Os estudantes do Ensino Médio entraram na reta final de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sejam revisões, aulões, simulados, eles aproveitam todas as oportunidades que possam contribuir para assimilar melhor os conteúdos e rever o que foi passado em sala de aula. Tensão, ansiedade e até um pouco de medo são sentimentos que se misturam nesse momento, mas eles garantem que a busca pelo equilíbrio é o que vai ajudar a ter um bom resultado nos dias de provas.
Stephany de Almeida, 19 anos, é aluna do terceiro ano do Ensino Médio na Escola Cidadã Integral Estadual de Ensino Fundamental e Médio Papa Paulo VI. Ela vai fazer o Enem pela primeira vez, pensando em uma vaga no curso de Medicina Veterinária, e conta que esse momento está sendo bastante eufórico.
“Não fiz nos outros anos, então, agora vai ser para valer. Estou muito animada porque é a hora de definir o meu futuro. Acredito que vou conseguir um bom resultado porque tenho prestado muita atenção nas aulas. Infelizmente, não tenho tempo para estudar à tarde porque estou fazendo um estágio de trabalho quando saio da escola. Porém, estou dando o meu máximo nas aulas e absorvendo o máximo que consigo”.
Para não perder tempo, a rotina de estudos em casa é intensa. Quando chega do trabalho, ela procura ver alguns vídeos, mas como nem sempre consegue, está focando mais no que aprende na escola, prestando muita atenção no conteúdo que os professores passam. “Como em casa está sendo mais difícil, tento relaxar minha mente para, no outro dia, absorver mais”, conta.
A aluna também se reúne com outras pessoas que vão fazer a prova. O que os primos estudam, passam para ela e todos se ajudam nessa preparação, cada um com suas expectativas e sem perder os momentos de lazer. “Sou uma pessoa muito ansiosa e, se eu não separar esse tempo para a diversão, acabo perdendo tudo. Então, foco também em relaxar a mente para conseguir absorver os conteúdos. Os professores também ajudam e a escola tem oferecido aulões, o que ajuda muito, mas cada aluno também tem que fazer a sua parte”.
Huanda Julya Avelino Leandro, 17 anos, está concluindo o Ensino Médio na mesma instituição de ensino e é candidata a uma vaga no curso de Medicina. Sua rotina de estudos também tem sido intensa. Diferente da colega Stephany, ela não trabalha e, por isso, assiste aos aulões na escola no período da tarde. Em casa, faz revisões das 20h às 22h30, e prioriza responder questões para se adaptar ao formato do Enem, e revisar assuntos antigos, já que os conteúdos do terceiro ano estão sendo vistos na escola, sem contar com as revisões.
“No final de semana, aproveito para assistir alguns vídeos, já que a correria é menor. Nesse último mês, que é a reta final para as provas, tenho deixado o lazer um pouco de lado, até porque a concorrência para o curso que quero fazer é muito grande”. Ela aproveita ainda para ver aulões gratuitos na internet e realiza simulados. As duas alunas garantem que as famílias dão apoio no que podem nessa preparação.
Administrar o tempo e a constância de estudos
O estudante do segundo ano do Ensino Médio Kauan Matheus Carneiro Lourenço é aluno do segundo ano do Ensino Médio na ECIT Papa Paulo VI e fez o Enem na 1a série. Ele conta que sua rotina diária de estudos tem sido bastante equilibrada e garante que ter feito a prova no ano passado ajuda a diminuir o nervosismo. O aluno ainda não decidiu a carreira que vai seguir, mas a tendência é que seja na área de Humanas. Direito é uma grande possibilidade, mas, enquanto não decide, ele explica como tem estudado para garantir um bom resultado.
"É melhor manter a constância do que a quantidade. Prefiro estudar até 1h30 todo dia do que ter um grande tempo de estudo" --- Kauan Matheus
“O que sempre ouvimos quando entramos na escola, principalmente, no Ensino Médio, é que é melhor manter a constância do que a quantidade. Então, eu prefiro estudar entre uma hora e uma hora e meia todos os dias do que fazer um grande tempo de estudo e ficar muito espaçado. Sempre procuro manter essa constância. Com isso, tenho meus momentos de lazer sem atrapalhar os estudos e ainda consigo absorver os conteúdos de forma bem mais fácil”.
Para estudar, ele procura fazer tópicos e mapas mentais, e lembra que em sua primeira experiência no Enem, conseguiu 650 pontos na Redação. Não é uma nota tão alta, mas por ter sido a primeira vez, foi boa. E a média geral também foi superior a 600. “Foi muito bom em relação à experiência, aprender sobre as regras porque é muito diferente do que fazer uma prova normal, inclusive o estilo, o método, o tempo”, observa.
Na escola, Kauan lembra que o coordenador pedagógico e o coordenador de áreas fizeram, no início do ano, dois simulados do Enem. Foi um simulado geral no primeiro bimestre durante uma manhã, das 7h às 12h, um provão com 90 questões, redação, com avaliador, no mesmo modelo do Enem. No terceiro bimestre, foram dois dias, um para Linguagens e Humanas e outro para Exatas, envolvendo as turmas do primeiro, segundo e terceiro anos.
“Agora eu já vou mais tranquilo. Da minha turma, só eu já fiz, mas conversei com os colegas que é fundamental essa experiência porque, na próxima, será menos tenso. Esse ano, vou fazer sem aquele nervosismo”. Kauan diz que conversou com os colegas mostrando que o Enem não é um bicho de sete cabeças.
A dica dele é estudar, ter constância e saber administrar o tempo, já que a prova é longa e exaustiva. Outro ponto é não perder tempo. “Se pegarmos as 90 questões e dividirmos o tempo, temos três minutos para responder cada uma. Ano passado, eu pequei nisso. Engalhei numa questão e fiquei preso nela, mas aprendi que, se não conseguir fazer aquela, devo passar para a próxima, até porque há questões que conseguimos resolver em 30 segundos. Assim, ganho tempo”, ensina.
Professora dá dicas para o aluno se dar bem
A professora de Linguagens Natália Braga, que leciona na ECIT Papa Paulo VI, explica que, na reta final para o Enem, a principal dica é não se desesperar. “Eles agora estão muito ansiosos, sobretudo, porque o Enem já é na próxima semana. A prova de redação desperta muito nervosismo e eles começaram a entrar numa onda de desespero. Então, a primeira coisa que eu falo é que mantenham a calma. A ansiedade não ajuda a fazer uma boa prova. Pelo contrário, só atrapalha”.
Confiar em si mesmo é o primeiro passo para ter um bom resultado e o que foi aprendido ao longo do ano está na cabeça de cada um e aquele conhecimento só vai ser acessado na hora da prova. Ela lembra que é preciso confiar, inclusive, porque essa não é a única chance na vida. “Muitos estudantes depositam na prova do Enem a única oportunidade que eles têm para o futuro e não é. Esta é uma delas”.
Segundo ela, é preciso manter a calma, sabendo que se preparou, que estudou e que o conhecimento está ali e, na hora, o aluno só precisa acessá-lo. Para estudar em casa, ela orienta fazer um cronograma e focar nas disciplinas em que encontram mais dificuldade. Se é em Exatas, devem separar um momento do dia para fazer exercícios, questões anteriores do Enem porque essas provas seguem um padrão em todos os exames. “É preciso procurar os conteúdos que são mais cobrados na prova do Enem e focar em resolução de exercícios. Nessa reta final, não adianta tentar aprender o que não foi aprendido ao longo do ano. A dica é fazer revisão, resolver exercícios e provas anteriores”.
Se Liga no Enem
De 30 de outubro a 3 de novembro, acontecem lives de revisão em Humanas, Linguagens e Redação; e de 6 a 10 de novembro, o foco muda para Natureza e Matemática. O Se Liga no Enem, da Secretaria de Estado da Educação da Paraíba (SEE-PB), está realizando durante o mês ações em formato virtual. O projeto foi lançado pelo Governo do Estado em 2019 e tem como objetivo auxiliar estudantes matriculados na 3a série do Ensino Médio e egressos da Rede Estadual da Paraíba na preparação para o Enem. Foram 45 mil estudantes beneficiados, dos quais quase 20 mil ingressaram nas universidades de todo o país.
Em 2022, 63% dos estudantes da rede pública estadual aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) participaram das atividades, somando mais de 440 aprovações em 1o lugar e 327 redações de excelência, com nota maior ou igual a 900 pontos. Na edição de 2023, foram oferecidas 12.600 vagas, distribuídas nas 14 GREs, para a modalidade remota. O programa tem mais de 5.500 estudantes ativos matriculados.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 29 de outubro de 2023.