Notícias

suspeito de homicídio

Preso, vereador passa por audiência de custódia

publicado: 17/10/2025 08h32, última modificação: 20/10/2025 09h35
Wagner de Bebé foi detido enquanto registrava B.O. por tentativa de assassinato
wagner-scaled.jpg

Político figura como réu em outro processo, referente a uma tentativa de homicídio em 2016; julgamento está marcado para o próximo mês | Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Santa Rita

por Joel Cavalcanti*

O vereador Wagner Lucindo de Souza, conhecido como Wagner de Bebé — segundo vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa —, deverá passar por audiência de custódia na manhã de hoje. Ele está preso desde a manhã de ontem, em cumprimento a um mandado de prisão temporária relativo a um homicídio ocorrido na última segunda-feira (13), no bairro de Bebelândia, conforme a Polícia Civil da Paraíba (PCPB). A prisão ocorreu enquanto o parlamentar registrava um Boletim de Ocorrência (B.O.) devido a uma suposta tentativa de homicídio sofrida por ele, na última sexta-feira (10).

A ação incluiu ordens de busca e apreensão no gabinete de Wagner, na residência e no veículo que ele utilizava. No carro, foram encontradas uma pistola calibre 380 e um revólver calibre 38, além de 61 munições. A autoridade policial lavrou auto de prisão em flagrante. A investigação é conduzida pela Delegacia de Homicídios, com apoio operacional da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).

De acordo com o delegado André Macêdo, o mandado foi expedido para “robustecer ainda mais as investigações” sobre o homicídio em Bebelândia. “A vítima foi Luiz Felipe, que, no domingo, recebeu uma ameaça e um atentado. As informações que chegaram à delegacia apontaram alguns nomes, entre eles, o do vereador”, afirmou Macêdo.

A defesa, representada pelo criminalista Luiz Pereira, informou que, ao comparecer para registrar a denúncia sobre a tentativa de homicídio sofrida por seu cliente, os agentes constataram a existência do mandado já expedido e cumpriram a prisão. “O vereador sofreu disparos enquanto, salvo engano, fazia a entrega de uma cesta básica, mas conseguiu fugir sem ser atingido”.

O advogado contou, ainda, que o vereador, a princípio, não queria registrar a ocorrência “para não transformar o episódio em um fato político”, mas acabou sendo convencido pela defesa a prestar queixa, para que o caso fosse investigado. Segundo ele, Wagner tentou, por duas vezes, encontrar o delegado responsável, mas não conseguiu ser atendido.

Há, no entanto, divergência sobre a propriedade do veículo e das armas: a polícia diz que o carro era do vereador; a defesa afirma que o automóvel e os armamentos não pertencem a Wagner, e que ainda não teve acesso ao inquérito que teria vinculado o nome do parlamentar ao homicídio.

O vereador foi conduzido para a Central de Polícia Civil em João Pessoa. Conforme o desfecho da audiência de custódia, a defesa vai requerer a concessão de prisão em local especializado, alegando risco à integridade do cliente.

Réu na Justiça

O presidente da Câmara Municipal de Santa Rita, Epitácio Viturino, manifestou surpresa e tristeza pela prisão. “Pelo que a gente conhece o vereador, é uma pessoa boa. O pai dele foi vereador por mais de cinco mandatos, todo mundo conhece Wagner em Santa Rita. Ele teve uma votação de mais de mil votos, é um rapaz conhecido por toda a comunidade. [Wagner] já fez denúncias sobre ameaças que estava recebendo na cidade”.

O vereador também figura como réu em outro processo por tentativa de homicídio, ocorrida em 2016, cujo julgamento está marcado para novembro. A investigação sobre o homicídio desta semana continua em andamento; as autoridades da Delegacia de Homicídios disseram que novos detalhes serão divulgados, à medida que o inquérito avance. Há relatos de que o vereador tem histórico de ansiedade e claustrofobia, quadro que aumenta a preocupação da defesa quanto à segurança e ao bem-estar dele, enquanto estiver preso.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de Outubro de 2025.