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Greve do inss

Servidores se mobilizam na capital

publicado: 17/07/2024 08h56, última modificação: 17/07/2024 08h56
Negociação com Ministério da Gestão, na tarde de ontem, não contemplou categoria, que segue paralisada
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Cerca de 30% dos serviços continuam sendo prestados por meio do aplicativo Meu INSS | Foto: Leonardo Ariel

por Samantha Pimentel*

O primeiro dia da greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi marcado por mobilização da categoria, em João Pessoa. Os servidores se reuniram em frente à gerência executiva do órgão, no Centro da capital paraibana, para a colocação de faixas e conversar com a população. Durante a tarde, em Brasília, houve uma rodada de negociação entre representantes do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), do INSS e de entidades que articulam o movimento em nível nacional. A greve, porém, continua, pois a categoria não se sentiu contemplada.

Segundo Sérgio Fonseca, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Previdência e Trabalho do Estado da Paraíba (SindsprevPB) e servidor do INSS, o Governo Federal apresentou, na tarde de ontem, uma proposta de aumento salarial de 9%, em 2025, e de 9%, em 2026 — na reunião anterior, os índices eram 9% e 5%, respectivamente. Também propôs a criação de um comitê gestor para, em seis meses, reestruturar a carreira dos servidores. Contudo, ele disse que essa solução vem atrasada, já que o comitê teria sido prometido desde a greve de 2015. “Mais importante do que aumento no índice, seria a reestruturação da carreira do técnico”, ressaltou.

Além da colocação de faixas, os servidores em greve também estavam em frente ao prédio do instituto, para dialogar com a população que tivesse interesse em conhecer as demandas da categoria e entender as motivações da greve. Fonseca disse que a greve foi deflagrada depois de várias tentativas de diálogo com o Governo Federal. “No entanto, como todas as reivindicações foram negadas, a última opção foi a paralisação dos trabalhos”, acrescentou. 

"Somente nós fazemos o trabalho que desenvolvemos aqui, que é a aposentadoria do regime geral de previdência"
- Sérgio Fonseca

Fonseca também explicou que o INSS possui um sistema de atendimento que é, em parte, automatizado por inteligência artificial. Com isso, cerca de 30% dos serviços continuam por meio do aplicativo Meu INSS. “Se a pessoa estiver com o cadastro em dia, quando der entrada no benefício, sairá automático. Mas, como 70% dos cadastros não estão organizados, porque dificilmente um trabalhador brasileiro tem o cadastro perfeito, essa atualização tem que ser feita por um servidor. No momento da greve, esse serviço vai ficar parado”, destacou.

Sendo assim, cerca de 70% dos atendimentos devem ser paralisados com a greve, o que vai atrasar a concessão de benefícios. Ele também disse que o comando de greve deve fazer reuniões diárias, para avaliar o andamento do movimento grevista e planejar atos e ações de divulgação de suas demandas com a população.

Na Paraíba, o INSS possui 331 servidores e 80 estagiários. Segundo Fonseca, a expectativa é que a adesão à greve cresça, nos próximos dias. “A gente começa timidamente e depois o pessoal vai se engajando”, observou. Ainda segundo informações do SindsprevPB, cerca de 40% dos servidores estão em trabalho remoto, e muitos desses paralisaram as atividades. Além disso, com a divulgação da greve, muita gente deixou de ir às agências, em busca de atendimento.

Reivindicações

Entre as reivindicações da categoria para a deflagração de greve, estão reajuste salarial, melhores condições de trabalho e mudanças na estrutura de carreira. “Primeiro, a reposição das perdas salariais, do governo Temer ao que se seguiu. Houve inflação crescente, nessa época, mas não tivemos a reposição devida. A segunda exigência é organizar a nossa remuneração, porque ela é composta de vencimento básico mais gratificação, e o vencimento básico é menor do que o salário mínimo. A gente precisa resolver essa distorção”, destacou.

A categoria requer ainda que o cargo técnico do seguro social seja convertido em cargo de nível superior, pois, segundo o sindicato, o trabalho que é feito equivale ao de um analista de nível superior, porém com menor remuneração. Além disso, solicita que a carreira seja típica do Estado — ou seja, que exerce atribuições relacionadas à expressão do poder do Estado, sem correspondência no setor privado. “Somente nós fazemos o trabalho que desenvolvemos aqui, que é a aposentadoria do regime geral de previdência”, enfatizou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de junho de 2024.