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Doença ocular atinge milhões de pessoas em todo o mundo provocando, em muitos casos, lesões irreversíveis

Saúde: Glaucoma pode levar à cegueira

publicado: 27/06/2022 08h50, última modificação: 27/06/2022 08h53
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Foto: Pick Free

por Ítalo de Arruda*

O glaucoma é uma doença caracterizada pelo aumento da pressão intraocular, que, além de provocar lesões no nervo óptico e gerar alterações visuais, pode levar à cegueira se não for devidamente tratado. Em alguns casos, a evolução é silenciosa e assintomática, sem vestígios de incômodo ou dor, o que exige uma maior atenção do paciente. Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que mais de 60 milhões de pessoas no mundo são consideradas glaucomatosas, sendo mais de um milhão no Brasil.

De acordo com o médico oftalmologista, professor titular de oftalmologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e membro emérito da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), Osvaldo Travassos de Medeiros, a principal causa do glaucoma é um desequilíbrio físico entre o volume de produção e a drenagem de um líquido filtrado do sangue, denominado humor aquoso, que circula no interior do olho. “Esse líquido deve ser drenado e escoado em idêntico volume ao de sua fabricação. Quando a fabricação do humor aquoso é maior ao da drenagem, faz aumentar a pressão no interior do olho”, explica.

Ainda segundo Travassos, outras situações são responsáveis pela gênese da doença, indo desde fatores hereditários até os de natureza adquirida, secundários a outras doenças oculares. Além disso, na fase inicial, geralmente, não há sintomas. “É aí que está o perigo, porque um paciente pode estar com sua pressão intraocular elevada, e só mais tarde apresentar danos visuais já irreversíveis”. No glaucoma de quadro agudo, por exemplo, a pressão intraocular ganha níveis muito elevados, diz o oftalmologista, “o que ocasiona fortes dores e exige, imediatamente, um tratamento, sob risco da perda da visão”, acrescenta.

Alguns estudos científicos também mostram que o surgimento do glaucoma é mais comum em pessoas com idade acima dos 40 anos, no entanto, há casos confirmados em pessoas mais jovens. Osvaldo Travassos afirma que a doença ocular pode ocorrer, também, de forma congênita, isto é, desde o nascimento.

Prevenção e tratamento

A principal forma de prevenção, segundo o médico, é o exame oftalmológico, sobretudo, após os 40 anos e nos casos em que há histórico da doença na família. “O oftalmologista dispõe de aparelhagem específica para o diagnóstico da doença, bem como de vários métodos de exames que caracterizam o tipo do glaucoma e dão a medida exata para um controle pleno da doença”, frisa Osvaldo Travassos.

Já com relação ao tratamento, além das intervenções cirúrgicas, para os casos mais graves da doença, o glaucoma pode ser tratado através de medicamentos, como colírios hipotensores, e de algumas técnicas que utilizam raios lasers. “A tecnologia tem contribuído muito para o tratamento do paciente glaucomatoso”, reforça o oftalmologista, reconhecendo que, mesmo, assim, os colírios continuam sendo usados e, raramente, há a necessidade de tratamento cirúrgico.

Atendimento público

O Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), no campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, atende, em média, 260 pacientes com suspeitas de glaucoma por mês, com realização de exames específicos e complementares, além de cirurgias e acompanhamento médico. A informação é da oftalmologista e preceptora do Setor de Glaucoma da Residência Médica em Oftalmologia do HULW, Sílvia Cândido Pereira Almeida.

Segundo ela, os pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Paraíba têm direito aos serviços do hospital, que é referência na prevenção e tratamento de doenças oculares. Para ter acesso, no entanto, é necessário que o paciente seja encaminhado pela Secretaria de Saúde do município onde reside.

“Feito esse trâmite, ele é direcionado para o Ambulatório Geral de Oftalmologia e, conforme o diagnóstico, é encaminhado para o ambulatório especializado em glaucoma”, esclarece.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de junho de 2022.