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Quintais produtivos mudam a vida de mulheres agricultoras

publicado: 10/03/2018 20h05, última modificação: 10/03/2018 20h53
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As três produtoras rurais, junto com a Adnete e Valdirene, se mostraram felizes com o apoio do Governo do Estado - Foto: Evandro Pereira

tags: quintais produtivos , mulheres , mudança de vida , experiência


Cardoso Filho

O governo do estado está desenvolvendo um programa que está mudando a qualidade de vida das mulheres agricultoras: o Projeto Quintais Produtivos. Que somente em 2017 já implantou cerca de 1.450 ações beneficiando familiares residentes nas zonas rurais. Esta semana, no Palácio da Redenção, o governador Ricardo Coutinho (PSB) entregou a três produtoras rurais kits contendo mudas diversificadas de fruticulturas e hortaliças.

O Projeto Quintais Produtivos é um sistema que permite conciliar a produção agrícola com a criação de pequenos animais, melhorado consideravelmente a vida e a renda de centenas de famílias agricultoras assistidas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), unidade da Gestão Unificada (Emepa/Interpa/Emater), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário e Pesca (Sedap).

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Extensão Social da Emater, Zilda Abrantes, os quintais produtivos têm mudado a vida numa dimensão muito significante porque as produtoras rurais têm um espaço ocioso nos arredores da casa que geralmente são trabalhados pelas mulheres. Após a implantação do projeto, essas mulheres passaram a assumir, a se apoderar dessa atividade, começando a cultivar essa produção diversificada, melhorando a geração de renda da família com a inclusão no mercado de trabalho, frequentando feiras da agricultura familiar e vendendo o excedente.

Ela contou que em Gurinhém, após a implantação do projeto, uma mulher assumiu o trabalho, em um hectare de terra, porque o marido trabalhava na construção civil em João Pessoa e o filho estudava. Depois de alcançar seu objetivo, a mulher trouxe o marido de volta para a agricultura e, com isso, já compraram mais um hectare de terra, diversificaram toda a produção e já têm criação de pequenos animais, além das frutíferas e das hortaliças.

As mulheres podem acessar as políticas públicas do governo na área da agricultura familiar e participar do crédito rotativo, que permite a produção diversificada de frutas e de hortaliças e, dependendo da vocação da família, a criação de pequenos animais. “O projeto vai implantar essa atividade e ajudar na aquisição de animais, na aquisição de caprino, ovino ou suíno, aumentando a atividade do Quintais Produtivos, aumentando a renda e a melhoria da qualidade de vida da família”, comemora Zilda Abrantes.

Segundo ela, o Projeto Quintais Produtivos tem por objetivo criar espaço nos arredores das casas das famílias rurais, permitindo aos produtores cultivarem uma produção diversificada com frutíferas, hortaliças e criação de pequenos animais, “oferecendo melhoria da qualidade de vida das famílias através da segurança alimentar e nutricional”, esclarece.

Kits dão oportunidade

As três agricultoras que receberam kit em solenidade no Palácio da Redenção residem na zona rural do município de Rio Tinto, Litoral Norte da estado. Uma delas reside na aldeia indígena Jaraguá. Antônia de Lima, moradora da aldeia indígena, disse que o projeto é muito importante para fortalecer a mulher na plantação e conseguir mais coisas “para nossa família, nossa casa”. Casada, mãe de um filho, disse que faz 25 anos que trabalha na agricultura, mas somente agora está tendo oportunidade de ampliar suas plantações. O marido também trabalha na agricultura, mas exercendo outra atividade.

Ela acrescentou que tem apenas meio hectare de terra na aldeia e acredita, com a ajuda do governo do estado, através da Emater, que vai aumentar a plantação, pois plantar as mudas que ganhou na solenidade seria a primeira coisa a fazer quando chegasse na aldeia. Maria da Conceição de Alexandria, moradora do Sítio Caranguejeira, enfatizou que as agricultoras só têm a agradecer ao governo do estado, através da Emater. Ela acrescentou que é importante essa parceria, porque está apoiando o desenvolvimento da agricultura no campo, que já era feito, mas não tinha a qualidade, o incentivo e o apoio do Quintais Produtivos. “É importante a gente lembrar a participação do sindicato nesse projeto”, salientou.

Conceição Alexandria é casada e mãe de três filhos e fez questão de dizer que o governo do estado está fortalecendo os agricultores com esse tipo de projeto. “E nós só temos que agradecer a esse pessoal”. Enquanto o marido trabalha no cultivo da cana, ela produz, nos 7,5 hectares, plantas medicinais, inhame, macaxeira, vários tipos de frutas, hortaliça, criação de carneiro e galinha. Outra produtora rural beneficiada foi Joana Maria da Silva, residente no Sitio Areia Branca. “Isso que o governo está fazendo é maravilhoso para nossas famílias, pois melhora e aumenta nossa renda”.

Enquanto Joana trabalha em casa com a ajuda do filho de 22 anos, na plantação de hortaliça, batata, macaxeira, feijão, maracujá e mamão, o marido presta serviço a uma usina de cana-de-açúcar. “Tudo que nós plantamos é para consumo de casa e também para comercialização’, disse, demonstrando alegria. Adnete Freire é extensionista da Emater em Rio Tinto. Ela disse que o objetivo do órgão com as extensionistas é oferecer assistência técnica a toda a população de agricultores, inclusive as mulheres que trabalham em Quintais Produtivos com a missão de assessorá-las tanto na implantação quanto na manutenção do projeto. “Estamos sempre visitando, orientando e conversando com elas para que se agrupem e fortaleçam as mulheres”.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Tinto, Valdirene Maria dos Santos Rosas, vê o projeto como mais uma porta que se abre para que as mulheres possam se sentir cada vez mais valorizadas e essa é uma oportunidade para que elas possam implementar a renda da família. “A associação acompanha incentivando as mulheres, a cada dia, a enxergar aquilo que é de direito seu e também para ela poder valorizar a família junto daquele trabalho”.

Sistema de irrigação artesanal

A irrigação com a garrafa pet é um sistema que visa reduzir o uso de água e que está sendo utilizado cada vez mais por agricultores familiares nas suas plantações de hortaliças e frutíferas, quintais produtivos, seguindo a orientação técnica. Trata-se de um sistema artesanal já usado em outras regiões do país, que se mostra eficiente, econômico e de fácil manuseio. Esse sistema de irrigação por gotejamento umedece as plantas de forma lenta, mas contínua e controlada, de forma a garantir economia de água, sendo essa algumas de suas vantagens. A garrafa pet está sendo usada por agricultores familiares para a irrigação de suas plantações de hortaliças e frutíferas, com a orientação técnica da Emater-PB.

Como funciona

Para preparar o sistema é necessário abrir um furo na tampa ou no fundo da garrafa, dependendo da forma como deve ser colocada para a rega. Quanto mais largo o furo, maior a quantidade de água que será liberada. Também deve ser feita uma abertura para a entrada de ar e para facilitar o gotejamento. Recomenda-se que, antes de ser utilizada, a garrafa pet seja lavada e a tampa bem fechada. Pode ser fixada com arame em um piquete de madeira ou no próprio tronco da árvore. Esse sistema rústico e eficaz de irrigação não precisa do uso de energia.

Além da economia de água, o sistema de irrigação por gotejamento traz eficiência na adubação, reutilização da garrafa plástica, manutenção por longo prazo da umidade e ajuda na preservação do meio ambiente. Além do abastecimento manual, José Marinho ressaltou que o provimento das garrafas pode acontecer de maneira prática e automática. Para tanto, é preciso colocar um reservatório com uma capacidade armazenadora superior ao volume de todas as garrafas distribuídas na área, em uma posição mais elevada, de maneira que o reabastecimento possa ocorrer automaticamente.