acumulado é de cerca de 57%, segundo a técnica de geoprocessamento e recursos hídricos da Aesa, Jana Yres Barbosa.
“Na Paraíba como um todo, as bacias hidrográficas estão em pleno momento de recuperação da sua condição hídrica, haja vista os déficits dos anos anteriores, com prolongadas estiagens. Então, o momento é bem satisfatório”, declara.
Jana Yres Barbosa comenta ainda a importância do monitoramento das áreas de seca para a definição de políticas públicas em setores da economia, como a produção agrícola. “A Aesa, em parceria com outros órgãos, como o próprio Monitor de Secas, divulga todo mês um boletim, que vai para as autoridades locais, para as prefeituras. Com isso, existe uma tomada de decisão, para que haja uma segurança no uso da água pela agricultura e para garantir melhorias para a população”, esclarece a técnica da Aesa.
Categorias
A seca fraca e a seca moderada são as duas categorias de severidade mais leves, entre as cinco listadas pelo Monitor de Secas. Na primeira condição, os impactos mais comuns são uma estiagem de curto prazo, com a diminuição do plantio e do crescimento de culturas ou pastagens e alguns déficits hídricos prolongados. Já o estágio moderado é caracterizado por maiores danos às culturas e pastagens e por níveis baixos em córregos, reservatórios ou poços.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de abril de 2024