Uma organização criminosa é acusada de fraudar concursos públicos na Paraíba e em outros estados brasileiros. A Polícia Federal (PF), com o apoio do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, deflagrou, ontem, a Operação Última Fase, com o objetivo de desarticular esse grupo. Um dos investigados de liderar o esquema foi preso preventivamente no município de Patos, no Sertão paraibano, e ainda foram cumpridos dois mandados judiciais de busca e apreensão no estado, sendo um em Patos e outro em João Pessoa.
No total, a Operação Última Fase executou três ordens de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão, abrangendo também cinco cidades de Pernambuco — Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Araripina — e duas de Alagoas — Maceió e Marechal Deodoro. A capital pernambucana concentrou a maior quantidade de mandados cumpridos: dois de prisão preventiva e dois de busca e apreensão.
Além disso, contando com o apoio do Ministério Público Federal (MPF) na Paraíba, a força-tarefa efetivou diversas medidas cautelares contra os alvos, que foram excluídos de processos seletivos, afastados dos cargos públicos já ocupados e que tiveram bens sequestrados.
As investigações, iniciadas a partir de uma denúncia anônima recebida pela Polícia Federal, apontam para um esquema sofisticado, que atuava principalmente com base na cidade de Patos e teria fraudado certames de alta concorrência, como o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) do ano passado, para o cargo de auditor fiscal do Trabalho (AFT), além de seleções para a PF, as polícias civis de Pernambuco (PCPE) e de Alagoas (PCAL), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e até mesmo o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Conforme relatado pelo MPF, a organização obtinha as provas antes de sua aplicação, repassando fotos, gabaritos e até o texto da redação aos seus “clientes”, horas antes do início dos exames. Em diálogos interceptados pelos investigadores, pai e filha negociam a fraude para o cargo de AFT, mencionando valores de até R$ 500 mil e a necessidade de corromper vigilantes e de desativar câmeras. Outro método do grupo consistia em usar documentos falsos para que um de seus integrantes, mais preparado, realizasse a prova no lugar do candidato contratante.
De acordo com as autoridades, os membros da quadrilha poderão responder pelos crimes de fraude em certame de interesse público, lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsificação de documento. As apurações sobre o caso prosseguem para identificar todos os integrantes da organização e aqueles que contrataram os serviços ilícitos.
Em nota à imprensa, a PF informou que, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, vem ampliando mecanismos de fiscalização para garantir maior segurança, transparência e integridade nos processos seletivos realizados em todo o Brasil.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de Outubro de 2025.