por Alexsandra Tavares*
Os principais rios que cortam a área urbana de João Pessoa estão poluídos e em situação crítica. Esse quadro desolador foi divulgado ontem, Dia Mundial da Água, durante o evento “Uma vivência ecovoluntária nas águas da Bica”, realizado no Parque Zoo Arruda Câmara, que reuniu estudantes, representantes de instituições de ensino superior, de órgãos municipais e estaduais, como a Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa (Semam-JP) e a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema).
“As principais bacias que cortam a área urbana da capital são as dos rios Cabelo, Cuiá, Jaguaribe e Sanhauá, e praticamente todos eles têm impacto ambiental negativo e são os mais críticos”, declarou Yuri Araújo, chefe da Divisão de Pesquisa da Diretoria de Estudo e Pesquisas Ambientais (Diep), órgão técnico da Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa (Semam-JP).
Após realizar a análise da água desses corpos hídricos, observando parâmetros macroscópicos como a presença de material flutuante, óleo, espuma e deposição de resíduo sólido, a equipe da Diep pôde concluir a situação desses cursos de água. “É crítica”, frisou Yuri.
Ele declarou que os rios situados próximos ao centro da cidade, onde há maior densidade populacional, sofrem mais fortemente ações de degradação, como desmatamento da mata ciliar, deposição de resíduos sólidos e lançamento de esgotos residenciais e domésticos. Já os corpos hídricos localizados na zona rural, ou em áreas afastadas do centro urbano, como Barra de Gramame, apresentam melhor qualidade da água.
Para minimizar o processo de poluição das áreas verdes e bacias hídricas, Yuri afirmou que são realizados trabalhos de educação ambiental nas comunidades, ações de limpeza, intensificação da fiscalização e o plantio da mata ciliar.
Entre as formas de combater a degradação e restaurar algumas áreas naturais, o secretário da Semam-JP, Welison Silveira citou o projeto Nascente Viva, que tem o objetivo de recuperar as nascentes dos rios e que foi lançado recentemente pelo governador João Azevêdo.
Uma das técnicas utilizadas para manter a qualidade da água é a biorremediação, que já está sendo implementada no Parque Sólon de Lucena (Lagoa), de forma experimental. “A biorremediação é um sistema artesanal de produção de biomantas que possibilita a proliferação de algas que ajuda na oxigenação da água. E isso traz maior transparência, melhor filtração e qualidade da água”, destacou. Após a fase experimental, o uso da técnica será ampliado.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de março de 2022