Os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) iniciaram uma greve na manhã de ontem. Entre as reivindicações dos profissionais estão reposição salarial da categoria e a promoção de adequações e melhorias no Plano de Carreira dos Cargos Técnico - Administrativos em Educação – (PPCTAE). Profissionais se reuniram no Centro de Vivência do Campus I, na capital paraibana, para discutir a respeito da paralisação das atividades.
Rachel Souza, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (Sintespb), explicou que o grande propósito da greve é a viabilização do avanço da educação brasileira através dos investimentos. “O nosso principal objetivo é a qualidade da educação no Brasil, gratuita para todos. E uma das formas de valorização da educação que nós acreditamos é a destes profissionais que desenvolvem todo o processo educacional”, disse ela.
“Nossa principal pauta, além da qualidade da educação, é a reestruturação do nosso Plano de Carreira. Ele foi instituído pela Lei 11.091 de 2005, que completará, aproximadamente, 20 anos, e segue sem atualização. Além disso, estamos reivindicando a reposição salarial devido à inflação. Nós estimamos, aproximadamente, 32% de perdas salariais em decorrência dela. Nós também estamos reivindicando do Governo a revogação de instruções normativas e decretos dos governos anteriores que prejudicam substancialmente toda a nossa categoria”. Ainda de acordo com a coordenadora, a categoria de servidores técnico-administrativos em educação compreende, aproximadamente, 220 mil profissionais em todo o Brasil.
CUT-PB
O representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PB), Marcos Henriques, esteve presente e destacou a importância do esforço conjunto em prol da causa. “Os trabalhadores não conseguem nada de graça; eles precisam se mobilizar, e a pauta do Servidor Público Federal, que para muitos é problema, é importante. O servidor público federal precisa ser respeitado, ter um salário digno e ter a sua progressão na sua carreira. É por isso que a CUT está aqui, para assumir esse compromisso de estar junto com os trabalhadores nessa luta que está apenas começando”.
O nosso principal objetivo é a qualidade da educação no Brasil, gratuita para todos. E uma das formas de valorização da educação que nós acreditamos é a destes profissionais que desenvolvem todo o processo educacional -- Rachel Souza
O professor de Biologia da UFPB, Márcio Silva, disse que uma greve unificada pode ter força para conseguir as reivindicações dos trabalhadores. “Essas reivindicações são, principalmente, reajustes salariais, mas inclui a reestruturação da carreira, o refinanciamento da educação e das universidades, no nosso caso, também da pesquisa que é bastante importante. Então, a gente acredita que é uma greve unificada, que pode dar resultado mais forte”, destacou o professor.
Segundo ele, uma das razões pelas quais as universidades públicas ainda se mantêm como as principais instituições de educação, de pesquisa e de extensão no Brasil, é a valorização dos seus profissionais. “Então, a universidade pública, que já vem sofrendo com uma perda de orçamento muito grande, ainda mantém o seu corpo docente, o de técnico-administrativos de muita qualidade. Esse é um dos propósitos que temos, a manutenção da luta pela universidade pública”, salientou Márcio Silva.
Decisão não afeta Restaurante Universitário
A greve de servidores não impacta a comunidade acadêmica, sobretudo as atividades do Restaurante Universitário, já que este é terceirizado. “O funcionamento do Restaurante segue, normalmente, com o seu atendimento das refeições de café da manhã, almoço e jantar, sem nenhum impacto, inicialmente, em circunstância da greve, porque todas as aulas vão seguir; então, enquanto está tendo aula normal, no período regular, o restaurante continua funcionando em todas as suas refeições”, esclareceu Daniela Karla Vasconcelos, superintendente dos Restaurantes Universitários (SRU) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Os alunos que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica podem realizar as refeições, gratuitamente, a partir dos editais da Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante, a Prape. Já os estudantes que não se enquadram nesse perfil de vulnerabilidade, têm acesso ao realizar o pagamento do valor de R$ 14,40, custo integral do almoço, à empresa responsável.
Nota
Em nota, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) informou que “o movimento da categoria é legítimo, está respaldado na legalidade. (...) Além disso, o exercício do direito de greve e as diretrizes inerentes não dependem da UFPB, mas, respectivamente, da categoria, representada por seu sindicato, e do Governo Federal”.
Trabalhadores de CG pedem reestruturação salarial
por Maria Beatriz*
Ontem, no auditório do Centro de Humanidades da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), o Sindicato dos Servidores Técnicos Administrativos (Sintesuf) da instituição entrou em acordo para início de uma greve por tempo indeterminado. O indicativo de greve realizado de forma híbrida contou com a participação de mais de 100 servidores da universidade que reivindicam uma reestruturação salarial e uma reforma no plano de carreira da categoria.
Na ocasião, o Presidente do Sintesuf, Mário Victor, pediu para os servidores não temerem porque a briga ia ser longa, mas os resultados serão positivos. “Se nós ficarmos de braços cruzados, não vamos conseguir nada. Questão de corte de ponto, é depois da greve que se resolve. Agora é hora da gente se mobilizar. Campina Grande e UFCG diz sim à greve, vamos à luta, sem medo”, declarou Mário.
Muitos dos servidores presentes no indicativo recearam aderir à greve devido a questão do ponto eletrônico, uma vez que poderiam ser prejudicados por isso.
A servidora Maria José Gomes achou a decisão precipitada. “Não houve uma greve aqui que eu não estivesse à frente, mas greve se constrói.
Diante de todos os riscos que a gente corre, eu acho precipitado esse movimento grevista por tempo indeterminado. Poderia sim fazer uma paralização de 72 horas ou até mesmo um mês, mas por tempo indeterminado eu acho complicado. Sou completamente contrária. Não à greve, mas à essa greve, nesse momento”, afirmou Maria José Gomes.
Apesar de algumas opiniões contrárias, a decisão final da maioria foi a de aderir à greve. O sindicato afirma que há cinco anos esperam por mudanças e que 48 universidades ao redor do Brasil já aderiram ao movimento e a UFCG seguirá pelo mesmo caminho.
Mário Victor ainda comunicou que o próximo passo será uma reunião com o reitor Antônio Fernandes, e os diretores dos centros.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de março de 2024.